No marco de um dos eventos mais importantes no âmbito internacional da arte, a edição numero 57 da Bienal de Artes de Veneza, que tem como título VIVA ARTE VIVA, contempla a Espanha como um dos 85 países participantes.
Nesta ocasião, Jordi Colomer, que faz parte da geração que tem renovado as artes plásticas e visuais na Espanha e que destaca sua abordagem no campo da vídeo-instalação, foi o artista escolhido pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento como representante da Espanha na presente edição.
O artista desenvolveu o projeto ¡Únete! Join Us!, do qual o espectador poderá formar parte e cujos pontos de referência fundam-se em utopias urbanas que têm explorado o deslocamento como um modo radial de recriar o imaginário social.
Migrações, perambulações, viagens, extravio, deslocamentos são as palavras-chave de um pavilhão que tem como referência as utopias de cidades exploram o movimento como uma forma radical de pensar sobre o imaginário social.
Interpretada como uma continuidade de seus interesses iniciais na escultura e no teatro, a exposição de Jordi Colomer para o Pavilhão da Espanha é concebida como uma instalação de instalações. Esculturas precárias e arquiteturas transitórias compõem um teatro dentro do pavilhão que incorpora o público a medida que este adentra ao espaço, transformando os visitantes em atores.
As instalações oferecem um percurso a partir de uma variedade de ficções videográficas: encontros inesperados, improvisações lúdicas e gestos coletivos que revelam como uma comunidade transforma a paisagem urbana no espaço para o intercâmbio potencial capaz de afetar a realidade.
O curador da mostra, Manuel Segade, afirma:
A cidade é algo que necessita colocar-se em movimento (...) Uma paisagem urbana contemporânea representa um deslocamento e diversos temas que implicam movimento - seja político, social ou físico - ao mesmo tempo em que indica uma contaminação entre o público e o pessoal.
O ponto de partida dos vídeos é a ficção de um grupo que se traslada por diferentes pontos geográficos que compõem uma semântica do deslocamento: um autódromo abandonado, um refúgio de caravanas, espaços feridos pelo turismo no Mediterrâneo ou construções que imitaram exaustivamente outras anteriores por serem um cenário de artifícios que remetem ao imaginários dos limites da cidade: desde blocos de moradias da periferia até hotéis de praia fora da temporada. Estes cenários marcados pela pobreza de recursos são manipulados e acionados como indefinições de uma cidadania que se declara fronteiriça, móvel e instável.
No meio do caminho, entre o pavilhão portátil e uma carroça, uma barraca de cachorro-quente conecta os diferentes espaços percorridos para despertar uma Babel kafkiana, onde o movimento nômade é também uma comoção na linguagem, um deslocamento vernacular que declina e traduz os percursos desta comunidade desterritorializada. Como o espaço público em uma celebração social ou em uma manifestação, como o teatro de rua ou o espetáculo popular, os objetos e vídeos das instalações na exposição compõem uma sequência cinemática editada, um cenário imaginário onde assistir a representação de uma vida cotidiana que está por vir.
A Espanha sempre assumiu um papel de destaque dentro da história da Bienal de Veneza. Seu pavilhão nos Giardini foi desenhado em 1922 por Javier De Luque e renovado em 1952 por Joaquín Vaquero Palacios.
Desde 1950, o Ministério de Assuntos Exteriores e de Cooperação foi o responsável direto do Pavilhão da Espanha na Bienal; ao longo destes anos o órgão esforçou-se por promover o patrimônio artístico e talento espanhol. Ação Cultural Espanhola (AC/E) participou no apoio à criação contemporânea na Bienal de Veneza, tanto na produção do Pavilhão espanhol como na seleção internacional. Entre centenas de artistas convidados para exibir e intervir no pavilhão estão Chillida, Tapiès, Susana Solano, Santiago Sierra e, mais recentemente, Barceló, Dora García e Lara Almárcegui.