Você já se viu perdendo uma boa noite de sono por conta de um quarto excessivamente quente? Ou ter que usar quatro jaquetas e um cachecol só para tolerar aquele ar-condicionado gelado do seu escritório? Verdade seja dita, é impossível agradar a todos quando se trata de ajustar um clima interno, e há sempre aquele indivíduo infeliz que acaba sacrificando seu próprio conforto pelo bem dos outros.
Evidentemente, não há “padrões universais” ou “faixas de conforto recomendadas” ao projetar sistemas de construção, já que atletas treinando em uma academia no México não se sentirão confortáveis em um interior com os mesmos sistemas construtivos de uma casa de repouso na Dinamarca, por exemplo. É por isso que, se definirmos brevemente o "conforto térmico", trata-se da criação de sistemas construtivos adaptados ao ambiente local e às funções do espaço, cooperativamente.
Então, como podemos projetar para um conforto térmico adequado?
Um dos primeiros elementos a considerar ao projetar o conforto térmico é a criação de um exterior de construção eficiente. A envoltória de um edifício funciona como um filtro entre o clima exterior e o ambiente interno, estabilizando a atmosfera interna. O gerenciamento adequado do envelope resulta em um ambiente interno bem equilibrado e reduz o uso de sistemas mecânicos, contribuindo para uma estrutura mais sustentável. É essencial considerar o seguinte ao projetar: Isolamento, Ganho Solar, Inércia Térmica e Ventilação de Ar.
Como gerenciar os parâmetros do envelope do edifício pode afetar muito o ambiente térmico interno, garantir altos níveis de isolamento em ambas as áreas, opacas e envidraçadas, reduz o ganho de calor nas estações quentes e conserva o calor durante as estações frias. O ganho solar (quanto calor é gerado à medida que o sol é absorvido no edifício) é controlado através do projeto e orientação do edifício, da proporção de áreas opacas a envidraçadas, porcentagem de reflexão de calor, nível de isolamento e quantidade de elementos de sombreamento próximos.
A inércia térmica (a lentidão com que a temperatura de um edifício atinge a de seus arredores) é amplamente controlada pelos materiais e tipos de estrutura usados na arquitetura. Esses componentes reagem com o ambiente externo, garantindo que o interior permaneça mais frio - ou mais quente, dependendo da localização e necessidade - por um período mais longo. Tijolos e pedras são considerados materiais de alta inércia térmica, razão pela qual esses materiais são normalmente utilizados em ambientes quentes para manter o interior fresco por um longo período de tempo. Em regiões mais frias, os materiais de baixa inércia térmica (como a madeira) são comumente usados para que os interiores aqueçam mais rápido durante o frio.
Quanto à ventilação, gerir a troca de ar e a circulação ao ar livre é crucial para um ambiente confortável. Quer isso seja feito por ventilação mecânica ou natural, correntes de ar estáveis liberam umidade e proporcionam um fluxo de ar infiltrado.
O que o futuro reserva para o conforto térmico?
Olhando para o futuro, nossas necessidades de conforto provavelmente permanecerão as mesmas. No entanto, o contexto em torno dessas necessidades está mudando rápida e radicalmente! Os lugares frios estão ficando mais quentes, os lugares quentes estão tendo ainda mais calor e isso deverá continuar nos próximos anos. Mas se pensarmos que recorrer a meios artificiais para fornecer conforto térmico é a única solução, então não temos prestado muita atenção ao que nos trouxe aqui em primeiro lugar.
Arquitetos conscientes sempre priorizarão métodos sustentáveis para o conforto térmico, e, como explicamos neste artigo, não é de forma alguma complexo ou improvável. O futuro é de criatividade e inovação, e essas soluções realmente tornarão qualquer arquitetura mais local, habitável e admirável.