Além de seus vídeos, Wahyu Pratomo e Kris Provoost do #donotsettle, contam histórias sobre os projetos que visitam através de sua coluna exclusiva no ArchDaily: #donotsettle Extra. Nesta jornada, a dupla nos levará ao mais novo projeto do OMA nos Países Baixos, o Rijnstraat 8, na cidade de Haia. Saskia Simon e Kees van Casteren, do OMA, falaram sobre o projeto de arquitetura do Rijnstraat 8 para o #donotsettle durante a sua visita.
Abrigando uma variedade de instituições governamentais holandesas, as transformações espaciais deste projeto refletem diretamente as mudanças políticas e organizacionais ao longo do tempo. A partir da estrutura existente projetada pelo arquiteto Jan Hoogstad, o OMA transformou a experiência do espaço arquitetônico desde dentro.
O térreo
Uma vez que a forma e o volume do edifício permaneceram inalteradas, conforme o projeto original, as milhares de pessoas que passam em frente ao edifício podem não notar as profundas mudanças em seu interior. Uma das mais importante intervenções no projeto foi a abertura de uma ampla passagem pública no térreo que conecta a estação central de Haia ao centro da cidade - um caminho que muitas vezes pode criar um efeito de túnel de vento enquanto as pessoas passam por ele. Mas, ainda que seja um espaço de passagem, este corredor tenta promover uma relação entre os pedestres e o edifício, incluindo algumas áreas comerciais e paisagismo, sem impedir a necessidade de deslocamento rápido e fácil para aqueles que estão correndo para pegar o último trem.
O novo térreo, que busca interagir com muitas das atividades públicas do entorno (transporte, lojas, passagem e acesso), agora possui pé direito duplo e é muito mais transparente. As pessoas se movimentam livremente através deste espaço, fazendo com que o edifício pareça flutuar acima delas. Sobre a praça do térreo, os elementos da circulação vertical em amarelo brilhante, não podem deixar de ser fotografados por um instante. Infelizmente, esse é tudo que as pessoas podem ver sem uma permissão para entrar no edifício. Mas graças à visita guiada do OMA, pudemos ir um pouco além.
O entre
Ao olhar para a composição tectônica do edifício, a lógica programática dos seus espaços é facilmente reconhecível. Átrios, escritórios e salas de reuniões são definidos a partir do exterior como vazios, cheios e a "caixa preta", respectivamente.
Esta lógica de organização espacial também é claramente percebida a partir do interior. A espinha dorsal que conecta todos os componentes do edifício nos surpreende à medida que nos deslocamos do leste para oeste. Isto se deve ao fato que os seis diferentes átrios se transformaram na principal atração do edifício. Na fachada norte, os eles são configurados como espaços interiores e, no lado sul, exteriores. Cada um possui características próprias além de vistas diferentes para a cidade, o que, ao mesmo tempo, colabora com a orientação dos usuários no interior do edifício. O que faz com que o Rijnstraat 8 se destaque das demais torres de escritório é a existência desses espaços de transição, nem fora e tampouco dentro, mas "entre".
Além dos átrios, novas atraentes escadas foram embutidas para oferecer mais opções de deslocamento vertical entre os pavimentos, em locais onde antes não era possível fazê-lo. Elas foram planejadas para funcionar como atalhos, apesar de que acabaram se tornado a opção favorita de deslocamento dos funcionários, porque eles não só parecem descoladas, mas também proporcionam impressionantes perspectivas dos átrios.
A nova alma
Como um edifício de escritórios, o Rijnstraat 8 veio para romper com o paradigma do conservador espaço de trabalho. Composto por múltiplos espaços de pé direito duplo, áreas de trabalho flexíveis, zonas de convívio e salas de reuniões alegres. Ao contrário da fachada, a organização das salas no interior é bastante diversificada, o que se faz fundamental em um edifício tão maciço. Simplesmente, estas estratégias proporcionam motivos suficientes para que as pessoas queiram permanecer mais tempo no seu interior, serem mais produtivas e evitar o aborrecimento enquanto trabalham.
Curiosamente, removendo o revestimento da estrutura existente, alguns espaços foram recuperados e reincorporados ao layout original. Como resultado disso, algumas colunas parecem estar deslocadas, quando aparecem bem no meio de um corredor. Entretanto, isso não parece um erro de projeto, porque há clareza suficiente - é por isso que acreditamos que o projeto é excelente. Isso também deixa evidente que não se trata apenas de reprojetar o interior, mas sim recriar a experiência espacial como um todo.
Iluminação natural, transparência e abertura são palavras-chave que muitas pessoas recorrem quando se referem ao projeto do Rijnstraat 8. Mas não podemos esquecer que este é um espaço onde importantes pessoas do governo se reúnem e, portanto, deve ser extremamente seguro. Combinar estas duas características não é tão simples quanto parece. A maioria dos outros edifícios estatais são reclusos e configurados a parir de paredes sólidas e espessas. Mas o Rijnstraat 8 equilibra de forma magistral exposição e segurança.
Obrigado OMA pelo tour!
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