A exposição Utilidade Pública se debruça sobre arquiteturas que visam a transformação, a adequação e a qualificação do espaço urbano aos usos do cotidiano, junto a inúmeros outros agentes envolvidos na coprodução da cidade. Na articulação com outras disciplinas, saberes e experiências em alinhamento, ampliam-se as oportunidades para a ação do arquiteto, particularmente em resposta às demandas urgentes.
Ao discutir a utilidade pública da arquitetura, convidamos os arquitetos, urbanistas e técnicos da cidade a pensar uma atuação engajada com formas de experimentação, aberta a refletir sobre maneiras de colaboração na construção do espaço da cidade, repleto de processos permanentes de edição e transformação, próprios da natureza e do viver urbano.
Para tanto, enfocamos a discussão sobre formas de editar e transformar a cidade, por meio da realização do projeto em suas inúmeras frentes de ação. Busca-se lidar explicitamente com um arcabouço de instrumentos e ferramentas relacionados à escuta, observação, experiência, edição, uso, ocupação e desenho urbano, entre tantos outros.
Resultam práticas em formato de construção-teste, prototipagem, processos participativos, manual, manifesto, entre outros, cujo conteúdo com frequência é apresentado de formas que facilitam o compartilhamento. Ou ainda, cujo conteúdo propõe repensar modos de ação que possam, eventualmente, informar novos instrumentos urbanos de regulação e desenho, rascunhos de lei, ferramentas e modelos de observação, cartografia e mapeamento, modelos experimentais ou alternativos de gestão, entre outros.
Ao pensar a utilidade pública da arquitetura, situamos alguns desafios colocados por essa proposta. Importa reposicionar o arquiteto frente à coletividade e fomentar a tomada de consciência coletiva a partir da ação; valorizar as referências locais da arquitetura, das artes e da cultura histórica e popular do país; fomentar uma prática de projeto que aproxime o desenho ao lugar que ele propõe; dar visibilidade à atuação de grupos que lidam com questões relacionadas aos direitos humanos e sua relação com o espaço urbano; defender a valorização equânime dos diferentes saberes.
Finalmente, nos parece fundamental democratizar o acesso ao conhecimento de arquitetura e ampliar as formas de atuação do arquiteto a partir da colaboração com outras disciplinas e saberes.