Há dezessete anos o mundo assistia a um dos maiores e mais trágicos eventos da história:o “ataque de 11 de Setembro de 2001”, deixando aproximadamente 3 mil mortos e mais de 6 mil feridos. Outros diversos ataques já haviam ocorrido e continuam acontecendo em diversas cidades pelo mundo. Por tratarem-se de eventos surpresa e pulverizados no território, mas que geralmente ocorrem em espaços públicos com multidões, ações diversas tem sido realizadas para impedir os ataques, isso tem desafiado potências e organizações centradas em estratégias de segurança.
Na China, por exemplo, já são mais de 200 milhões de câmeras de reconhecimento facial espalhadas por todo o país somadas a investimentos em tecnologia avançada para a vigilância e monitoramento do “passo a passo” de cada cidadão, conformando um enorme banco de dados controlado pelo governo. A tecnologia é tão eficaz que permite inclusive reconhecer aqueles que não estão cadastrados no sistema e através de simples imagens captadas em segundos, que consegue traçar a idade, altura e peso do pedestre em questão.
No que diz respeito à arquitetura enquanto objeto, projetos têm assumido novas direções em estratégias projetuais, como é o caso de hospitais em Israel. Decorrente do cenário de instabilidade política territorial que já dura décadas, o país tem construído hospitais bunkers. Com estruturas abaixo do nível do solo e longe dos ataques, um antigo estacionamento foi recentemente transformado no maior hospital subterrâneo do mundo. Localizado em Haifa, terceira maior cidade de Israel e vítima de intensos ataques, a medida tomada pareceu cabível à proteção dos pacientes. Vale lembrar que em 2006, quando Israel entrou em conflito com Hezbollah, Haifa foi atingida por mísseis e o maior hospital local teve o atendimento comprometido. Como medida, instalações foram fortificadas e construído o novo hospital subterrâneo a 20 metros de profundidade e capacidade para 2 mil pessoas que entre as instalações, há ainda uma sala de controle às autoridades.
Países europeus também tem instituído medidas antiterroristas e novos elementos remodelando os espaços públicos, como pilaretes, floreiras e iluminação em zonas de maior afluência turística e de moradores, de forma que as simples medidas afastem possíveis condutores de tais ações e reduzam o impacto de possíveis atropelamentos ou atentados de morte. Cidades como Paris, Berlim e Londres, líderes em visitação turística na Europa, também tem se deparado no desafio por instituir medidas preventivas e anti-atentados, garantindo a segurança da população, consequentemente ocasionando mudanças na paisagem pública urbana.
Em Paris, recentemente a área envolvente do térreo da icônica Torre Eiffel foi cercada por um muro de vidro anti-balístico que teve custo de € 20 milhões.A blindagem com 6,5 centímetros de espessura e 3 metros de altura, tem por objetivo proteger os visitantes e monumento de possível ataque armado. Junto ao vidro, cercas de ferro e blocos de concreto também foram instalados, fortificando-a. Vale salientar que desde os ataques terroristas de novembro de 2015, a capital francesa vem remodelando bruscamente as áreas públicas, de grandes peças de concreto à evitar o ataque por automóveis a extensas linhas de gradis.
Na capital britânica algumas medidas são parecidas às anteriores - de grandes peças de concreto bordeando grandes avenidas e áreas de permanência pública a reforços em gradis. O governo também tem investido em maior número de ônibus e redes de transporte público térreo, uma vez que após ataques ao metrô, muitos moradores e turistas têm optado por sistemas de transporte alternativos.
Em Berlim medidas nos espaços físicos da cidade têm dividido a população e alterado o relacionamento entre pedestre e o espaço. Obstáculos no trânsito, barreiras de concreto ou elementos estrategicamente posicionados a fim de evitar o ataque por carros ou armas vêm sendo adotados em áreas de grande aglomeração.
A questão central que paira sobre a problemática constitui-se entre proteger e limitar o uso dos espaços públicos. Mais do que os danos sociais e físicos causados pelos ataques, o medo de um novo evento é o que move todas essas ações de segurança. E é por isso que tanto tem se gastado energia e recursos, alterando espaços públicos e turísticos.
Referências Bibliográficas:
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