Depois de quase cinco anos de projeto, recuperação de plásticos, reciclagem, angariação de fundos e colaboração intensiva, foi inaugurado o primeiro parque flutuante de plástico reciclado. O protótipo foi instalado no porto de Roterdã, o maior porto marítimo da Europa na segunda maior cidade holandesa.
Com 140m², o chamado “Recycled Park” comprova o potencial dos materiais descartados. No caso deste projeto, coube a fundação Recycled Island recolher os plásticos, durante um ano e meio, instalando “armadilhas” nos rios poluídos (que poderiam parar no mar).
A organização ambiental afirma que a tecnologia consegue capturar o lixos mesmo com tráfego de navios, mudanças de vento ou maré. E melhor ainda, pode ser implementada em qualquer lugar do mundo: portos, rios e fozes dos rios.
“Quando recuperamos os plásticos diretamente em nossas cidades e portos, evitamos ativamente o crescimento adicional da “sopa de plástico” em nossos mares e oceanos. Roterdã pode servir de exemplo para as cidades portuárias em todos os lugares do mundo. A construção dos blocos de construção em plástico reciclado é um passo importante em direção a um rio livre de lixo”, afirma o arquiteto Ramon Knoester, fundador da Fundação Recycled Island.
Antes chegar ao mar
Uma pesquisa encomendada pelo Ministério Holandês de Infraestrutura e Meio Ambiente afirmou que mais de mil metros cúbicos de resíduos plásticos são transportados todos os anos pelo Rio Meuse e pelo Mar do Norte. Os plásticos são provenientes de aterros, agricultura, esgoto e navegação interna e chegam ao mar pelo despejo, lixo e escoamento
Os resíduos usados nesse projeto foram captados no rio Meuse (rio Mosa), que nasce na França, passa pela Bélgica e Países Baixos, e vai em direção ao mar do Norte. A ideia é justamente impedir que tais componentes cheguem ao mar, onde o problema ganha dimensões incontroláveis.
Para criar as plataformas, o plástico coletado foi para a Universidade de Wageningen (na Holanda), que lidera a pesquisa sobre técnicas eficazes de reciclagem. E outras universidades holandesas, incluindo TU Delft e Universidade de Roterdã, ajudaram a desenvolver os blocos hexagonais interligados, que posteriormente foram ancorados no piso do porto holandês.
Função ecológica
Além de contribuir para a redução do lixo aquático, as estruturas também ajudam as plantas a se desenvolverem. Acima e abaixo das plataformas a vegetação pode tomar conta e criar um ecossistema sadio -, inclusive com espécies marinhas. Isso é favorecido pela forma dos blocos de construção em forma de hexágono, onde pássaros, peixes e microrganismos podem encontrar alimento, terreno fértil e abrigo. O espaço é um abrigo ideal para pequenos bichos que podem se desenvolver ali antes de entrar nas águas mais profundas.
Via Ciclo Vivo.