Imortalizados em fotografias, desenhos e histórias, edifícios que foram demolidos ou completamente reformados existem no domínio conhecido como "arquitetura perdida". Seja por razões econômicas ou estéticas, o antigo dá lugar ao novo, frequentemente para o desdém dos membros da comunidade e de arquitetos. Mas os edifícios antigos contam uma história sobre as políticas de preservação sempre em constante mudança - e frequentemente a contam muito melhor do que os edifícios ainda preservados poderiam contar. Como a paisagem arquitetônica continua a mudar em nosso redor, é importante reconhecer nosso passado, mesmo se seus traços foram eliminados do mundo físico.
Pennsylvania Station (1910 – 1963)
A demolição em 1963 da estação Pennsylvania Station da cidade de Nova York foi uma das mais contestadas da história. O edifício remete ao período das Belas Artes projetado em 1910 por McKim, Mead, e White, como uma estação de trens que proporcionava o primeiro ponto de entrada da cidade internacional para muitos visitantes. Tinha pés-direito bastante altos, colunas clássicas e granito rosa. Embora partes da infraestrutura subterrânea foi preservada, o exterior foi demolido para dar lugar ao Madison Square Garden e a Two Penn Plaza. A incursão internacional sem precedentes provocada pela demolição deu nova energia aos esforços de preservação arquitetônica na cidade. Apenas dois anos depois, uma lei chamada New York Landmarks Law foi aprovada, salvando muitos edifícios de um destino semelhante.
Edifício New York World (1890 – 1955)
No auge da influência dos jornais impressos, o foi erguido em 1890 para abrigar a publicação de mesmo nome. Projetado por George B. Post e encomendado pelo magnata dos jornais Joseph Pulitzer, o edifício se tornou o mais alto da cidade ultrapassando a altura da torre da Igreja Trinity Church. O edifício foi então demolido em 1955 para acomodar a nova rampa de acesso de veículos para a Brooklyn Bridge. O remanescente mais icônico deste edifício é uma janela de vidro fosco projetada por Otto Heinigke que está atualmente exposta na Escola de Jornalismo da Columbia University.
Teatro de Dança dos Países Baixos (1987 – 2015)
O primeiro grande projeto de Rem Koolhaas e seu escritório OMA em 1987, o Teatro de Dança Holandês na cidade de Haia foi o testemunho de sua abordagem de projeto imaginativo. O elemento mais notável talvez fosse sua inovação estrutural da cobertura curva e da acústica do auditório Construído por 8 milhões de dólares, o projeto também foi louvado por sua frugalidade, embora suas qualidades que o permitiram ser tão barato finalmente levaram à insatisfação pública e sua demolição em 2015. O terreno onde o edifício pós-moderno ocupava logo dará lugar a uma nova instalação cultural com um complexo de artes performáticas.
Edifício Call (1898–)
Embora não completamente demolido, o Edifício Call construído em 1898 em São Francisco passou por grandes reformas em suas fachadas nos anos 1930 que o deixaram irreconhecível. Sua ornamentação distinta como os frisos decorativos e janelas com arcos foram substituídos em favor de uma torre de concreto sem adornos. Até mesmo o domo em sua cobertura foi removido. A reforma de readequação do edifício, originalmente projetado por James e Merritt Reid, foi realizado em um esforço de modernizar o edifício para o século XX.
Laboratórios Jorba (1970 – 1999)
Comumente conhecido como “A Pagoda” graças às suas similaridades visuais com a forma clássica asiática, os Laboratórios Jorba foram um exemplo dos princípios de projetos racionalistas de Miguel Fisac. Projetado nos anos 1970 e localizado nos arredores de Madri, o campus ficou conhecido por sua torre que apresentava pavimentos quadrados deslocados. A sobreposição criou um edifício que tinha múltiplas leituras dependendo da qualidade da luz. Em 1999, empreiteiros decidiram que seria mais de seu interesse econômico erguer um edifício maior no local e o edifício original foi demolido. O público comoventemente se manifestou em defesa do edifício, notável por obra tão contemporânea, o que não foi suficiente para mudar seu destino.
Casas Vanderbilt (1870s – 1920s)
Algo dos exemplos mais superiores de ‘arquitetura de Belas Artes’ eram as famosas residências da família Vanderbilt localizadas na Quinta Avenida de Nova York. Nos anos 1870, a família encomendou a arquitetos como Richard Morris Hunt para projetarem estas enormes mansões. À medida que a Era Dourada surgiu e se acabou, muitas casas da Belle Époque foram demolidas para dar lugar à edifícios comerciais e arranhacéus presentes na Quinta Avenida de hoje.
Prentice Women's Hospital (1975 – 2013)
O Hospital de Mulhetes de Prentice, projetado em 1975 por Bertrand Goldberg em Chicago foi um momento inovador tanto por sua tecnologia estrutural como pela arquitetura do cuidado de pacientes. A torre de nove pavimentos toda em concreto, se projetava por grandes balanços por sobre uma base de cinco pavimentos, que abrigava os programas de cirurgia e de pesquisa do edifício. o Hospital respondia ao plano de Goldberg sociologicamente inspirado em ter uma estação central de enfermagem que proporcionaria acesso facilitado para os quartos de pacientes irradiados do centro. No entanto, após o pedido da Universidade Northwestern para um novo laboratório biomédico para o terreno e após um longo debate público, a torre foi finalmente demolida em 2013.
