O conjunto localiza-se na Rua Santa Cruz, na Vila Mariana, próximo da Casa Modernista de Gregori Warchavchik, e é composto de 23 blocos com três pavimentos implantados em uma gleba triangular de 61,9 mil m2. A maioria dos blocos foi disposta com as fachadas voltadas para a direção leste-oeste e com uma distância que permite a insolação dos apartamentos.
A despeito da homogeneidade, a dimensão do conjunto e a exuberante arborização criam um ambiente diversificado e estimulante. A gleba é cortada por uma rua principal, mais larga do que as vias locais de acesso aos blocos, formando quadras compridas. Entre os blocos foram implantadas áreas verdes, permeadas por vias de pedestres. As construções se diluem na vegetação, conferindo ao local uma qualidade ambiental equivalente a de um parque urbano. O conjunto foi equipado com cooperativa de consumo, ambulatório médico e clube.
A implantação regular com edifícios padronizados, em meios a áreas verdes e alamedas arborizadas, remete à experiência das Siedlungen frankfurtianas (1924-1929), que associou a racionalização construtiva, da nova objetividade alemã, aos princípios urbanísticos das cidades-jardins, criando um novo modelo de organização espacial para os conjuntos residenciais.
Apesar da modernidade do plano urbanístico, o bloco ainda tem uma linguagem híbrida, com alguns componentes construtivos tradicionais, como telhado e janelas tipo veneziana, combinados com elementos tipicamente modernos, presentes na entrada e na coluna de escada, marcada por linhas geométricas e pelos cobogós, que fecham as áreas de serviço.
O módulo gerador do bloco é formado por uma coluna de escada e dois apartamentos. Para se adaptar ao formato triangular da gleba, os edifícios têm comprimentos variados, utilizando de um a seis módulos. Os apartamentos têm três quartos e, segundo relato dos moradores, foram alugados originalmente com equipamentos domésticos, como chuveiro, fogão, etc.
Setecentas famílias inscreveram-se para os 282 apartamentos construídos; uma comissão formada por representantes do sindicato e uma assistente social do IAPB sorteavam as famílias que seriam entrevistadas para avaliar se podiam arcar com o aluguel.
Data do projeto: 1940
Data da conclusão: 1953
Arquiteto: Carlos Frederico Ferreira
Área construída: 121.706,26 m²
Texto: Nabil Bonduki | FAUUSP - [BONDUKI, 2014]
Pesquisadores responsáveis: Prof. Leandro Medrano | FAUUSP, Prof. Luiz Recaman | FAUUSP
Pesquisadores: Cássia Bartsch Nagle, Katrin Rappl
Bolsista responsável por este número: Ana Cristina da Silva Morais
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Os Cadernos de Habitação Coletiva decorrem de um acordo de cooperação entre pesquisadores da FAUUSP com ETSAM-UPM, que resultou na elaboração de uma versão brasileira dos "Cuadernos de Viviendas", originalmente desenvolvido pelo . Esse acordo visa a sistematização de informações sobre as habitações coletivas, que ficarão disponíveis para pesquisadores, órgãos públicos, profissionais e interessados.