Chiquitectos é um projeto espanhol "lúdico e educativo" que procura despertar o interesse das crianças e jovens pela arquitetura, o entorno, pela cidade e pelo desenvolvimento sustentável. "Queremos contribuir para a criação de cidadãos participativos e responsáveis por suas próprias decisões, capazes de agir para mudar o estado das coisas", afirma a equipe liderada pela arquiteta Almudena de Benito.
Em seus escritórios, brincar livremente com todos os tipos de materiais físicos e digitais é entendido como a ferramenta fundamental para aprender, entender e explorar. "(Crianças) interagem com o espaço, brincam com a luz, experimentam diferentes formas, descobrem a importância da estrutura e compreendem o significado de escala e proporção", acrescentam.
Para conhecer parte do seu trabalho, a equipe da Chiquitectos nos apresenta uma (difícil) seleção de sete projetos concebidos por meninos e meninas entre os 5 e 14 anos de idade, que trabalham com os seus sonhos, alegrias e preocupações para traduzir várias propostas através da experimentação arquitetônica (incluindo uma construção para escapar de um pesadelo recorrente).
Conheça as sete idéias a seguir.
Workshop: Arquitetura como refúgio
Localização: Colegio Estudiantes Las Tablas, Madrid.
Autora: Martina, 11 anos de idade
Descrição: A autora desta construção adora contemplar o céu nas noites de verão, mas gostaria de desfrutar deste espetáculo da natureza ao longo do ano. Portanto, projetou um observatório para ver estrelas equipado com camas para contemplar o corpo celeste confortavelmente. Durante o dia, o observatório permanece fechado e absorve o calor do sol graças à cor preta e aos painéis de captação. Ao anoitecer, ela e suas amigas observam as estrelas a partir de suas camas, que permanecem quentes graças à energia acumulada durante o dia.
Workshop: Abrigo sonhado
Localização: Casa del Lector, Matadero Madrid
Autor: Bruno, 6 anos de idade
Descrição: Muitas vezes nos sonhos transitamos por lugares fantásticos, espaços impossíveis que mudam de tamanho, onde não se distingue se estamos dentro ou fora... como esta construção, que pode ser uma espécie de rede ou um enorme tear como um labirinto de acordo com a escala que queremos dar. As paredes estão desmoronando e, em seguida, o espaço muda completamente.
Bruno começou a construir sem uma ideia definida, sem antes imaginar algo concreto, mas permitindo-se ser conduzido pela improvisação e pelo fato de experimentar com diferentes materiais. Ele escolheu lã colorida e uma caixa de papelão para meticulosamente elaborar seu espaço de sonho. No processo imaginou situações, possibilidades, sem saber exatamente para onde estava indo. Como acontece tantas vezes nos primeiros estágios dos projetos, nos esboços iniciais, onde não sabemos onde vamos chegar, mas isso não importa, porque neste caso, essa viagem é o mais importante.
Workshop: Refúgio Sonhado
Localização: Casa del Lector, Matadero Madrid
Autor: Oliver, 5 anos de idade
Descrição: O ponto de partida é um pesadelo recorrente, Oliver sonha que um vampiro invade sua casa. Em sua construção, representa como escapar desse sonho ruim: saltar de paraquedas pela janela e aterrissar em uma pequena floresta entre árvores, carregada de jujubas. Lá estará a salvo,já que o vampiro seria picado apenas pela inalação do aroma dessas frutas em particular.
A criança literalmente deixou o espaço físico do pesadelo que é seu quarto, e para o qual ele não dedica atenção à construção, criando um refúgio externo, um lugar onde ele se sente protegido graças à natureza. A floresta, que em muitas histórias aparece como um lugar perigoso e misterioso, torna-se um esconderijo mágico onde Oliver se sente seguro.
Workshop: Cidade Sustentável
Local: Colegio Estudiantes las Tablas, Madri
Autora: Julia, 9 anos de idade
Descrição: Nos workshops sobre cidade sustentável destacamos a importância do transporte público e a necessidade de organizar as circulações de ônibus, bicicletas, pedestres e, neste caso... cavalos! Júlia ama esses animais e por isso imagina uma cidade para poder correr de um lado para outro e na qual os blocos e espaços verdes são fundamentais para facilitar essa modalidade de "transporte".
Workshop: Abrigos + emoções.
Lugar: Grey Elephant. Jardines de las Vistillas de Madrid
Autores: Claudia, Lucas e Marco 7, 9 e 8 anos respectivamente.
Descrição: Abrigos + emoções é uma oficina na qual exploramos como os espaços provocam sensações e despertam emoções. Este grupo constrói a tristeza e, para isso, escolhe um local afastado do resto dos participantes, um lugar isolado, de acordo com a melancolia e solidão que nos invade quando estamos tristes. No interior, o refúgio é dividido em pequenas salas individuais, que enfatizam a necessidade de isolamento, enquanto do lado de fora, desenham cenas de chuva para representar a tristeza causada pelos dias nublados.
Workshop: Arquitetura como refúgio
Local: Integra coworking, Madri
Autor: Samuel, 6 anos de idade
Descrição: Na construção deste abrigo flutuante, Samuel foi adicionando elementos em função dos objetos que iria escolhendo. Ocorre em muitas ocasiões que os participantes, antes da liberdade de projetar sem limite algum, se bloqueiam. Nós encorajamos a começar a construir intuitivamente, sem imaginar um resultado e se ajudar com a inspiração que diferentes materiais podem lhe dar, neste caso, a maioria deles, reciclados.
A caixa de ovos é uma plataforma flutuante que já possui uma certa escala graças à figura de brinquedo que a criança traz. Depois, os mastros do navio emergem, que finalmente depois de eliminar as velas, se tornam a estrutura de um segundo andar, onde podemos dormir inabalados pelas ondas enquanto contemplamos as estrelas, através das perfurações do convés.
Workshop: Truques especiais
Local: Centro Cultural Volturno. Ayuntamiento de Pozuelo. Madrid
Autores: Max, Nina e Sofia, 12, 13 e 14 anos respectivamente
Descrição: Com o workshop de truques espaciais mostramos aos participantes as obras de Borromini, Bernini e Palladio, onde as ilusões de ótica são protagonistas. Essa equipe, inspirada nos espaços impossíveis de Escher, constroem essa sucessão de folhas perfuradas com diferentes formas geométricas. Max, Nina e Sofia experimentam a profundidade do espaço e da iluminação e tentam surpreender o visitante com essa perspectiva feita de folhas de papel contínuo que são suspensas de uma estrutura de varas de bambu.
Fundadora e diretora Chiquitectos: Almudena de Benito
Colaboradores: Pablo Albaladejo (Arquiteto), Cristina Hermida (Arquiteta), Juan Cánovas (Licenciado em Belas Artes), Alice Rabaglia (jornalista), Cristina García (Educadora social e Psicopedagoga) e Ana Alonso (Arquiteta de interiores e Historiadora da Arte).
