A carreira prolífica e variada de Arata Isozaki, vencedor do Prêmio Pritzker de 2019, inclui mais de 100 obras construídas em praticamente todos os continentes e nos oferece uma grande quantidade de informações relevantes para entender sua vida e arquitetura. Considerado o primeiro arquiteto japonês a desenvolver seu trabalho em uma escala verdadeiramente global, Isozaki mostra um cuidado especial em responder ao contexto e aspectos específicos de cada projeto, ampliando a noção de heterogeneidade em seu trabalho, o que resulta em uma variedade de estilos, do vernáculo ao tecnológico.
Conheça, a seguir, 20 fatos fascinantes sobre Arata Isozaki:
1. A Segunda Guerra Mundial teve grande influência em sua visão inicial da arquitetura. Quando tinha 12 anos de idade, Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas, episódio que despertou nele a ideia de temporalidade da arquitetura e a importância de "agradar" seus usuários enquanto se movem e experienciam o espaço em seu próprio tempo. [1]
2. Sua carreira começou sob os ensinamentos de Kenzo Tange, vencedor do Pritzker de 1987. [1] Depois da universidade, Isozaki continuou trabalhando com Tange por mais nove anos antes de fundar seu próprio escritório em 1963, o Arata Isozaki & Associates. [6]
3. Isozaki foi pioneiro entre os arquitetos japoneses ao trabalhar em projetos fora de seu país, projetando, por exemplo, o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (1986) e o Edifício Team Disney na Flórida (1991). [9]
4. Isozaki construiu mais de 100 projetos em seis décadas, incluindo importantes edifícios públicos e culturais no Japão, Espanha, EUA, China, Itália, Qatar, entre outros ao redor do mundo. [1]
5. Foi pioneiro no uso de serigrafia e impressoras térmicas na representação de arquitetura. [3]
6. Isozaki incluiu em seu trabalho o conceito de 'Ma', que define os espaços intersticiais entre os objetos: "No espaço entre som e som, há silêncios, pausas. Isso é chamado de Ma. O espaço é importante; mas o espaço-entre é mais", diz ele. [5]
7. Seu trabalho também envolve o urbanismo, e em 1962 desenvolveu o projeto futurista 'City in the Air' para o bairro de Shinjuku em Tóquio. O projeto integra "camadas de edifícios, residências e transportes elevados acima da cidade tradicional no solo, uma resposta à rápida taxa de urbanização". [1]
8. Seu trabalho sempre foi interdisciplinar: além de desenho urbano, trabalhou com design de moda, gráfico, mobiliário e cenografia, além de ser escritor, crítico, júri de concursos de arquitetura e colaborador de artistas. [6]
9. Ele também projetou o robô chamado Osaka Demonstration Robot para a Expo de Osaka em 1970, usado para transporte. O projeto ocupou a praça central da Expo, desenhada por Kenzo Tange. [4]
10. Durante os anos 70 e 80, Isozaki trabalhou frequentemente com sua terceira esposa, a escultora japonesa Aiko Miyawaki (1929-2014), que, por sua vez, influenciou o trabalho do arquiteto com formas geométricas inovadoras. [6]
11. Isozaki foi membro da primeira geração de jurados do Prêmio Pritzker, entre 1979 e 1984. [1]
12. Devido ao seu impacto e influência global, em 1985, Tadao Ando, vencedor do Prêmio Pritzker de 1995, chamou Isozaki de "o Imperador da Arquitetura Japonesa". [8]
13. Também em 1985, Isozaki desenvolveu o projeto de reforma dos interiores do famoso Discotheque Palladium, em Nova Iorque, pensado então para ser um "edifício dentro de um edifício". A boate, outrora um teatro em ruínas, tornou-se palco de festas de celebridades, incluindo Madonna, mas foi demolida em 1998. [8]
