Acessibilidade em arquitetura é um conceito muito abrangente. Quando se trata de projetar espaços acessíveis, é importante considerar todos os tipos de limitações. Para aqueles arquitetos que compreendem o valor e a importância do desenho universal, as necessidades de uma pessoas com deficiencia visual não são muito diferentes das necessidades de todos nós.
Estratégias inclusivas são vitais para que todos os usuários, com suas diferentes limitações, sejam capazes de compreender e se relacionar da melhor forma com o espaço. Pensando nisso, selecionamos três projetos acessíveis exemplares e inclusivos à pessoas com deficiencia visual; uma casa, um edificio e um espaço público.
Uma casa para quem não vê
A Casa MAC, concebida pelo So & So Studio, foi projetada para uma senhora cega em Thiene, na Itália. Depois de viver mais de 50 anos em sua antiga casa, os arquitetos procuraram desenvolver um projeto de arquitetura que facilitasse a mobilidade e a orientação espacial.
Utilizando pisos táteis, os arquitetos criaram uma linguagem de referência através de um sistema de mapas integrados no piso. Os espaços funcionais da casa foram orientados ao redor de um corredor central, favorecendo uma circulação eficiente e minimizando o efeito labiríntico no interior da casa.
Para desenvolver este projeto, trabalhamos diretamente em contato com a nossa cliente para mapear seus hábitos cotidianos e os deslocamentos mais frequentes. Procuramos organizar os espaços de forma intuitiva (…) Cada uso e atividade diária foram transformados em um ponto de referência no mapa da casa.
Um centro para cegos
O Centro para Cegos e Deficientes Visuais, criado pelo Taller de Arquitectura + Mauricio Rocha, propõe um sistema que facilita a compreensão e o deslocamento do usuário no espaço, ativando os cinco sentidos. O projeto se desenvolve em um percurso plano que pode ser lido através de uma série de filtros táteis que atravessam todo o edifício, da porta de entrada até a saída.
O primero filtro faz referência ao edifício que abriga a administração, o café e os serviços comuns. O segundo filtro consiste em duas linhas paralelas, dois edifícios simétricos que flanqueiam a praça central. (…) O terceiro e último filtro contém as salas de aula e os pátios privativos. Perpendicularmente ao acesso, filtros foram concebidos e desenhados como uma série de volumes de pé direito duplo que abrigam a biblioteca, o ginásio-auditório e a piscina.
Linhas horizontais e verticais marcadas na superfície do concreto na altura das mãos funcionam como guias táteis para identificar a localização de cada edifício. Seis tipos de plantas e flores perfumadas habitam os jardins periféricos ao redor dos edifícios, atuando como sensores para ajudar a orientar os usuários dentro do complexo.
Um espaço público inclusivo
O Parque da Amizade de Marcelo Roux e Gastón Cuñaes é um espçio público criado para o desenvolvimento de atividades lúdicas inclusivas. Está composto por seis setores com jogos infantis, mobiliário urbano e equipamentos.
A demanda por um projeto público inclusivo nos levou a incorporação todos os sentidos para o desenvolvimento desta proposta. Apostamos em dispositivos que potencializam as experiências táteis, sonoras e aromáticas.
O parque conta com grandes superficies texturizadas, construindo percursos que remetem à relatos figurativos e abstratos sobre temas vinculados à astronomia, o universo, a história do homem e dos animais. Por outra parte, o projeto de paisagismo incorpora inumeráveis espécies vegetais que proporcionam cores, texturas e aromas específicos.
Publicado originalmente em 16 de agosto de 2019.