Bairro em Maceió corre risco de desabamento

Após fortes chuvas que atingiram Maceió no começo do ano, os moradores do bairro do Pinheiro entraram em estado de emergência pois diversas rachaduras surgiram na região. A Defesa Civil diz que o bairro corre risco de desabamento e a principal ameaça presente é que o asfalto afunde a ponto de criar uma cratera e destruir parte dos edifícios, colocando em risco a vida de mais de vinte mil pessoas que habitam o local.

via Grupo "Rachaduras 'Pinheiro'"

Segundo o G1, três pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil estão em Maceió para avaliar o que pode estar causando o afundamento do bairro. Entre as hipóteses estão: o surgimento de uma dolina, um fenômeno geológico que ocorre quando parte do solo cede formando uma cratera; a localização do bairro em uma área tectonicamente ativa e a exploração de salgema realizada na região. Além disso, especialistas da Companhia de Pesquisa de Recursos Mineirais (CRPM), Ministério de Minas e Energia e peritos ligados à Defesa Civil Estadual e Municipal também fazem investigações para descobrir o problema que afeta o subsolo do local desde um tremor registrado no bairro em março de 2018, que já havia provocado fissuras e afundamento de pisos em alguns imóveis.

via Grupo "Rachaduras 'Pinheiro'"

O professor e engenheiro civil mestre em geotécnica, Abel Galindo Marques, da AGM Geotécnica, fez um levantamento de possíveis causas para o ocorrido. Entre as hipóteses levantadas ele cita a reativação das falhas geológicas que existem em Maceió - citando que o bairro do Pinheiro está dentro de um perímetro delas - ocasionadas pela grande quantidade de poços de extração de sal-gema, o grande volume de água retirado do subsolo e a presença de uma camada de rochas muito fraturadas logo acima do sal-gema.

Falhas geológicas que passam pelas minas de salgema. Image © Abel Galindo Marques | AGM geotécnica
Falhas geológicas que passam pelas minas de salgema. Image © Abel Galindo Marques | AGM geotécnica

Em uma apresentação, o professor demonstra através de perfis esquemáticos supostas teorias que poderiam explicar as rachaduras que surgiram.

Perfil esquemático. Image © Abel Galindo Marques | AGM geotécnica
Perfil esquemático 01. Image © Abel Galindo Marques | AGM geotécnica

Já em entrevista cedida ao portal TNH1, o geólogo Jorge Pimentel, da CPRM, se demonstrou preocupado com a complexidade encontrada em Maceió e constatou que dos 1638 municípios que o órgão já sondou no Brasil, nunca foi visto nada parecido com o que ocorre hoje no Pinheiro. Além disso, Pimentel disse que será criada uma Sala de Monitoramento, em parceria entre CPRM e as defesas civis locais, na tentativa de identificar qualquer alteração no solo o quanto antes para alertar a população.

Um relatório concebido pelo Serviço Geológico do Brasil e entregue em dezembro de 2018 ao Ministério Público Federal em Alagoas (MPF-AL) recomenda o treinamento de moradores para a necessidade de esvaziamento emergencial do bairro e a criação de rotas de fuga.

via Grupo "Rachaduras 'Pinheiro'"

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A primeira simulação de evacuação do bairro acontecerá no dia 16 de fevereiro e deverá seguir o mapa de feições de instabilidade do bairro realizado pelo Serviço Geológico do Brasil e disponibilizado para consulta pública.  De acordo com a Defesa Civil, caso o solo sofra um afundamento ainda maior, as primeiras pessoas a serem retiradas do bairro serão as que moram em áreas de maior perigo.

MAPA DE FEIÇÕES DE INSTABILIDADE DO TERRENO. Fonte: Divulgação

Primeiramente serão as que habitam nas zonas vermelhas, as quais conformam as áreas com maior expressividade nas evidências, tanto pela quantidade de trincas encontradas, como também pela maior abertura e persistência observadas, além da presença de sumidouros e várias edificações já interditadas pela defesa civil devido ao grande número de rachaduras. Seguido pelos moradores das zonas laranjas que são caracterizadas pela presença de trincas em paredes e muros que apresentam persistência de mais de um metro de comprimento e abertura milimétrica.

Veja o mapa completo com fotos que demonstram a situação de algumas casas e das ruas aqui.

Na última segunda-feira, dia 28, o Governo Federal autorizou o repasse financeiro para a ajuda humanitária a 413 famílias do bairro que tiveram recomendação para deixar seus imóveis em decorrência do agravamento das fissuras identificadas na região. A liberação dos recursos foi oficializada por meio de portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). No entanto, como as causas das rachaduras ainda são desconhecidas, muitos moradores começaram a se mudar às pressas sem nenhuma assistência do governo e a grande maioria continua em risco sem ter para onde fugir.

Tony Medeiros, morador do bairro, está fazendo um financiamento coletivo para tentar sair desta situação e afirma: "O medo de perder a vida e o medo de perder um imóvel é algo que abala o emocional de qualquer um, e não tem sido fácil pra ninguém. Ainda não se sabe o que causou o tremor e continuam fazendo estudos para descobrir. Mas aí que mora o problema: Se não sabem definir a causa, não se pode definir e executar uma solução."

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Sobre este autor
Cita: Victor Delaqua. "Bairro em Maceió corre risco de desabamento" 31 Jan 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/910452/bairro-em-maceio-corre-risco-de-desabamento> ISSN 0719-8906

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