Em Julho último (2019), na Plataforma habita-cidade [1] foi organizada a Oficina-viagem “Modos de Habitar: Arquiteturas Tradicionais” que levou alunos e professores para a Aldeia Ypawu, em território Kamayurá no Alto Xingu. O objetivo geral das Oficinas-viagem “Modos de Habitar” é a reflexão propositiva sobre as diversas formas do Habitat humano no planeta. Neste ano, a partir de uma demanda dos mestres construtores Kamayurá de produzir um Manual de Arquitetura local, a Oficina-viagem foi preparada para que o grupo para lá deslocado atuasse como apoio para essa importante empreitada. A ideia do Manual de Arquitetura Kamayurá foi inicialmente lançada por Kanawayuri L. Marcello Kamaiurá (liderança local) para a arquiteta Clarissa Morgenroth (arquiteta formada na Escola da Cidade) e para a diretora teatral Cibele Forjaz. A Escola da Cidade foi então convidada a participar do projeto, que foi encampado pela Plataforma habita-cidade, ligada ao curso de Pós-graduação lato sensu ‘Habitação e Cidade’.
Apresentamos aqui a versão do Manual impresso na Aldeia, com revisão realizada já na Escola da Cidade. Para iniciar a divulgação desse valioso material, houve a decisão de apresentá-lo da maneira como está no momento, que corresponde aproximadamente ao que foi deixado impresso e encadernado na Aldeia, sendo que, assim que forem enviadas as correções por parte dos mestres construtores Kamayurá, o Manual aqui apresentado será atualizado. No momento está sendo elaborada uma versão ampliada e completa a ser editada oportunamente.
A primeira publicação aqui divulgada corresponde ao Caderno Técnico referente às etapas da construção da casa tradicional Kamayurá. A segunda publicação corresponde ao Manual com um balanço dos levantamentos realizados.
Manual da Arquitetura Kamayurá 02 - Construção (Architecture of the Kamayurá 02 - Construction)
A casa Kamayurá define a área circular onde se encontra a aldeia e a vida Kamayurá. Seus elementos estruturais são combinados com economia e elegância, por componentes esbeltos que se fundem num sistema coeso. Construída com materiais retirados da floresta, sua sofisticação não é apreendida num primeiro olhar.
Manual da Arquitetura Kamayurá 01 (Architecture of the Kamayurá People 01)
A casa Kamayurá define a área circular onde se encontra a aldeia e a vida Kamayurá. Seus elementos estruturais são combinados com economia e elegância, por componentes esbeltos que se fundem num sistema coeso. Construída com materiais retirados da floresta, sua sofisticação não é apreendida num primeiro olhar.
Luísa Valentini (antropóloga), Anna Dietzsch (arquiteta, professora na Columbia University e ex-professora da Escola da Cidade) e Luis Octavio de Faria e Silva (mediador da Plataforma habita-cidade e professor na Escola da Cidade) juntaram-se à Clarissa (conhecida atualmente como Clara) e Cibele na preparação da Oficina-viagem que contou com um curso preparatório quando aconteceu a conceituação e a instrumentalização para a realização do Manual. O arquiteto André Garcia, atuante na Plataforma habita-cidade, trabalhou como apoio ao projeto.
O curso preparatório aconteceu de Abril a Junho de 2019 e a Oficina-viagem de 6 a 27 de Julho desse mesmo ano. No curso preparatório, participaram como educadores/professores, além dos organizadores, Roberto Guedes, Glória Kok, Paulo von Poser, Jerá Poti Miri, Thiago Guarani, Thiago Werá e Bita Nogueira. A esse grupo juntaran-se os alunos da Escola da Cidade: Amanda Klajner, Annick Matalon, Flora Campos, Gabriela Rudge, Jorge Forjaz da Mata, Ligia Lanna, Luciana Fernandes, Marina Sznajder, Paulla Mattos (arquiteta, aluna da Pós-graduação na EC), Sabrina Dias, Sofia Boldrini e Kerexu Guarani, filha de liderança Mbya-Guarani em São Paulo, que também fez parte do grupo. Os arquitetos que aderiram à Oficina-viagem foram Mariana Gortan e Thomas Weber.
Para a realização da Oficina-viagem, alguns apoios devem ser destacados: da Escola da Cidade apoiaram a Diretoria da Associação, o Conselho Escola, o Conselho Cientifico, a Contabilidade, a Informática, além dos membros atuantes na Plataforma Habita-Cidade, da Companhia Livre , Ana Paula Martins e o Núcleo B.
O grupo da Escola da Cidade deixou para a Aldeia Ypawu, entre outras contribuições, um computador e uma impressora, com a qual foi feita a impressão da primeira tiragem dos manuais, que foram distribuídos para os mestres Kamayurá para que eles pudessem realizar uma revisão geral, indicando grafias incorretas e equívocos eventuais.
Nota
[1] A Plataforma habita-cidade trabalha com uma agenda socioambiental e opera sob a Associação Escola da Cidade, mantenedora da Escola da Cidade Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Fomenta e organiza ações alinhadas com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ODS (2030), na perspectiva de defesa da fundamental governança planetária representada pela ONU e seus desdobramentos. São 17 os ODS para transformar o nosso mundo, buscando acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas. No âmbito da Plataforma habita-cidade são promovidas as Oficinas-viagem "Modos de Habitar", nas quais se busca compreender possibilidades para o Habitat humano.
Publicado originalmente em 20 de agosto de 2019, atualizado em 1 de agosto de 2020.