Ainda que a arquitetura esteja sempre em constante estado de transformação, ela nunca estará desassociada de seu passado. A herança construída pelo trabalho coletivo ao longo dos séculos, estará sempre acessível no presente para inspirar e proporcionar maior profundidade à temporalidade da arquitetura. A integração entre a paisagem natural e aquela construída pelo homem também não é nenhuma novidade na história da arquitetura.
Pensando nisso, Amey Kandalgaonkar, arquiteto e fotógrafo de arquitetura baseado em Xangai, foi buscar inspiração no túmulo de Madain Saleh na Arábia Saudita - uma estrutura escavada na rocha em uma montanha no meio do deserto. Apropriando-se desta histórica obra de arquitetura e patrimônio da humanidade, ele resolveu revistar o passado e projetar duas casas contemporâneas com uma abordagem bastante parecida.
Em busca de harmonia entre arquitetura e paisagem - levando em consideração a complexidade das formações rochosas de Madain Saleh - o arquiteto optou por formas e volumes simples para o desenvolvimento de sua primeira proposta: "House Inside a Rock". Ele primeiramente fez a modelagem 3D de toda a montanha sobre a qual ele posteriormente iria escavar e construir a sua arquitetura. Foi através deste processo de modelagem que ele pôde fundir a casa com a montanha. A estratégia era mais mimetizar a estrutura com a rocha do que destaca-la da paisagem. Para isso, ele manteve a casa praticamente incrustada na pedra ao invés de 'sobre a pedra'. Assim, a casa só é vista de muito perto ou através de uma vista aérea, mimetizando-se à paisagem quando observada de longe.
Para sua segunda proposta, "Rock House 3", o arquiteto propôs uma abordagem diferente, interferindo minimamente na montanha, apoiando levemente a sua estrutura sobre delicados pontos de apoio. Assim, o resultado é uma casa suspensa sobre pilotis em meio ao deserto e sobre à montanha de pedra. Contrapondo a primeira proposta, este projeto foi inspirado na arquitetura de Xangai e suas estradas e rodovias que serpenteiam umas sobre as outras em meio a conturbada rede viária da cidade. Formas sinuosas se sobrepõe criando espaços em suas intersecções. Protegendo-se dos ventos fortes do deserto, a casa se fecha em um pátio central em direção ao qual se voltam a maioria das aberturas. Por outro lado, a casa se transforma em um percurso, onde rampas e escadas se sobrepõe, muitas vezes, abrindo-se sob o céu azul de Madain Saleh.
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