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Por uma arquitetura de luz, cor e experiências virtuais

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Este ensaio publicado pela Space Popular refere-se a uma instalação atualmente em exibição na Sto Werkstatt, em Londres. É possível experienciá-la em realidade virtual, aqui.

A Glass House não tinha outra finalidade além da estética. Destinava-se a ser puramente um espaço expositivo e uma bela fonte de ideias para a arquitetura "duradoura". De acordo com o poeta Paul Scheerbart, a quem a casa foi dedicada, ela deveria desiludir aquela compreensão mais restrita a respeito do espaço da arquitetura e introduzir os propósitos e as possibilidades que o vidro proporcionaria para o mundo da arquitetura.

Bruno Taut [acima] assim descreveu sua Glashaus para a Exposição Mundial de 1914 em Colônia, na Alemanha, como um "pequeno templo da beleza"; como "reflexos de luz cujas cores começam na base com um azul escuro e sobem passando pelo verde de musgo e dourado culminando, na parte superior, em um amarelo luminoso e pálido". [1] O Pavilhão de Vidro, projetado com base nos potenciais efeitos sobre aqueles que o percebem, deveria proporcionar intensas experiências. O espaço deveria ser criado dentro da mente humana.

Por uma arquitetura de luz, cor e experiências virtuais - Mais Imagens+ 10

"Nightflyer". Via Wikimedia Commons licensed under CC0 1.0 (Public Domain). Image Courtesy of Wenzel Hablik

A Glass Chain, também conhecida como "correspondência utópica", foi um grupo de correspondência entre os arquitetos alemães iniciado por Bruno Taut, importante teórico alemão durante a República de Weimar, e outros - incluindo Hermann Finsterlin, Wassily Luckhardt e Wenzel Hablik - eles elaboraram visões revolucionárias para o futuro da arquitetura através do uso da luz. Imaginavam edifícios tão belos e inspiradores que operariam mudanças sociais e políticas; Assim como a intrincada trama de uma rosácea gótica, que poderiam inspirar nossas mentes e elevar nossas almas aos reinos "celestiais", esses templos de vidro nos transportariam a um mundo de hiper transparência e brilho, a nova era das cores.

Ao longo do século 20, o vidro aplicado à construção civil revolucionou gradualmente a arquitetura e o ambiente construído. Representava, obviamente, um aspecto importante da estética modernista; Walter Gropius - um membro inativo da Glass Chain - forjou o caminho de sua arquitetura através de edifícios inovadores com a utilização de panos de vidro cada vez maiores e mais transparentes. Logo isso se tornaria a norma e o desejo para a arquitetura. A cor foi vilipendiada, ao lado da complexidade e da variação. E, no entanto, enquanto o movimento modernista não acreditava nos "pequenos templos de beleza", a cor e o vidro logo renasceriam com força através da televisão, dos monitores e, mais tarde, com os smartphones e tablets. Hoje, um mundo inteiro de luz e cores se desdobra diante de nossos olhos todos os dias através destas interfaces vítreas as quais ansiosamente observamos de hora em hora.

Atualmente, o vidro é a nossa conexão com o mundo virtual e, no entanto, como material de construção, muitas vezes é considerado o menos importante de todos. O vidro nunca é apenas vidro: é o que vemos através dele, o que reflete de volta para nós e o que ele contém. Para Sarah Williams Goldhagen:

Uma experiência difere inconscientemente da mera existência; Distingue-se pela sua qualidade unificadora, que permeia todas as suas características constitutivas e dá-lhes significado. Essa unidade persuasiva é produto da mente humana, através da qual tudo o que encontramos é filtrado e interpretado. [2]

À medida que a realidade virtual se aproxima da prática arquitetônica, os arquitetos se deparam com uma enorme demanda por projetos voltados para esta experiência virtual. Em um mundo em que a percepção é quase puramente visual - em que outras sensações são mentalmente fabricadas em resposta a estas imagens - a realidade virtual fornece um universo sem preocupação, onde a arquitetura não precisa nos proteger nem controlar a luz do dia. Seu objetivo é nos proporcionar experiências.

Neste mundo de infinitas possibilidades, os cenários mais próximos da realidade são aqueles que tendem a proporcionar as experiências mais poderosas. Da mesma forma como a coluna grega nos antigos templos buscava assemelhar-se ao tronco de uma árvore, esses novos universos se fortalecem através da semelhança. Da mesma forma que o nosso ambiente construído interferiu em nós, as novas formas de realidade nos influenciará tanto quanto a nossa capacidade de configurá-las. Sua arquitetura influenciará nosso comportamento, assim como nossas atividades e rotinas irão ditar como serão os espaços em torno delas. No entanto, o que vamos construir? Para quem? E para quê?

A realidade virtual apresenta uma questão de propósito e habilidade: não pede uma arquitetura que resolva problemas imediatos, mas que estimule, comunique e inspire. Solicita-se um projetista cuja capacidade vá além da construção e compreensão da cognição humana: fundamentada, incorporada e situada. Sendo a mente o espaço a ser construído, os idiomas e critérios de projeto seriam aplicáveis em todas as realidades, e construir estes mundos virtuais não significaria necessariamente uma desvantagem de para a sua versão "física". Com a experiência como propósito principal, as qualidades estéticas da arquitetura seriam apreciadas pela sua capacidade propositiva. 

The Glass Chain / Space Popular (Sto Werkstatt, London). Image © Space Popular

O potencial que Taut viu no vidro no passado, agora vamos no conceito e na tecnologia da realidade virtual. Desenvolvimentos tecnológicos recentes que permitem experiências com mundos paralelos em tempo real, marcam uma mudança de paradigma na arquitetura. Não é difícil argumentar que essa mudança se desenvolve paralelamente com o desenvolvimento das tecnologias de projeção e imagem, sendo de forma equivalente, tão transformadora como a "descoberta" da perspectiva. À medida que um novo território se materializa em nossa frente - onde a arquitetura assumirá o papel do conteúdo, um mundo onde nossos materiais de construção são leves e coloridos - o terreno de projeto será a mente humana.

Referências:
[1]
 Weston, R. Plans, Sections and Elevations: Key Buildings of the Twentieth Century. London: Laurence King Publishing (2004)
[2] Goldhagen, S. W. Welcome to Your World: How the Built Environment Shapes Our Lives. New York: Harper (2017)

Sobre este autor
Cita: Lara Lesmes, Fredrik Hellberg. "Por uma arquitetura de luz, cor e experiências virtuais" [Towards an Architecture of Light, Color, and Virtual Experiences] 28 Set 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Libardoni, Vinicius) Acessado 25 Mai 2025. <https://www.archdaily.com.br/br/880390/por-uma-arquitetura-de-luz-cor-e-experiencias-virtuais> ISSN 0719-8906

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