Olson Kundig é conhecido por desenvolver projetos de arquitetura que procuram conectar as pessoas à seu contexto natural e cultural. Mas em Zooraji, seu mais recente projeto, ele não buscou inspiração no contexto, mas em uma das fábulas de Esopo: "o rato do campo e o rato da cidade", para ser mais preciso.
Ainda que esta antiga fábula grega possa parecer uma referência estranha para um projeto de playground na Coréia do Sul, basta olhar para o resultado final para perceber que este esforço foi muito bem sucedido. Crianças escalando em cogumelos feitos de materiais reciclados, debruçando-se sobre animais gigantes feitos de bambu e barris de madeira, percorrendo bosques de baobás (uma árvore de verdade que decididamente parece de mentira).
Neste mundo do faz de conta, as crianças são convidadas a adentrar em um verdadeiro conto de fadas. O playground é composto por cinco territórios distintos, cinco zonas abertas à exploração e a criatividade das crianças. É possível adentrar no mundo dos Dinossauros; ou assumir o papel de um pirata naufragado e perdido em uma ilha deserta. O parque de diversões, que também inclui uma "floresta tropical", um "lago" e "um "bosque, é um território dinâmico construído para instigar as crianças oferecendo diferentes oportunidades de aprendizado.
Localizado na cobertura de uma loja de departamentos, em Busan, o projeto foi encomendado aos arquitetos após os clientes visitarem o projeto "A Arca de Noé", do designer Alan Maskin, no Skirball Cultural Center de Los Angeles. De fato, há muitas correspondências entre os dois projetos: as estruturas do parque conformam uma paisagem alegórica que constrói tanto um espaço quando uma narrativa. De fato, era exatamente isso que os clientes desejavam, um conto de fadas construído.
Contos de fadas são um território bastante familiar para Olson Kundig. Em 2016, o seu escritório foi o vencedor do "Contos de Fadas", um concurso anual que desafia os arquitetos e designers a transformar histórias fantásticas em espaços construídos. Maskin e Olson trabalharam em conjunto naquela ocasião, quando o arquiteto teve que re-projetar a cidade de Seattle, seguindo a narrativa fantástica inventada por seu colega.
Zooraji não se parece nada à este universo distópico criado para o concurso "Contos de Fadas", mas ainda assim é um território que pertence ao mundo da fantasia. "Com o passar dos anos, as árvores que plantamos deverão crescer e então, a sua arquitetura irá desaparecer", explicou Maskin à Architectural Record. “Esta paisagem fantástica tem o seu próprio tempo, ela não faz parte da nossa realidade”. Talvez, com o passar dos anos este projeto fantástico se tornará cada dia mais real e ninguém poderá imaginar que um dia ele foi apenas um conto de fadas.