Como parte de uma nova exposição, a galeria The Chimney com sede no Brooklyn em Nova Iorque, apresenta Small landscapes from near and far" da artista mexicana Perla Krauze. Para sua primeira exposição na galeria, Krauze documentou duas geografias: a terra mexicana e o terreno urbano de Nova Iorque. Em ambos os lugares, a artista reuniu, alterou e reproduziu fragmentos da terra e registrou o efeito do tempo nas superfícies das ruas locais. Entrelaçados em um diálogo complexo, esses dois lugares combinados representam uma topografia pessoal e um mapa emocional que questiona a noção de pertencimento territorial.
A instalação de Krauze consta de um piso ondulado feito de cerâmica plana e irregular, rochas de obsidiana, pedras pintadas com folhas douradas, pedregulhos, pedaços de mármore e granito, principalmente de lojas e oficinas locais em Bushwick. Alguns desses materiais foram extraídos do território norteamericano, enquanto outros foram importados de países como China, Itália, Brasil e Turquia. Pequenas pedras foram coletadas em Novo México - um território que antes pertencia ao México -, as quais se encontram dispersas sobre o solo. Os recursos naturais do México e a produção mineral de Nova Iorque se refletem, entrelaçadas em uma complexa "poética do espaço" e rede ecológica.
Ao longo de suas numerosas viagens por seu país, desde caminhadas na Cidade do México, até visitas a oficinas de pedreiras em Puebla, Krauze coletou uma grande quantidade de materiais locais, continuamente utilizados e explorados em seu trabalho. Para ela, eles guardam a memória do seu lugar de origem e atestam as implicações espaciais e físicas dos movimentos culturais e geológicos.
Ao invés de considerá-lo unicamente através do espectro dos fluxos migratórios, o deslocamento cultural é pensado a partir de nosso entorno físico, a partir dos micro-movimentos da crosta terrestre até o comércio mundial de pedra e minerais para produtos manufaturados e projetos de construção. Em "Small landscapes from near and far", as identidades em transformação do México e Nova Iorque se revelam através de marcas quase invisíveis para os transeuntes em seu contexto original. Ao dissolver fronteiras e fundir fraturas, Krauze desmascara estas duas localidades em uma instalação que entrelaça as memórias de ambas as terras em uma ode à diversidade.
- The Chimney
Em Nova Iorque a artista desenvolveu uma pesquisa topográfica similar nos arredores da galeria The Chimney. Gravou a história industrial e contemporânea do bairro ao capturar as rachaduras e a textura do piso da galeria e as cicatrizes de asfalto das ruas. Usando acrílico e borracha para preencher essas fissuras urbanas, Krauze logo tornou magníficas essas formas fundindo-as em bronze. Em sua série Paisaje, as marcas dessas esculturas têm uma qualidade cartográfica: as linhas do concreto da galeria e o piso erodido aparecem enganosamente como a forma de uma linha costeira ou a marcação de um riacho.
Via The Chimney.
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Perla Krauze (1953) trabalha e vive na Cidade do México. Completou seu mestrado em artes visuais na Chelsea College of Art, Londres (1993). Sua obra integra coleções do Museu de Arte Moderna da Cidade do México, do Museu de Arte Contemporânea da Cidade de Oaxaca, Museu de Arte Carrillo Gil, Museu da Secretaria da Fazenda e Crédito Público e do Museu de Arte Contemporânea de Scottsdale no Arizona.
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Este artículo fue originalmente publicado el 6 de junio de 2019.