Caminhamos para um cenário onde a tecnologia BIM irá nos ajudar amplamente a maximizar as funções e habilidades dos profissionais da construção civil, abrindo espaço para que possamos planejar, projetar, construir e gerenciar edificações e infraestruturas com muito mais eficiência, integrando todos os sistemas estruturais, mecânicos, elétricos e hidráulicos de maneira responsável, econômica e sustentável.
A tecnologia BIM, que chegou ao Brasil há mais de 15 anos, traz inúmeras vantagens e desafios que são do conhecimento dos profissionais, que contam hoje com rasos incentivos e iniciativas públicas. Os desafios para mergulhar fundo e migrar para o BIM, exigem que estejamos preparados para as mudanças que a tecnologia nos propõe. Considerando os obstáculos culturais e processuais, temos um cenário nacional onde as ferramentas BIM são bastante conhecidas e estão em processo de evolução quanto ao seu entendimento e aprofundamento, sobretudo nos grandes centros urbanos onde cada vez fica mais difícil escapar à cadeia de inovação tecnológica.
O investimento dos profissionais na área é imprescindível para que todo o coletivo possa aumentar o nível de aperfeiçoamento. Para os profissionais paisagistas é necessário maior empenho para entender como se comportar dentro desse novo universo de modelagem inteligente e como, a partir dos projetos de arquitetura da paisagem, poderiam contribuir para a multidisciplinaridade que o BIM carrega.
A área de paisagismo encontra barreiras na implantação do sistema BIM, pois os softwares mais populares como Revit e ArchiCad não englobam ferramentas específicas para suprir as necessidades da área, o que torna maior e mais complexo o desafio, pois é necessário o desenvolvimento de um plano de ação que aborda não só os processos relativos ao uso dos softwares, mas também uma metodologia de uso que adapte de maneira inteligente as ferramentas oferecidas pelo mercado.
Nesse contexto encontramos um cenário onde a maioria das empresas continua a trabalhar da forma tradicional e justificam pela falta de ferramentas, responsabilizando os desenvolvedores, esses por sua vez não encontram peso nas reclamações, sugestões e propostas de novas ferramentas vindas dos profissionais, afinal os mesmos não as usam, e assim se forma o ciclo da paralisação tecnológica, onde não avançamos e se torna cada vez mais difícil e justificável não sair dele.
O desafio de adaptar as ferramentas disponíveis no Revit para a modelagem paisagística começa quando se percebe que elementos básicos da representação não existem, e passa a ser necessário o desenvolvimento e adaptação de praticamente tudo. Das famílias de vegetação com bases de dados relevantes, passando pelo mobiliários, iluminação, terreno, materiais e chegando na documentação dos projetos paisagísticos.
Para começar, é de extrema importância o desenvolvimento de toda a base de dados necessária, assim como as famílias e templates, para que os projetos tenham eficiência interna e externa, aumentando a produtividade, diminuindo o retrabalho no dia a dia, e, quando compatibilizados, levando informação referente a cada elemento da paisagem para os projetos com os quais estiver se relacionando. Dessa forma, viabiliza-se a compatibilização de maneira efetiva, possibilitando o cruzamento de informações, por exemplo, das árvores com informações de hidráulica, insolação e estrutura, podendo assim verificar interferências do tamanho de copas e raízes com fiação elétricas e tubulação de hidráulica ou até mesmo verificar a eficiência do plantio em relação a insolação diária que cada espécie recebe.
As pesquisas sobre o tema estão começando a surgir com maior evidência mundialmente, no cenário internacional temos como referência a pesquisadora Lauren Schmidt, fundadora e autora do landarchBIM.com, assim como palestras em eventos como o Autodesk University e conteúdos acadêmicos. No Brasil, o avanço se dá com maior lentidão, hoje temos o escritório Alexandre Furcolin Paisagismo como pioneiro na pesquisa exploratória e implementação do BIM para paisagismo, trabalhando para alcançar 100% dos seus projetos na plataforma até o fim de 2019.
A pesquisa e desenvolvimento não podem parar. O uso do Dynamo, Insight, entre outros softwares e plataformas são essenciais para produção de todas as espécies de vegetação que os projetos exigem e alcançar níveis de excelência. A busca de avançar nos limites do conhecimento das ferramentas para a incorporação de um banco de dados cada vez maior para as famílias, considerando por exemplo, o tamanho da vegetação ao longo do tempo, a eficiência de cada espécie no seu posicionamento, entre outras informações que podem contribuir cada vez mais de maneira integral para projetos inteligentes e completos.
Publicado originalmente em maio de 2019.
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