Dedicado a famílias afetadas por desastres naturais e aquelas que vivem em zonas costeiras à espera de alternativas ou mudanças em seu habitat.
As encostas são como um manto que nos rodeia, mas de uma forma tendenciosa. A neblina de Lima esconde esse esquecimento. Falar em habitar as encostas ainda pode ser sinônimo de não-habitável por conta das más condições em que se encontram tantas casas vulneráveis pertencentes aos 70% da autoconstrução da cidade. No entanto, as encostas, devido à sua condição geográfica, oferecem qualidades habitáveis que devemos reconhecer e repensar, a fim de nos colocarmos sabiamente no território, e assim reabitar com novos ares. Nem todas as casas auto-construídas são "sem conhecimento", algumas delas têm suas próprias lições. Outras, em sua maioria, não. A verdade é que ainda é uma área a ser explorada.
Este excitante mundo paralelo para muitos traz às vezes teses como esta, de estrita realidade. Assim, "Estratégias de ocupação urbana para (re) habitar as encostas" conquistou este ano o primeiro prêmio na categoria de tese de graduação da XVIII Bienal de Arquitetura do Peru. É a primeira vez que a bienal peruana decide conceder reconhecimento a recém-formados, e é certo que esta proposta é muito instrutiva para a prática profissional. O júri argumenta sua decisão ao destacar que é uma proposta interessante de solução em encostas com tratamento paisagístico e tecnologia renovável, adequadamente proposta.
Os autores Djanira Jaramillo e Jean Paul Sihuenta, nos dizem: "Agradecemos a oportunidade que tem sido oferecida pelo Colégio de Arquitetos do Peru para a abertura de novas categorias no concurso e, especialmente, para a região da PAC La Libertad pela organização, uma vez que permitiu-nos ter a opção de mostrar, em parte, o trabalho de pesquisa e proposta em relação às estratégias de ocupação do habitat da encosta, que poderiam ser consideradas como suporte, complemento e referência para futuros estudos ou projetos em andamento para estas áreas, com o objetivo de continuar a adicionar esforços". Também convidamos você a revisar a monografia, pois em poucas palavras a justiça não é feita para a pesquisa exaustiva por trás da síntese dessas estratégias que apresentaremos a seguir.
Descrição pela equipe.
A última megabarriada do século 20 (Matos Mar, 2012), cidade de Pachacútec, que em breve será um distrito independente, não é mais a "cidade dormitório" dos anos 90, devido ao acelerado crescimento populacional e sua estratégica localização urbana gerando um novo foco e conceito de cidade. É por isso que o presente projeto surge em resposta ou alternativa à necessidade de estratégias de projeto e habitabilidade em encostas para recuperar e integrar o cabo ecológico com o habitat urbano.
DU + Hab
DIAGNÓSTICO URBANO
O diagnóstico foi baseado na análise urbana do setor, trabalho participativo e entrevistas com especialistas nacionais e internacionais, resultando em uma abordagem urbana que propõe a criação de super blocos, que, em integração com o projeto paisagístico, permitiram alcançar um habitat sustentável, apoiado pelo uso de tecnologias renováveis para melhoria da conservação do ambiente imediato.
HABILITAÇÃO
Inicia-se com a integração e recuperação das tramas existentes, especificamente com a análise de fluxo e impacto urbano, entorno e densidades, visuais e vias, compondo um esquema multifocal para usos educacionais e comerciais aos extremos e cultural ao centro, gerando com este último, um eixo cultural contínuo que parte da praça principal da cidade obtendo melhorias na mobilidade urbana e na reorganização territorial, considerando usos públicos e reflorestamento no cordão ecológico, dinamizando o limite urbano.
ZONEAMENTO
Através das considerações e do laboratório de propostas, foi alcançada a abordagem integral, traçado e loteamento habitacional, aplicando o conceito de super quadras.
SERVIÇOS
A ênfase foi colocada no sistema de esgoto com uma proposta condominial, uma vez que gera uma melhor gestão de águas residuais e uma redução de custos em 70% em comparação com uma alternativa convencional. O lixo doméstico é tratado através da colocação estratégica de recipientes enterrados com três alternativas de acordo com a capacidade e os dias de uso.
VIABILIDADE
Procuramos priorizar a circulação de pedestres e o ganho de espaços públicos por meio de três aspectos: via de pedestres, vias secundárias, pontes e ruas. Pensou-se também no planejamento rodoviário veicular repensando a configuração das rodovias circunvizinhas e internas.
SM + Vi + E.p
SUPER QUADRA “CÉLULA URBANA”
São 8 super quadras que funcionam como organismos "independentes", entre as quais se conectam por um sistema de circulação de pedestres e rodoviária caracterizado pela sua acessibilidade, qualidade visual, camuflagem urbana e integração comunitária.
LA SM5
O SM5 foi aprofundado devido à sua relação direta com a área destinada à cultura e topografia que conta uma área total de 42.898 metros quadrados (incluindo o cordão ecológico).
O BLOCO
Características da composição dos blocos:
- Possuem 3 tipos de eixos: comerciais, serviços e institucionais e residenciais.
- Devido à sua topografia, uso e localização: bloco contíguo, livre acesso e livre controle.
- Conectividades: Vertical. Núcleo de escadas horizontais. Ruas e pontes para pedestres (potencializa os níveis intermediários e fornece alternativas de acesso para pessoas com deficiência e idosos)
- Pátios laterais e centrais, integram as áreas comerciais.
- Terraços coletivos. Espaços coletivos.
- Praças aéreas. Espaços de lazer e congregação.
