Nos cinco pontos da "nova arquitetura" definidos como norteadores da produção arquitetônica moderna a partir da década de 1920 por Le Corbusier e materializados na construção da Villa Savoye (janelas em fita, fachada livre, terraço jardim, planta livre e pilotis), talvez o emprego dos pilotis seja o elemento mais incorporado pelos arquitetos modernos brasileiros
Independente da tipologia e dimensão projetual, ao serem incorporados por arquitetos modernos brasileiros a partir da década de 1940 passam incorporar certos atributos e sofisticação plástica junto à resolução estrutural. Oscar Niemeyer, João Batista Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Affonso Eduardo Reidy são alguns dos profissionais que conceberam verdadeiras obras de arte aos apoios a partir do ponto de vista estético, plástico e técnico-estrutural. Compilamos alguns elementos estruturais de apoio na seleção a seguir. Confira!
Oscar Niemeyer
Ícone da chamada Escola carioca de Arquitetura - nomenclatura atribuída à produção moderna arquitetônica brasileira identificada pela historiografia concebida por um grupo de arquitetos radicados no Rio de Janeiro disseminando pelo país a partir das décadas de 1940 e 1950 -, talvez o arquiteto seja aquele que desenvolveu o maior número de experimentos estruturais. Esbeltos, com arrojo plástico, ora desafiando a gravidade, ora inovando no descarregamento do caminho de forças a partir de seu desenho, os pilotis são inscritos como elementos reveladores da genialidade de Niemeyer e, sobretudo, das obras enquanto laboratórios experimentais.
Elegantemente pairando sobre o solo, os apoios do Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal de Brasília, Catedral de Brasília, Palácio do Itamaraty, Sambódromo do Rio de Janeiro, entre tantos outros, surpreendem-nos pela união da plástica à solução estrutural.
Palácio da Alvorada
Catedral de Brasília
Igrejinha Nossa Senhora de Fátima
Marquise do Ibirapuera
Palácio das Nações
Palácio da Agricultura / MAC USP
João Batista Vilanova Artigas
Com pesquisa estrutural bastante aguçada e presente no desenvolvimento projetual, os pilotis projetados por João Batista Vilanova Artigas abandonam o caráter exclusivamente estrutural e transformam-se em verdadeiras peças esculturais no espaço. A magia presente nos desenhos permite ainda a adição de elementos projetuais anteriormente contraditórios na arquitetura, como é o caso da incorporação da luz no espaço a partir do desenho dos apoios, como é o caso da Rodoviária de Jaú ou o Edifício da FAU USP. Com um desenho especial, estes se abrem em quatro faces, permitindo que a estrutura receba luz zenital, onde nesse sentido coloca em foco a ideia de contradição a partir do desenho e provoca uma nova relação entre o usuário e edifício.
Circunscrita como o grande manifesto da produção do engenheiro-arquiteto, esta obra junto a um conjunto de edifício de cunho institucional, escolar e cultural sintetizam de forma rigorosa a implementação dos engenhosos apoios desenvolvidos em sua produção, revelando a suntuosidade de seus estudos estruturais em paralelo à concepção do espaço a ser edificado.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
Rodoviária de Jaú
Escola Estadual de Itanhaém
Ginásio de Guarulhos
Paulo Mendes da Rocha
Com obras internacionalmente reconhecidas pelas soluções estruturais e programáticas, os apoios são, por vezes, pontos-chave dos projetos. Pensemos na solução dada ao Pavilhão do Brasil em Osaka, numa extensa cobertura com 50 metros de extensão e 32,5 metros de largura que paira apenas sobre quatro apoios no elegante relevo criado, parecendo flutuar. Da mesma forma, acontece aos pilares do Ginásio do Clube Atlético Paulistano, onde seis pilares em concreto aparente dispostos regularmente em círculo apoiam uma marquise em formato de anel circular em concreto aparente com aproximadamente 12,5 metros.
Podemos citar, entre outras obras, as soluções atribuídas ao Poupatempo Itaquera, Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE), Remodelação da Praça do Patriarca, Casa Gerassi, entre tantos outros.
Ginásio do Clube Atlético Paulistano
Pavilhão do Brasil em Osaka
Sede Social do Jóquei Clube de Goiás
Affonso Eduardo Reidy
Talvez a obra de maior destaque da produção do arquiteto Affonso Eduardo Reidy seja o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. De mesma forma, a obra é tão fortemente difundida pela solução dada ao edifício a partir do desenvolvimento de engenhosos apoios, que atuam de modo que ora são pilares, ora vigas.