#donotsettle é um projeto online de vídeos criado por Wahyu Pratomo e Kris Provoost sobre arquitetura e a forma como ela é percebida pelos usuários. Após publicar uma série de vídeos no ArchDaily nos últimos dois anos, Pratomo e Provoost estão agora lançando uma coluna exclusiva, a "#donotsettle extra", que apresentará uma análise textual detalhada dos edifícios que visitam, acompanhada de alguns dos seus vídeos #donotsettle.
Depois de uma parada em Doha para visitar o Museu de Arte Islâmica de IM Pei, e uma espiada dentro do escritório do MVRDV em Roterdã, trazemos você a Xangai para a nossa terceira coluna #dondesettle Extra. Na semana passada, visitamos o primeiro projeto do OMA em Xangai, o Centro de Exposições de Lujiazui, e tivemos o privilégio de ter acesso a uma prévia do edifício antes de sua abertura ao público, a acontecer nos próximos meses. Confira!
Conectando cidade e rio
O edifício situa-se à beira do rio, mas também fica no limite da cidade. Ele faz a transição entre elementos que definem Xangai, uma cidade que expandiu suas fronteiras para ambos os lados do rio. Assim como acontece em muitas cidades, a margem do rio tornou-se um local delicado que requer atenção especial. As margens de rio são cheias de história e simbolismo, portanto arquitetos e urbanistas vivem apresentam vários conceitos de projeto, e em Xangai não é diferente. Devido ao forte desejo de criar uma continuidade nas margens do rio, construções tem acontecido a toda velocidade. Com um constante ruído de fundo de perfurações, pudemos visitar um dos edifícios mais distantes. Olhar ao redor despertou nossa curiosidade de como esse edifício se encaixará naquela antiga área de Xangai, agora em desenvolvimento. Este centro de exposições não é só uma edificação à beira do rio. Ele está trazendo visitantes para a cidade, e exibindo-a para eles.
Conectando passado e presente
Localizado onde já foi o grande Estaleiro de Xangai, o projeto usa a grande e suave inclinação como partido de projeto. Os espaços de eventos são construídos sobre a rampa existente e suas características são usadas para moldar a edificação ao redor: com a inclinação antiga se conectando com uma nova inclinação, descendo na direção oposta, o projeto conecta o passado com o presente. Portanto, apesar de ser um novo edifício, este projeto se insere e expande o portfólio de projetos de preservação do OMA.
Conectando espaços de evento
Misturando espaços internos com espaços ao ar livre, este projeto, que parece pequeno, apresenta muitas possibilidades em um envelope enxuto. Tal como acontece com muitos projetos da OMA, parece que o espaço entre a estrutura ao mesmo tempo forma e levanta o edifício. Ao usar a inclinação para elevar o principal espaço de eventos, uma série de espaços de eventos secundários são criados pelo volume fechado. Em baixo, adjacentes e conduzindo a esse espaço principal estão espaços que transformam uma única oportunidade em uma série de possibilidades: o espaço principal, ao ser elevado, cria a oportunidade de olhar para o rio; o espaço embaixo forma um espaço externo protegido; o espaço adjacente, na área inclinada, pode ser usado como um cinema ao ar livre se a fachada do volume principal for utilizada como tela de projeção. O espaço que conduz ao espaço principal forma um auditório. Com uma única intervenção arquitetônica, criaram-se uma série de espaços, tornando aqueles intermediários tão interessantes quanto a área principal projetada.
Conectando indústria e serviço
O edifício se destaca - e o enorme balanço garante isso. Mas mais do que o balanço, a aparência bruta do prédio,em contraste com as fachadas dos arranha-céus brilhantes e reluzentes em segundo plano, marca-o como algo diferente das edificações vizinhas. Ao mostrar a estrutura pesada, responsável por tornar possível um balanço desse tamanho, vai contra o que os arranha-céus fazem. Escondendo toda a estrutura e camuflando todo o equipamento técnico, o arranha-céu apresenta uma imagem ideal. Este edifício não faz isso - faz o contrário, na verdade. Escadas, elevadores e equipamentos mecânicos são visíveis, e isso se alinha com a função anterior do terreno. A indústria pesada uma vez dominou este lugar, antes de ser substituída pela indústria de serviços. Os homens de ternos tomaram o lugar dos homens de capacetes. Com esse edifício, um pouco dessa herança é mantida. É esse o modo do OMA manter um legado? (O edifício, no entanto, será usado principalmente por pessoas em ternos. Um pouco contraditório, não é?)
Conclusão
Tal como acontece com muitos dos edifícios da OMA, um enredo fica claro ao observar e dissecar o projeto em detalhe. Com um único gesto é criado uma história com subcapítulos. Vários espaços para eventos são criados, os quais beneficiarão tanto os usuários do edifício como os residentes da cidade. O local mostra muito potencial para se tornar um ponto importante no desenvolvimento da margem do rio. E nós gostamos do aspecto mais áspero do projeto, um estilo que está aparecendo cada vez mais na estrutura da cidade.
OMA, obrigado por nos receber antes da abertura do edifício!
Shanghai LuJiaZui Exhibition Centre / OMA
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