Teatro Garrick (1891 – 1961)
Considerado uma das grandes obras de Dankmar Adler e Louis Sullivan, o Edifício do Teatro Garrick de 1891 (originalmente conhecido por Teatro Schiller) tinha um auditório com capacidade de 1300 pessoas e abrigava alguns dos eventos culturais mais importantes de Chicago. Um dos edifícios mais altos da cidade na época, o teatro foi também adornado com um estilo único de ornamentação que Sullivan foi pioneiro. Como o teatro ao vivo perdeu sua popularidade, o edifício foi reformado para sediar um cinema e mais tarde um estúdio televisivo. Apesar dos substanciais esforços públicos para sua preservação, o edifício foi demolido e substituído por um estacionamento em 1961.
Sutro Baths (1894 – 1964)
Localizado junto ao Oceano Pacífico próximo a São Francisco, o Sutro Baths de 1894 oferecia grandes instalações de natação aos habitantes da cidade. O fechamento de vidro que mantinha a Casa de Banho possuía 7 piscinas em diferentes temperaturas. Devido à problemas financeiros advindos da Grande Depressão. os proprietários procuraram outras opções de uso para o terreno, como um centro de patinação ou apartamentos em edifícios em altura, mas em 1964, o edifício foi destruído e o terreno foi deixado abandonado. As ruínas da Sutro Baths estão incluídas como parte das Áreas de Recreação do Parque da Golden Gate .
Instituto Imperial (1893 – 1957)
Inaugurado em 1893 pela Rainha Victoria em Londres, o Instituto Imperial foi construído para abrigar os bens de todo o império. Inaugurado no estilo Vitoriano tardio, o arquiteto Thomas Collcutt almejou criar um edifício que representasse a influência do país. Com o passar dos anos, o edifício se provou ineficiente e foi demolido em 1965 para dar lugar ao edifício do Instituto do Commonwealth (que abriga agora o Museu do Design) localizado em Londres. Hoje em dia, a torre principal do Instituto Imperial Imperial ainda sobrevive como parte do campus do Colégio Imperial de Londres.
Banco Erie County (1893 – 1968)
O Edifício do Erie County Savings Bank era um edifício romanesco de 1893 localizado em Buffalo, Nova York. O banco desenhado por George B. Post, tinha fachadas acabadas em granitos vermelhos e rosa. Mais notável característica do edifício era o envolvimento de Thomas Edison em suas instalações elétricas. Como parte de um projeto de reforma urbana de 1968, o edifício foi demolido e substituído pela Main Place Tower.
O Hotel Marlborough-Blenheim (1902 – 1978)
Localizado em Atlantic City, New Jersey, o Hotel Marlborough-Blenheim é lembrado como o primeiro hotel a utilizar o sistema de concreto armado de Hennebique em 1902. O Arquiteto Will Price teve como inspiração referências espanholas e mouras para o projeto do hotel e suas ornamentações. Embora sua porção da rotunda que se projetava para fora da calçada foi salva através de esforços de preservação, o resto foi derrubado em 1978.
Pruitt-Igoe (1954 – 1972)
Primeiro ocupado em 1954, Pruitt-Igoe era um complexo de habitação de interesse social composto de 33 edifícios projetados para acomodar um grande número de famílias de baixa renda em um ambiente saudável. Os edifícios de 11 pavimentos incluíam elementos projetados para interação da comunidade, como elevadores que apenas paravam a cada três pavimentos. Logo depois de sua inauguração, se tornou um sinônimo de degradação social, tensão racial e crime. Embora muitos apontem para a arquitetura como a origem de seus fracassos, outros culpam os problemas sistemáticos maiores, criando um ponto de partida para debates que tem definido arquitetura por décadas. A destruição destes edifícios em 1972, infamemente marcada como "o dia em que arquitetura moderna morreu" pelo historiador Charles Jencks, representou uma mudança nas atitudes culturais em relação à habitação social e arquitetura.
Palácio Monroe (1906 – 1976)
Projetado pelo arquiteto e engenheiro militar Coronel Francisco Marcelino de Sousa Aguiar para ser o Pavilhão do Brasil na Exposição Universal de 1904 em St Loius, Estados Unidos o Palácio Monroe teve sua estrutura desmontada e transportada para o Brasil após o evento. O edifício inaugurado em 1906 na Cinelândia do Rio de Janeiro também já abrigou o Congresso Nacional, o Senado Federal, Tribunal Superior Eleitoral e o Estado Maior das Forças Armadas. Além da inovadora estrutura metálica que o permitiu ser desmontado e remontado em solo brasileiro, o edifício era notável por seu estilo Eclético de influências francesas, repleto de obras de arte como as estátuas de anjos em bronze que adornavam a cúpula monumental, os leões em mármore Carrara da fachada e os grandes vitrais das janelas. Após a mudança da capital para Brasília, o Palácio entrou em decadência - uma campanha mobilizada pela imprensa e por alguns arquitetos modernistas, entre eles Lucio Costa, pedia a demolição do edifício sob alegações que não tinha valor histórico e arquitetônico e que prejudicava o trânsito. Esta campanha foi endossada pelos militares na figura do presidente Ernesto Geisel, que considerava que o edifício prejudicava a visão do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial do Aterro do Flamengo e em 1976, o edifício foi demolido para dar lugar um estacionamento subterrâneo com um chafariz monumental em sua superfície.