- Conforto térmico e acústico. Adaptação de estratégias bioclimáticas.
- Tecnologias renováveis e uso eficiente da água: solar térmico, painéis fotovoltaicos, sistema de coleta de água cinza e biofiltros para uso em espaços públicos.
- Sistema construtivo de concreto armado. Estrutura: blocos de concreto, divisórias OSB, tripla (posteriormente reutilizada para móveis) e divisória "pallet-totora".
MORADIA COLETIVA – PROGRESSIVA
Busca-se conseguir que espaços como dormitórios, estúdios ou áreas de lazer da casa expandam-se ao longo do tempo de acordo com as necessidades da família, devendo considerar os seguintes aspectos:
- Prever a estrutura final da casa.
- O crescimento de lajes e paredes divisórias não deve ser estrutural.
- Adaptabilidade da estrutura, na consolidação dos espaços das áreas privada, semi-privada e geral dos dutos.
- Priorização de espaços de serviços como: banheiro, cozinha e lavanderia (estes não devem mudar de localização), agrupando-os como um núcleo de serviços.
- Conscientização e capacitação de espaços semi-públicos de uso múltiplo (quartos, escritório, oficina e comércio).
- Criação das duas etapas do projeto e uma adicional baseada em uma proposta de habitabilidade transitória.
O ESPAÇO PÚBLICO COMO ESTRATÉGIA DE DEMOCRATIZAÇÃO
A topografia nos levou a desenvolver estratégias para o uso de encostas e áreas semi-planas (dunas ou depressões), conseguindo espaços públicos que nos permitissem adaptar ao contexto ligado a espaços urbanos produtivos localizados no cordão ecológico, obtendo um projeto auto-suficiente.
ENCOSTA COMO ESPAÇO MULTIUSO
As encostas cumprem diversas funções, de acordo com temporalidades, faixas etárias ou estilos de vida:
- Áreas recreativas: Funciona como playground devido à sua abordagem lúdica.
- Áreas culturais: Atividades de lazer podem ser desenvolvidas e aplicadas como stands ao realizar eventos artísticos.
- Áreas de integração: Quando colocadas entre blocos de habitação, elas funcionam como pontos de congregação.
- Áreas de Biofiltro: Ao integrarem-se no sistema de coleta de água cinza do projeto, os biofiltros, através de plantas macrofíticas, descontaminam a água para reutilizá-la no espaço público por meio de sistemas de irrigação.
PRAÇAS - PARQUE, ESPAÇOS SOCIAL
Localizado entre os blocos de habitação geram a confluência de pessoas, o projeto do parque tem áreas diferentes, incentivando a inclusão de todos os habitantes.
- Área de recreação infantil.
- Área de anfiteatro.
- As trilhas (rede de circulação)
- Áreas de esportes.
- Personalização de mobiliário urbano.
CORDÃO ECOLÓGICO
A recuperação e integração do cordão ecológico com o habitat urbano das superquadras, indagam a sensibilização do cidadão, conscientizando através de uma proposta produtiva e sustentável de paisagismo, considerando a recreação ativa, de forma a gerar estilos de vida seguros e saudáveis como um todo com infra-estrutura residencial, cultural e rodoviária.
ESTRATÉGIAS DE PROJETO
10 estratégias em destaque foram determinadas:
_A encosta como um espaço multiuso
_Reciclagem e restauração de ecossistemas
_Criar redes de espaços interconectados
_Inserir atividades recreativas e experimentais
_Localização do bloco
_ Conectividade vertical e horizontal
_Permeabilidade do bloco e interação social
_Conectividade entre blocos
_Uso eficiente de água e tecnologias renováveis
_ Habitação incremental e materialidade
"Agradecimento especial aos professores e arquitetos nacionais e internacionais entrevistados, bem como à população da Ciudad Pachacútec pela colaboração nas pesquisas e trabalhos participativos, além das várias casas de estudos como UCAL, entidades públicas e privadas e a Oficina LIMÁPOLIS : Cidade de encostas e representantes ".
Autores do Projeto: Djanira A. Jaramillo Quispe, Jean Paul Sihuenta Otiniano
Nome do Projeto: “Estrategias de ocupação urbana para (re) habitar as encostas”
Localização: Pachacútec, Ventanilla – Província de Callao
Limites do terreno: Pelo norte, Av. Tahuantinsuyo; Sul, o cordão ecológico; leste, Passagem 06; oeste, Av. Pumacocha
Início do Projeto: Fevereiro, 2018
Número de moradias: 3503 unidades
Número de habitantes: 21021 habitantes
Área total: 449.980.08 m2
Área de habilitação: 345.410.69 m2
Área do cordão ecológico: 104.569.39 m2
Área construída: 590,209.22 m2
Área para praças e parques: 58.719 m2
Área para educação: 21.324 m2
Área para saúde, centros comunitários e segurança: 7.075 m2
Área para comércio: 76.800 m2
Estacionamentos: 720 para veículo e bicicletas.
Área Intervenida (SM5): 42.898.62 m2 (incluye área del cordón ecológico)
Área fechada: 14.877.95 m2 (34.70%)
Área livre: 28.020.67 m2 (65.3%)
Área Construída: 67.526.15 m2 (etapa final)
Escola: Universidad Ricardo Palma
Diretor: José Canales López
Assessores de Arquitetura: Rudolf Giese, Richard Valdivia, Enrique Alegre
Assessores Especialistas: José Ortíz, Roberto Pain, Rita Gondo
Visualização: Angular Lab
Fotografia: Dron Expansión Perú