Sendo um dos materiais mais utilizados em todo o mundo, os arquitetos estão acostumados a obter facilmente a madeira serrada. No entanto, pouco se sabe sobre seu processo de fabricação e todas as operações que determinam sua aparência, dimensões, tonalidades e outros aspectos relevantes.
A madeira utilizada para construção civil é extraída do corte de troncos de mais de 2000 espécies de árvores em todo o mundo, cada uma com diferentes densidades e níveis de umidade. Além desses fatores, a maneira como o tronco é cortado é determinante para estabelecer a funcionalidade e as características finais de cada tábua. Vamos rever os cortes mais usados.
Partes de um tronco
Um tronco é composto principalmente de fibras de celulose unidas por lignina. De fora para dentro, podemos identificar as seguintes partes:
- Córtex: é a casca, camada irregular composta de células mortas; protege as camadas internas.
- Câmbio: camada ao lado do córtex, onde são geradas novas células que aumentam o diâmetro do tronco ano após ano.
- Alburno: madeira jovem, mais clara e em formação, com muita água e pouca lignina.
- Cerne: madeira madura e escura, mais rígida e dura devido ao seu alto teor de lignina.
- Núcleo: parte central do tronco, muito rígida e coesa, sem umidade.
Ao classificar as madeiras de acordo com sua dureza para construir -macias ou duras-, é fundamental definir a proporção entre o alburno e o cerne dentro do tronco. As madeiras macias (provenientes de árvores de crescimento rápido) são mais baratas e mais fáceis de manusear, mas são menos resistentes, enquanto as madeiras duras (extraídas de árvores de crescimento lento) têm maior resistência, mas são mais caras e delicadas.
Os anéis de crescimento, que nos indicam horizontalmente a idade da árvore, e os raios medulares, que movem a seiva ao longo da árvore na direção vertical, também farão diferença na estética e nas características da tábua de madeira resultante.
Formas de serrar um tronco e seus resultados
Embora essas técnicas possam ser diferentes dependendo do uso requerido, há três cortes principais - Radial, Holandês e Paralelo - e uma série de variações que surgem deles:
Corte Radial (ou Rift Sawn)
Este corte é feito perpendicularmente aos anéis de crescimento. Mantém a veia visível e permite evitar empenamentos (deformações que dobram as bordas da tábua) ou fendas (rachaduras longitudinais), mas gera um maior desperdício de material.
Fibras Encontradas (ou Quarter Sawn)
Os cortes são feitos paralelos aos eixos do tronco, obtendo-se peças que não são propensas a empenamentos ou deformações, com um grande número de fibras aparentes.
Cortes Paralelos (ou Flat Sawn)
É um método amplamente utilizado, embora as peças resultantes não sejam da melhor qualidade, uma vez que a maioria inclui uma certa porcentagem de alburno e cerne. A peça central que coincide com o núcleo pode tender a quebrar, enquanto as peças seguintes são propensas a envergarem-se.
Fibras Paralelas
É semelhante ao sistema de 'Cortes Paralelos', mas neste caso são obtidas peças de menor seção, com menos possibilidades de envergamentos transversais.
Método Cantibay
Permite obter tábuas largas sem grandes desperdícios, eliminando o núcleo do tronco.
Corte Holandês
O tronco é cortado em quatro quartos para extrair pedaços de boa qualidade em termos de força e aparência.
Peça Integral
Neste caso, o tronco é utilizado em seu potencial máximo, eliminando a casca até obter uma única peça quadrangular.
Corte em Cruz
Este corte foca na obtenção de peças muito resistentes, totalmente inscritas no cerne do tronco. Do resto, pedaços menores são obtidos.
Corte intertravado
Cortam-se primeiro as tábuas correspondentes ao núcleo do tronco, obtendo-se do resto peças mais finas, mas bastante resistentes às deformações.
Deformações
Quando a madeira - inicialmente úmida - seca, ocorrem contrações diferentes dependendo do corte realizado e da disposição resultante dos anéis de crescimento. Embora isso varie nas diferentes espécies, a deformação é sempre maior na direção tangencial aos anéis, do que em seu sentido radial.
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Este artigo foi originalmente publicado em 14 de maio de 2018.