Marcada pelo encontro e potencialização mútua entre projeto curatorial e atuação institucional, a 34a Bienal de São Paulo enfatiza poéticas da “relação” e adota uma estrutura de funcionamento inovadora, que envolve a realização de mostras e ações apresentadas no Pavilhão da Bienal a partir de fevereiro de 2020 e a articulação com uma rede de mais de 20 instituições paulistas. Quando o Pavilhão for inteiramente tomado pela mostra, a partir de setembro de 2020, essas instituições promoverão, em seus próprios espaços, exposições integrantes da 34a Bienal.
Com curadoria geral de Jacopo Crivelli Visconti e equipe curatorial composta por Paulo Miyada (curador adjunto) e Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez (curadores convidados), a 34a Bienal de São Paulo é intitulada Faz escuro mas eu canto, verso do poeta amazonense Thiago de Mello (Barreirinha, 1926), e será inaugurada por mostras individuais das artistas Ximena Garrido-Lecca, Clara Ianni e Deana Lawson, além de performances de autoria de Neo Muyanga, León Ferrari e Hélio Oiticica.
Arquitetura
Motivado pelo conceito de “relação”, o escritório Andrade Morettin Arquitetos, convidado para desenvolver o projeto arquitetônico e expográfico da mostra, propôs, para a 34a Bienal, trabalhar com a ideia de uma dimensão intermediária que torne mais íntima a escala monumental do Pavilhão, facilitando a conexão entre os visitantes e as obras. De acordo com Marcelo Morettin, “o projeto pretende trazer o conceito do espaço público do Parque Ibirapuera para dentro do prédio por meio de estruturas análogas a praças e calçadas, que mimetizem o funcionamento da marquise, conectando galerias que — quase como edifícios porosos que se contrapõem à escala ‘urbana’ do pavilhão projetado por Oscar Niemeyer — vão oferecer ambientes de naturezas variadas, em uma escala mais contida”.
Identidade visual
Desenvolvida pelo artista e designer Vitor Cesar, que tem formação em Arquitetura e Urbanismo, a identidade visual da 34a Bienal incorpora a poética do ensaio proposta pela curadoria ao desenvolver uma linguagem maleável que pode ser transformada em função dos diferentes contextos da 34a Bienal. Nesse sentido, são compartilhadas agora as primeiras sintaxes visuais desse sistema, e novas irão aparecer nos diversos espaços de comunicação da mostra ao longo do tempo. “Ao invés de sintetizar uma imagem única, busca-se experimentar uma pluralidade visual em que é possível transitar entre clareza e complexidade com recursos criados a partir de ideias como encontros, atravessamentos, vínculos, vincos, dobras e relevos”, explica o designer.
Sobre o título
Encarado mais como uma afirmação que como um tema, o título da 34a Bienal de São Paulo, Faz escuro mas eu canto, é um verso do poeta Thiago de Mello, publicado em livro homônimo do autor em 1965. Em sua obra, o poeta amazonense fala de maneira clara dos problemas e das esperanças de milhões de homens e mulheres ao redor do mundo: “A esperança é universal, as desigualdades sociais são universais também (...). Estamos num momento em que o apocalipse está ganhando da utopia. Faz tempo que fiz a opção: entre o apocalipse e a utopia, eu fico com a utopia”, afirma o escritor. Crivelli Visconti completa: “por meio de seu título, a 34a Bienal reconhece o estado de angústia do mundo contemporâneo enquanto realça a possibilidade de existência da arte como um gesto de resiliência, esperança e comunicação”.
34a Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto
Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera
Entrada gratuita
Exposições individuais
Ximena Garrido-Lecca / Neo Muyanga: 8 de fevereiro a 15 março
Clara Ianni / León Ferrari: 25 de abril a 8 de junho
Deana Lawson: 18 de julho a 23 de agosto de 2020
Exposição coletiva*: de 5 de setembro a 6 de dezembro de 2020
* com performance de Hélio Oiticica na abertura
Equipe curatorial
Curador geral: Jacopo Crivelli Visconti
Curador adjunto: Paulo Miyada
Curadores convidados: Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez
Curadora convidada para publicações: Elvira Dyangani Ose, diretora do The Showroom, Londres