Os arquitetos estão cada vez mais conscientes da influência no bem-estar e boa saúde dos usuários de nossos projetos. A iluminação natural - e como deve ser complementada com iluminação artificial - é um fator essencial a considerar para o conforto visual dos espaços internos. Mas sabemos como lidar com isso corretamente?
A ausência de desconforto no momento da visão não é suficiente para medir o sucesso visual de um espaço. Coisas com o nível de claridade ou a cegueira à luz ajudam a determinar a qualidade ambiental de uma sala. Outras coisas que são vitais para considerar incluem representações de cor, baixa reflexão e distribuição uniforme de luz. As pessoas se dão bem com vistas claras para o exterior, por isso também é fundamental aperfeiçoar a quantidade e a localização das aberturas na fachada do edifício para controlar a intensidade da luz natural.
Tanto pouca ou muita luz podem causar desconforto visual. Mudanças bruscas nos níveis de luz ou contraste agudo (que é percebido como brilho) podem causar estresse e fadiga, pois o olho humano está permanentemente se adaptando aos níveis de luz. [1]
Assim, tudo o que entra através de nossos olhos influencia a saúde de nosso corpo e mente, afetando nosso relógio biológico (sono e vigília), nossa frequência cardíaca, o funcionamento de nossos órgãos e nosso estado mental. A natureza variável e dinâmica da iluminação natural é uma oportunidade para a arquitetura contribuir positivamente para o bem-estar geral dos seus ocupantes.
Aspectos a considerar ao projetar para o conforto visual
Sempre priorize a luz natural
A luz natural será sempre a mais confortável para os seres humanos, pois é a fonte de iluminação para a qual nossos olhos se adaptam naturalmente. Não só tem um impacto comprovado na saúde e bem-estar - aumentando a conscientização durante o dia, melhorando os padrões de sono, diminuindo os riscos de depressão, entre muitos outros -, mas também gera enormes economias de energia, evitando o uso reiterado de luz artificial.
Ao começar um novo projeto, aproveite ao máximo a orientação do local e forneça aos usuários a melhor luz natural possível através do projeto correto de aberturas. Dependendo do uso específico de cada sala, deve-se considerar também a variação de uso de um espaço em diferentes momentos ou dias.
Mapeie a distribuição da luz, independente do observador: Iluminância e luminância
A iluminância, expressa em lux, é o poder luminoso que vem de todas as direções e atinge um determinado ponto, onde uma tarefa específica será executada. [1] Ao medi-la em uma determinada superfície, por exemplo, em uma mesa em escritórios, certifique-se de que a iluminância atinja 500 lux. Valores muito inferiores ou superiores a esse geram desconforto. Isso é válido para iluminação artificial em escritórios, no nível do local de trabalho. No entanto, para levar em conta a variabilidade natural da luz do dia, é melhor consultar a nova Norma Européia de Iluminação Diurna, explicada resumidamente abaixo.
A luminância, expressa em candela por metro quadrado (cd/m2), corresponde às diferentes intensidades luminosas por unidade de área, emitidas ou refletidas pelas fontes de luz e pelas superfícies que nos rodeiam. [1] Basicamente descreve o brilho da luz, do ponto de vista das percepções visuais e sensações psicológicas. Ao medi-la, podemos identificar os contrastes de luz e brilho, e entender se a luz é distribuída uniformemente ou se vem de uma fonte específica.
Em ambos os casos, um fotômetro deve ser usado. Para medir a iluminância (lx) é chamado Luxímetro, e para medir a luminância (cd / m2) é conhecido como medidor de luminância.
Avalie a quantidade e a qualidade da luz
Para avaliar a quantidade de luz, a distribuição da luz no espaço e a iluminância devem ser medidas em pontos específicos e relevantes para as funções que serão executadas na sala.
Para avaliar a qualidade da luz, deve-se modelar primeiramente a Iluminação natural útil (UDI), que integra a avaliação dos níveis de luz do dia e do brilho, estabelecendo como faixa aceitável os valores entre 100 e 2000 lux. [2] A Autonomia de Luz Natural (DA) deve então ser calculada, que é a porcentagem de horas diurnas anuais em que um ponto específico em um espaço é mantido acima de um certo nível de iluminação, definido pelo usuário. O novo Padrão Europeu para Luz Natural EN17037 afirma que os seguintes critérios devem ser atendidos (requisitos mínimos para Autonomia Espacial): iluminância de 300 lux acima de 50% do espaço durante mais da metade das horas iluminadas e iluminância de 100 lux para 100% do espaço mais da metade das horas do dia.
A autonomia da luz natural é determinada pela localização, orientação, sombreamento e posição das janelas, bem como a relação entre a janela e o chão e a transmissão de luz visível do vidro. Os seguintes aspectos são fundamentais para alcançar um equilíbrio efetivo entre todas essas variáveis:
Considere a relação entre aberturas e espaço: relação entre janelas e piso
O cálculo da relação entre a área das aberturas e a área do espaço é chamado de Relação Janela-Piso (WFR) e é obtido dividindo-se a área total das aberturas pela área total das aberturas pelo espaço associado com elas. Esse fator ajuda a definir o número de aberturas que funcionarão efetivamente em cada espaço do nosso projeto. Ele também pode orientar coisas como dimensões, localização e tipo de aberturas. Em alguns países, como a França, é obrigatório ter pelo menos um WFR de 17% para todos os novos edifícios residenciais.
O valor WFR deve ser multiplicado pelo valor da Transmissão de Luz Visível do vidro escolhido (TLV), explicado abaixo, para garantir que o projeto se move dentro dos limites que garantem certos níveis efetivos de conforto visual (geralmente um valor acima de 0,15).
Decida a quantidade de luz que deve passar através do vidro: Transmissão de Luz Visível
Como descrito acima, a relação entre as aberturas e o espaço deve ser complementada com a Transmissão de Luz Visível (TLV), que corresponde à quantidade de luz visível que passa através do vidro. O vidro com TLV de 50% permite que 50% da luz atravesse e bloqueie os 50% restantes. Com isso, podemos decidir incorporar grandes aberturas em nosso projeto e, ao mesmo tempo, controlar a quantidade de luz que passa por ele, além de adicionar proteção contra os raios UV e o brilho.
Para obter resultados efetivos, todas essas análises devem ser adicionadas ao cálculo de outros fatores relevantes, como o coeficiente de ganho de calor solar e o valor U. É preciso levar em consideração as regulamentações locais, bem como as especificações técnicas dos tipos de janelas escolhidos.
Além disso, é essencial avaliar os pontos de vista para o exterior, integrando fatores qualitativos, como a paisagem urbana ou natural, ou outros elementos que podem ser observados a partir de cada superfície transparente. Considere a incorporação de sistemas de controle solar ou outros métodos que influenciam o conforto visual dos interiores do projeto de arquitetura.
Encontre mais detalhes no vídeo da Comic Book e no site da Saint-Gobain.
- [1] Indoor Environment And Well-Being. The Saint-Gobain Building Science Handbook.
- [2] Useful Daylight Illuminance (UDI) / Daylighting Pattern Guide. <https://patternguide.advancedbuildings.net/using-this-guide/analysis-methods/useful-daylight-illuminance> (accessed February 2019).
- [3] Daylight Autonomy (DA) / Daylighting Pattern Guide. <https://patternguide.advancedbuildings.net/using-this-guide/analysis-methods/daylight-autonomy> (accessed February 2019).