Arquicast #59: Lina Bo Bardi

No episódio #59, da série sobre personalidades da arquitetura, convidamos o arquiteto e historiador Renato Anelli, também conselheiro do Instituto Bardi; e a arquiteta, professora, historiadora e crítica de arquitetura Ana Luiza Nobre, para conversar sobre a vida e a obra de Lina Bo Bardi, a arquiteta italiana que tão bem absorveu as raízes brasileiras e as traduziu para a sua arquitetura original. Com formação pela tradicional faculdade de Roma, Lina extrapolou o escopo de trabalho habitual ao arquiteto, atuando ainda como ilustradora, editora, designer e cenógrafa.

Deixando uma Itália no pós-guerra dos anos 50, a arquiteta imigra para o Brasil com o marido e parceiro profissional Pietro Maria Bardi – crítico de arte e jornalista –,  onde foram os responsáveis por uma renovação de conceitos, instituições e práticas culturais estabelecidas no país até então. Na oportunidade compartilhada com o marido de criação e direção do Museu de Arte de São Paulo, a arquiteta propôs e implementou mais do que o surpreendente projeto modernista na Avenida Paulista, lançando os pilares de uma postura inovadora sobre como compreender e promover a arte no Brasil. Com sua visão proativa da arquitetura e sua relação dinâmica com o programa, Lina soube interpretar o contexto brasileiro, mesclando suas referências pessoais à uma valorização extrema e cuidadosa do local.

Seja na relação com a paisagem, natural ou construída, seja no domínio técnico-construtivo do edifício, ou ainda nos processos pouco tradicionais de condução das obras e do próprio projeto, a arquiteta sempre demonstrou uma postura inquieta e investigativa quanto à sua realidade. E mesmo em um contexto desfavorável soube impor o seu modo e o seu tempo. Seu reconhecimento até certo ponto tardio pela comunidade arquitetônica expõe a necessidade de se conhecer mais sobre seu trabalho e processo criativo, para além das suas já aclamadas obras.

Alguns exemplos icônicos da sua produção arquitetônica e explorados nesse bate-papo são A Casa de Vidro – onde hoje funciona o Instituto Bardi -, o MASP, o Solar do Unhão e o Sesc Pompéia. Edifícios bastante diferentes entre si que exemplificam a capacidade adaptativa da arquiteta e a forma integral com que sempre tratou a relação edifício x programa. Também nessa conversa, um pouco dos bastidores sobre a condução de cada uma dessas obras revela o choque metodológico com o qual a arquiteta se deparava ao lidar com contextos e clientes tão diferentes entre si, impulsionando-a a criar percursos únicos em cada trabalho a que se dedicava.

Com diversas exposições em sua homenagem no Brasil e no mundo, Lina hoje é uma referência para arquitetos e urbanistas, sendo lembrada ainda pelo engajamento social e político que marcou sua trajetória profissional. Para saber mais, ouça o cast aqui e acesse também o site do Instituto Bardi que, não só conserva parte da história e do legado do casal, mas expõe seu estilo de vida, revivendo as lições artísticas e arquitetônicas deixadas por eles.

 Texto de Aline Cruz

Sobre este autor
Cita: Arquicast. "Arquicast #59: Lina Bo Bardi" 25 Abr 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/915484/arquicast-number-59-lina-bo-bardi> ISSN 0719-8906

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