A escola não é uma ilha. Inserida em um território, ela espelha a cultura local dentro das salas de aula e também influencia sua comunidade. A integração entre território e espaço escolar pode se dar de diversas formas e se transforma em processo educativo a partir do momento que propicia oportunidades de aprendizado para crianças e jovens.
Confira, a seguir, algumas experiências no Brasil têm conseguido reverter o cenário de isolamento da escola, garantindo uma educação significativa para seus estudantes.
Na escola rural EMEF Zeferino Lopes de Castro, em Viamão (RS), os alunos são estimulados a aplicar tecnologias digitais aprendidas nas aulas no cotidiano de suas casas: a fazenda. A rede municipal de Ipatinga (MG), por sua vez, convidou os alunos a mapearem o entorno de suas escolas em busca de oportunidades educativas. Já no Colégio Estadual de Correntina, localizado no município baiano de mesmo nome, a variante linguística da comunidade foi estudada nas aulas de Língua Portuguesa, dando origem a catalogação de termos como “azular”, “biscoitar” e “bucho quebrado”. Além de valorizarem saberes e, portanto, a identidade local, experiências como essas tornam os conteúdos escolares mais próximos do cotidiano dos alunos.
Para a socióloga Helena Singer, o uso do território como campo de pesquisa com base em diversas áreas do conhecimento, como geografia, língua portuguesa, história, entre outras, é a chave para um aprendizado mais significativo. “Isso permite que os alunos estudem na prática conceitos mais abstratos e complexos que os professores podem elaborar futuramente”.
Tal perspectiva também é essencial para que os alunos desenvolvam um senso de pertencimento. “A educação é um processo de crianças aprendendo a viver. E claro que elas precisam aprender a ler e escrever, ciências e literatura, mas elas também precisam aprender a ser cidadãs, a aprender como seu bairro se formou e qual a história da sua cidade”, explica o britânico Tim Gill, uma das maiores referências em infância, em entrevista ao Cidades Educadoras.
Para que isso ocorra, no entanto, a escola também deve se abrir como um espaço comunitário, oferecendo atividades culturais, debates, clubes, dentre outras oportunidades de participação. “Estudantes, professores e funcionários precisam se ver como parte de um coletivo e a escola precisa reconhecer que tem uma missão: ser uma instituição que faça sentido para todos”, explica Helena.
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