Com mais de 70% da população mundial vivendo em cidades até 2050, a qualidade de vida e a saúde da população dependem das medidas tomadas hoje nos centros urbanos. Com o propósito de oferecer um instrumento para avaliação e formulação de políticas públicas no Brasil, o Observatório das Metrópoles desenvolveu o Índice de Bem-Estar Urbano dos Municípios Brasileiros (IBEU-Municipal). A ferramenta apresenta um levantamento inédito sobre as condições urbanas dos 5.570 municípios brasileiros, a partir da análise de dimensões como mobilidade, condições ambientais urbanas, condições habitacionais, atendimentos de serviços coletivos e infraestrutura.
O conceito de bem-estar usado pelo estudo “decorre da compreensão daquilo que a cidade deve propiciar às pessoas em termos de condições materiais de vida, a serem providas e utilizadas de forma coletiva”. O Brasil, segundo indica o trabalho, apresenta baixos índices principalmente de infraestrutura (pavimentação, calçamento, iluminação pública etc) e serviços coletivos (água, esgoto, energia e coleta de resíduos). Apenas 273 municípios brasileiros apresentam condições “muito boas” de bem-estar urbano, número que representa 4,9% do total. A maioria (92%) está concentrada na região Sudeste do – um no Espírito Santo, 39 em Minas Gerais e 211 em São Paulo. As cidades de Buritizal, Santa Salete e Taquaral, todas de São Paulo, ocupam as primeiras posições no ranking.
O IBEU-Municipal elaborou ainda um ranking entre as capitais brasileiras. Entre as 27, 12 delas apresentam condições “boas” de bem-estar urbano. No topo estão Vitória (ES), Goiânia (GO) e Curitiba (PR). Em primeiro lugar, a capital do Espírito Santo é a única que apresenta boas condições de infraestrutura urbana.
O atendimento dos serviços coletivos mostrou-se muito diverso no país. Há 1.307 municípios com níveis “muito bons”, 681 com níveis “bons”, 570 com níveis “médios”, 2.617 com níveis “ruins” e 390 com níveis “muito ruins” de bem-estar urbano referente aos serviços. “A maior parte das cidades apresenta condições ruins ou muito ruins, pois juntas ultrapassam 50%”, afirma o relatório. As capitais que apresentam as condições “muito boas” são: Vitória (ES), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).
Mobilidade Urbana
No quesito mobilidade urbana, o IBEU desenvolveu os dados com base no tempo de deslocamento casa-trabalho da população. O intervalo considerado pela pesquisa como adequado é de até uma hora por dia. Quase todos os municípios que apresentam condições “ruins” ou “muito ruins” de mobilidade urbana localizam-se em contextos metropolitanos do país – porém, ao contrário do que se poderia imaginar, são poucos: 61 e 13, respectivamente.
Grande parte das cidades – 5.388 – encontram-se em condições boas (12,1%) ou muito boas (84,7%) de mobilidade urbana. Das restantes, 103 apresentam condições médias de mobilidade. “A maioria dos municípios que não se situam em contextos metropolitanos apresentam condições boas ou muito boas, o que mostra que a questão da mobilidade urbana é uma questão metropolitana.” Entre as capitais, apenas nove estão em condições muito boas de mobilidade urbana: Boa Vista (RR), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Palmas (TO), Teresina (PI), Vitória, João Pessoa (PB), Porto Velho (RO) e Florianópolis (SC).
De acordo com o censo demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população urbana no Brasil corresponde a 84,4%, e uma parcela expressiva desse contingente reside nas principais regiões metropolitanas do país. Se as previsões se confirmarem, esse número tende a aumentar. Ainda que as condições urbanas tenham se mostrado piores nas regiões Norte e Nordeste e melhores nas regiões Sul e Sudeste, o Observatório das Metrópoles indica que as dificuldades encontradas em cada cidade ou região devem ser tratadas nacionalmente: “Esperamos que a divulgação dos resultados do IBEU-Municipal possa contribuir para a avaliação, o monitoramento e a elaboração de políticas urbanas nos municípios brasileiros, a partir da adoção de estratégias nacionais de desenvolvimento urbano”.
Via TheCityFix Brasil.