Arquitetura é uma prática profundamente dependente do visual. É concebida, comercializada, criticada e consumida quase que inteiramente através daquilo que é capaz (ou não é capaz) de comunicar visualmente. Selecionamos e produzimos imagens o tempo todo, ângulos impossíveis e perspectivas inexistentes somente para admirar as qualidades arquitetônicas de objetos que nunca verão a luz do dia.
E mais, quando nos referimos à experiência espacial da arquitetura (vale a pena lembrar que é disso que estamos falando), o visual representa apenas uma pequena parte daquilo que significa experimentar o espaço construído. Aquilo que permanece é a maneira como um edifício é capaz de comunicar seu propósito e como a experiência espacial pode sensibilizar as pessoas. Como nos deslocamos pelo espaço? O piso fica escorregadio depois da chuva? Os espaços estão bem iluminados? Seriam seus materiais responsáveis por aquela dor de cabeça que nunca vai embora?
A arquitetura vai muito além do que é meramente visual. Mas o visual, é claro, também deve ser considerado para compreendermos a complexidade da arquitetura. As histórias desta semana abordaram questões de branding, projeto e sentido na arquitetura.
Design além do visual
O termo “design sensorial” é, na maioria das vezes, usado para contextualizar tudo aquilo que pode ser excêntrico demais: um objeto prático que não atende a sua função, luzes que se adaptam ao “humor” das pessoas, uma cadeira que faz você se sente com uma postura um pouco melhor. Mas evidentemente, design sensorial pode significar muito mais do que apenas isso - o Blur Building, projetado pela Diller Scofidio + Renfro, ou o Taichung Central Park, de Philippe Rahm, são exemplos de como os sentidos podem inspirar diferentes projetos de arquitetura. Em seu artigo publicado originalmente na revista Metropolis, Alice Bucknell nos conduz ao longo da história do design, desde os primórdios até os dias de hoje. Podemos até não ser capazes de superar a "tirania da visão", mas certamente podemos tentar pensar de forma diferente.
Arquitetura de papel
Felizmente, isso não significa que o mundo da bi-dimensionalidade não seja capaz de despertar os mais variados sentidos do homem. O projeto vencedor do World Architecture Drawing Prize deste ano, organizado em colaboração com Make Architects e o Museu Sir John Soane, ilustra uma cidade que se transforma com o tempo, reunindo com maestria diferentes etapas de seu desenvolvimento em uma única imagem. Um dos membros do júri, Narinder Sagoo, citou a capacidade do desenho de contar "centenas de histórias ao longo de nove anos em que a arquitetura, as cidades e a vida das pessoas mudam. É importante para todos os arquitetos considerarem a vida dos edifícios o curso do tempo ... É um desenho que remete a um Archigram moderno, mas também um passo para o futuro, e é por isso que é o grande vencedor."
Falando em futuro, ele parece estar cada dia mais perto de nós, principalmente depois de ver as obras concluídas do novo Centro de Artes Cénicas de Kaohsiung do Mecanoo. O edifício, considerado o maior centro de artes cênicas do mundo, recebeu milhares e milhares de visitantes apenas no dia da inauguração - um bom sinal para o futuro.
Pós-vida
Quando o verão acaba, o Serpentine pavilion também vai embora - mas não para sempre. O Pavilhão de 2018 projetado por Frida Escobedo foi comprado recentemente pela Therme Group, o que significa que teremos uma versão 2.0 do pavilhão para que arquitetos possam visitá-lo em diferentes lugares do mundo. Durante os últimos anos, quase a maioria dos pavilhões da Serpentine passaram a ter uma nova vida após o evento formal, incluindo adaptações para que possam ser utilizados com outros fins, como salões de festas, salas de concerto e espaços de coworking.