Como resultado dos três meses de formação em articulação local no pioneiro Programa de Embaixadores COURB, mobilizadores de diferentes cidades brasileiras promoveram ações nos seus territórios. Almejando a construção colaborativa de cidades inclusivas, a Jornada de Articulação, realizada a muitas mãos, aconteceu entre os meses de agosto e setembro e contou com três tipos de ações: rodas de conversa, intervenções no território e proposições coletivas. Os embaixadores mapearam e engajaram no programa mais de 150 instituições - entre prefeituras, universidades, coletivos, empresas e organizações.
Confira a seguir algumas das ações realizadas:
Intervenções no território: Maceió e Presidente Prudente
Na capital alagoana e no interior paulista, foram realizadas intervenções urbanas com o intuito de engajar a população local na melhoria dos espaços públicos e fomentar a manutenção dos espaços urbanos pelos próprios cidadãos, investindo na construção de identidade coletiva e no sentido de pertencimento.
No caso de Maceió, a ação foi articulada no início de setembro por Mariana Melo, com apoio do Coletivo Aqui Fora, Mov. dos Povos das Lagoas, Quintal Cultural, Prefeitura de Maceió e IDEAL. Seu objetivo central foi estimular a apropriação, pelos moradores, da praça do Monumento ao Milênio e dos espaços públicos em seu entorno, no bairro do Vergel do Lago. A partir de uma metodologia participativa, os moradores da comunidade puderam colaborar com a elaboração do projeto, que contou com diversas atividades: desde a intervenções físicas, como a paginação de piso, pintura e instalação de mobiliário urbano, até apropriações no uso do espaço e sua manutenção, como o plantio de mudas, mutirão de limpeza, oficinas e criação de brincadeiras infantis.
Já em Presidente Prudente, a ação foi realizada pelo embaixador Jean Guilherme Oliveira, com a colaboração do Núcleo de Urbanismo em Práticas Colaborativas da UNOESTE, Centro de Acolhimento LGBTQ+, Cassassa e Escritório Modelo Dual. O objetivo central da ação foi aproximar os ingressantes no curso de arquitetura e urbanismo das questões sociais da futura profissão, apresentando o lado do arquiteto preocupado com a qualidade de vida de uma comunidade, mas também promovendo uma cidade mais inclusiva, através de percursos urbanos, frases reflexivas pelo bairro, atividades e intervenções lúdicas na praça do Conjunto Habitacional João Domingos Netto.
Proposições Coletivas: Belém, Brasília, São Paulo, São Leopoldo
Na cidade de Belém, os embaixadores Augusto Júnior, Clara Rodrigues, Lucas Almeida e Michelli Ramos articularam a ação intitulada Ver ver o Rio, em parceria com as organizações Engajamundo, Coletivo Jovens do Meio Ambiente, LAU, Varietê, Beirando a Moda, Tela Firme e Lab da Cidade. O objetivo central foi refletir sobre a relação entre a cidade e seus rios, passando pela discussão dos seus usos. Partindo disso, pretendia desenvolver outras atividades para o espaço que convive diariamente com a insegurança e a deterioração de sua infraestrutura, apesar de se configurar como ponto turístico. A programação contava com palhaçaria, oficinas, bate-papo, cinema de rua, música e uma mini biblioteca. No entanto, a chuva impossibilitou a realização do cinema de rua, o que não prejudicou o evento, pois o público se manteve consistente e atento às outras atividades.
No Centro-Oeste, Brasília recebeu o evento “Abrace Sua Praça”, promovido por Marina Tedesco e Olga Chiode, com apoio do Instituto COURB, da Administração do Cruzeiro Novo, IBRAM-DF, SLU, Coletivo MOB e Yolo Sustentabilidade. A ação consistiu em uma roda de conversa entre representantes da comunidade local, coletivos e governo. O objetivo foi conectar os atores locais e sequencialmente discutir sobre possíveis intervenções na praça e no espaço verde que a compõe. Depois de todos os participantes terem seu momento de fala, foi conduzida uma dinâmica de mapeamento afetivo: todos foram convidados a colocar no papel suas percepções sobre o espaço, gerando um momento riquíssimo de trocas. Como resultado dessa construção coletiva, a Administração Regional propôs a realização de uma nova atividade na praça (a princípio, um mutirão), prevista para dezembro deste ano, atualmente sendo estruturada em conjunto com as embaixadoras.
