Por ocasião da recente edição do Workshop Social Latino-americano em Chucuito, Peru - XV TSL Puno -, o ArchDaily em Espanhol e o Coordenador Latino-americano de Estudantes de Arquitetura (CLEA) convidaram todos os alunos participantes do encontro a refletir sobre sua experiência pessoal em uma recente chamada de artigos. O texto originalmente intitulado "Construyendo Lazos" (Construindo Laços), de Indira Fernández e Diana Hernández, membros do Taller Puma, de Lucio Torres e estudantes da Universidade Veracruzana, no México, foi eleito como vencedor desta chamada.
Indira e Diana se concentraram no desafio que a TSL enfrentou em seus últimos anos: ela não é mais simplesmente uma oficina de construção, mas também uma instância para que futuros arquitetos exercitem diferentes metodologias de participação e integração cidadã no momento do projeto, o mesmo momento em que se discute os desafios e ameaças da chamada arquitetura social.
Fazer parte de uma equipe interessada em entender sentimentos, tradições e culturas torna-se muito reconfortante, mas por sua vez convida a questionar qual é o propósito de fazer arquitetura. O que poderíamos esperar de uma oficina social em um país diferente do nosso? O que se pode aprender em uma comunidade localizada a 3.870 metros acima do nível do mar? O que podemos contribuir como estudantes?
Para realizar uma intervenção e ter bons resultados, é essencial ter contato com as comunidades, sentir como elas, vê-las e tentar entender seu dia a dia. Se nosso objetivo faz parte dos 250 alunos que integram a equipe de trabalho do XV Workshop Social Latino-americano em gerar um impacto positivo através da intervenção de espaços arquitetônicos, então deve ser necessário trabalhar em equipe com a localidade e assim obter um intercâmbio cultural.
Não só os estudantes de arquitetura trabalharam, mas uma sinergia foi gerada com os especialistas da área e os habitantes de Chucuito e seus arredores, peça-chave para o desenvolvimento desta oficina. Sem dúvidas, a cultura andina é um exemplo claro de transcendência mundial ao longo da história: o povo de Chucuito compartilhou sua história e vida cotidiana, desde suas técnicas de cultivo até seus métodos construtivos, incluindo suas refeições, vestimentas, danças, rituais e atos religiosos.
Nas três oficinas ministradas - Cóndor, Puma e Serpiente - sempre foi levado em conta a importância do respeito ao meio social, cultural e natural, obtendo uma intervenção contemporânea em harmonia com o que já existe: na análise tipológica da comunidade, reiteração de certos elementos-chave na construção de suas casas, centros cerimoniais, espaços de recreação e marcos da cidade.
Assim, o objetivo da oficina foi a revalorização de rocha, argila, totora e madeira nas intervenções que realizamos, pois eram materiais locais e de fácil obtenção. Foi assim que criamos plataformas e elementos de uso flexível na restauração de uma capela datada de 1960: trabalhamos com adobe, restauramos vigas de madeira e criamos móveis públicos para as crianças da região.
A prática nos dá como lição saber como analisar e aplicar os diferentes processos que são realizados (ou devem ser realizados) antes e durante uma intervenção histórica deste tipo. E, embora o resultado nem sempre seja o esperado, é importante aprender com ele e retomar ao caminho certo. Assim, a troca desses conhecimentos locais e a formação acadêmica de estudantes de 15 países da América Latina serviram de base para formar uma sólida força que pode implementar mudanças importantes, fortalecendo as comunidades locais.
Esta experiência fortalece, sem dúvida, o sentimento de solidariedade com os problemas atuais que nós, latino-americanos, estudantes e futuros profissionais, enfrentamos. Isso agradavelmente marca nosso sentimento ao retornar a nosso país, o México, com uma percepção diferente do tipo de arquitetura que devemos exercitar.