14. Entre muitos outros prêmios importantes, já ganhou a Medalha de Ouro de Arquitetura do RIBA em 1986 (Reino Unido) e o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza (Itália), como comissário do Pavilhão Japonês em 1996. [1]
15. Ao longo de sua carreira, Isozaki frequentemente recorreu à tipologia de Groundscaper, cuja tradução seria algo como "arranha-terra". Segundo ele, o ato de "deitar" um arranha-céu neutraliza seu "poder intimidador", tornando-o mais "sereno e humilde". [6]
16. Sempre se interessou pelas revoluções latino-americanas do século XX, especialmente a de Cuba e a figura de Che Guevara. Isozaki costumava usar uma boina com uma estrela. [2]
17. Isozaki acredita que no hemisfério sul todos são minorias. Por isso, valoriza a arquitetura ligada à cultura a qual ela pertence, mostrando dúvidas quanto à globalização. [2]
18. Em 2011, em parceria com o artista Anish Kapoor, Isozaki desenvolveu a estrutura inflável Ark Nova, para sediar o festival Lucerne. [10]
19. Suas influências artísticas são muito variadas, englobando desde a arquitetura clássica e renascentista de Borromini e Schinkel até a Coluna Infinita de Constantin Brâncuşi e a obra escultórica de Isamu Noguchi. [6]
20. Em relação à sua identidade e estilo, afirma: "Minha identidade vem do fato de que toda vez que eu gosto de criar algo diferente. Não em um estilo único, mas também sempre de acordo com a situação, de acordo com o ambiente; um estilo arquitetônico como uma solução. Toda vez que é diferente". [5]
[1] Kit de Mídia do Prêmio Pritzker de Arquitetura. Release anunciando o Laureado de 2019.
[2] Informações cedidas por Abel Erazo, arquiteto chileno radicado na China, com quem Arata trabalhou no Projeto Olímpico da Baía de Hakata para o Projeto Olímpico do Século 21 (2006, Tóquio), com Taishi Watanabe, Kai Beck, Eijiro saiga, Hitomi Fukuyoshi e Mai Watanabe.
[3] Matthew Allen. “Arata Isozaki and the Invisible Technicians.” Canadian Center of Architecture (CCA). 2016. <https://www.cca.qc.ca/en/issues/4/origins-of-the-digital/40596/arata-isozaki-and-the-invisible-technicians>
[4] “1970 – Expo’70 Osaka Demonstration Robot – Arata Isozaki (Japanese)” November 31th, 2011. <http://cyberneticzoo.com/robots/1970-expo70-osaka-demonstration-robot-arata-isozaki-japanese/>
[5] Lindsey Leardi. "Arata Isozaki on "Ma," the Japanese Concept of In-Between Space" 05 Nov 2017. ArchDaily. <https://www.archdaily.com/882896/arata-isozaki-on-ma-the-japanese-concept-of-in-between-space/> ISSN 0719-8884
[6] Steffen Lehmann. “Reappraising the Visionary Work of Arata Isozaki: Six Decades and Four Phases”. 7 July 2017. MDPI. <https://www.mdpi.com/2076-0752/6/3/10>
[7] AD Editorial Team. "Spotlight: Kenzō Tange" 04 Sep 2017. ArchDaily. <https://www.archdaily.com.br/br/624403/em-foco-arata-isozaki> ISSN 0719-8884
[8] Joseph Giovanniniaug. “Arata Izozaki: From Japan a New Wave of International Architects”. August 17th, 1986. <https://www.nytimes.com/1986/08/17/magazine/arata-isozaki-from-japan-a-new-wave-of-international-architects.html>
[9] Edan Corkill. “Isozaki Arata: Astonishing by Design”. June 1, 2018. <https://apjjf.org/-Edan-Corkill/2777/article.html>
[10] Eric Baldwin. "World's First Inflatable Concert Hall Opening in Japan" 01 Oct 2013. ArchDaily. <https://www.archdaily.com/433776/world-s-first-inflatable-concert-hall-opening-in-japan/> ISSN 0719-8884