“Architectures Japonaises à Paris, 1867-2017”, inaugurada no Pavillon de l’Arsenalcom a presença do arquiteto Tadao Ando, com posterior conferência na série Paroles Contemporaines no Centre Georges-Pompidou, explora a importância do longo intercâmbio estabelecido entre Oriente e Ocidente, através de setenta projetos selecionados pelo arquiteto e urbanista Andreas Kofler, que se atrelam o aos acontecimentos atuais da capital francesa e do percurso histórico de consolidação do Le Grand Paris.
Alguns eventos ao longo de 2017 denotam uma intensa participação do Japão na vida parisiense: desde as "Paisagens japonesas" de Hiraga e Kudo, Chiharu Shiota ou Junzȯ Sakakura, ao mais recente evento “Architectures Japonaises à Paris, 1867-2017”, inaugurada no Pavillon de l’Arsenalcom a presença do arquiteto Tadao Ando, com posterior conferência na série Paroles Contemporaines no Centre Georges-Pompidou.
O arqstar não somente discorreu sobre sua obra em geral, mas explorou a importância do longo intercâmbio estabelecido entre Oriente e Ocidente na figura de Jean Prouvé e Charlotte Perriand / Le Corbusier, Kunio Maekawa e Junzȯ Sakakura. Sua mais nova obra na capital francesa, prevista para ser inaugurada em 2019, é a reestruturação da Bourse de Commerce próximo ao Forum des Halles, para abrigar a Coleção Pinault-Paris.
A mostra de arquitetura reforça essa via de mão dupla que existe desde a Era Meiji (1868-1912), especialmente com a criação de pavilhões temporários em várias exposições internacionais, e a adesão de intelectuais franceses como Roland Barthes e seu "Empire of Signs" (1983) ou Michel Foucault. Através de setenta projetos selecionados pelo arquiteto e urbanista Andreas Kofler, curador convidado, a exposição explora o filão narrativo à luz dos acontecimentos atuais da capital francesa e do percurso histórico de consolidação do Le Grand Paris. Vale ressaltar, que o prêmio principal do concurso Réinventer Paris foi o projeto “Mille Arbres” do arquiteto japonês Sou Fujimoto, mostrado por maquete na citada mostra e que o concurso segundo alguns teóricos, é o que há de mais atual no urbanismo contemporâneo.
O trajeto é enriquecido pelas excelentes maquetes com automatismo que permitem visualizar, não somente a inserção do objeto na cidade, mas a resolução das articulações entre interior e exterior. A sequência de 33 pequenas maquetes que exploram a relação entre vegetação e objeto arquitetônico, elaboradas para explicitar o desenvolvimento conceitual do projeto “Mille Arbres”, é em si uma grande aula de Projeto.
O curador escolheu elementos pouco conhecidos da historiografia, como as várias participações de arquitetos japoneses que não foram vencedoras e nem mesmo receberam destaques em grandes concursos em Paris: como os desenhos para o concurso do Centre Georges-Pompidou, La Défense, Forum des Halles, etc., iluminando uma história única e rica de reflexões entre as duas culturas. Além disso, estão expostas as construções efetivamente realizadas e/ou em produção, das quais perfazem – nada mais nada menos que – um número significativo de doze obras, inclusive a do arquiteto Tadao Ando e equipe, composta também pelo arquiteto especializado na conservação do patrimônio arquitetônico, Pierre-Antoine Gatier, pela agência NEM – Niney e Lucie Thibault Marca e pela Setec construção. O projeto proporciona uma renovação do espaço de exposição de aproximadamente três mil metros quadrados que pode ser utilizado de forma independente ou em conjunto, ampliando assim a capacidade expositiva total, além de vir reforçar a relação de François Pinault com o arquiteto japonês, iniciada no projeto do Palazzo Grassi, Punta della Dogana e do Teatrino em Veneza.
Adalberto Retto Júnior é professor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP - Bauru. Com doutorado na FAU USP e no Departamento de História do Istituto Universitario di Architettura di Venezia - IT.