Na cidade de São Paulo foi organizado o curso intitulado a prática da cidade no espaço do colégio, promovido pela embaixadora Karen Martini, em parceria com o Colégio Vértice e Luísa Lara. Os cinco encontros realizados estimularam os alunos a pensar as dinâmicas que afetavam o espaço de sua escola e propor uma intervenção física. A partir de dinâmicas e discussões, os estudantes desenvolveram um papel crítico e ativo, percebendo seu poder para criar mudanças nos ambientes em que frequentam. Como resultado desse processo de sensibilização, a embaixadora está estruturando um segundo curso para que professores, alunos e funcionários construam e discutam um plano diretor para esse colégio.
Já no sul do país, em São Leopoldo, as embaixadoras Julia Rolim e Carline Carazzo articularam a criação do grupo local Cuidamos da Praça Tancredo Neves, com o apoio do Interventura, da Associação Isaura Maia Núcleo Tancredo Neves, do Educador Rafael Centauro, da Prefeitura de São Leopoldo e da Unisinos - Arquitetura e Urbanismo. Partindo da reconhecida demanda de espaço público voltado à crianças, apresentada pelos moradores e pela associação Isaura Mais, foi realizada uma vivência com as crianças no Encontro Regional de Arquitetura e Urbanismo – EREA SUL, posteriormente resultando em um diagnóstico. A ação, que segue ainda em articulação, visa a reurbanização da praça e a criação de espaços que permitam uma interação mais efetiva.
Rodas de Conversa: Fortaleza, Juazeiro do Norte, Santa Maria
No Ceará, foram realizadas duas rodas de conversa: uma no litoral, em Fortaleza, e a outra no interior, em Juazeiro do Norte. Na primeira, a embaixadora Mariana de Oliveira promoveu uma roda de Conversa sobre Urbanismo Colaborativo, com a presença do Coletivo A-braço, Escritório Estar Urbano, Coletivo Natora, Taramela Assessoria Técnica, Escritório Ladrilho, Ciclovida, Coletivo Duas Catitas e Muda Meu Mundo. A ação aconteceu na Praça Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, mais conhecida como Praça das Flores, e objetivou discutir sobre a construção de cidades mais inclusivas, a partir da experiência de cada um dos participantes, passando pelas temáticas de juventude e periferia, processos urbanos em conjunto com o poder público, intervenções temporárias, mobilidade cicloviária, entre outros.
Em Juazeiro, a embaixadora Wennyta Pinheiro articulou uma roda de conversa na Praça do Giradouro. Apesar de ter encontrado desafios para a mobilização local, a ação foi realizada em conjunto com o Projeto Cine Ágora, Projeto Passe certo e um doutorando em urbanismo para discutir sobre a promoção do urbanismo colaborativo e da democratização do conhecimento e atividades em rede para melhorias da infraestrutura urbana, na discussão os participantes refletiram sobre a falta de articulação entre as faculdades de urbanismo e sobre a necessidade de se trazer a discussão sobre espaço público pro restante da sociedade local, e não somente acadêmicos.
No Rio Grande do Sul, em Santa Maria, a embaixadora Giovanna D. Martinelli realizou uma roda de conversa com apoio do EMAU Perspectiva, do grupo Engenheiros sem Fronteiras e do Núcleo SM na comunidade Estação dos Ventos para uma aproximação referente a uma ideia de projeto colaborativa para requalificar um terreno baldio disponível no local para a construção de praça.
Resultados e Desdobramentos
Durante o 4º COURB, Encontro de Urbanismo Colaborativo, realizado em setembro na cidade de Belém, tanto as ações quanto os resultados atingidos foram compartilhados em uma sessão livre, possibilitando aos embaixadores refletir sobre os desafios para mobilização local junto aos participantes presentes. Dentre alguns dos pontos apresentados estão os desafios em levantar recursos que viabilize a realização das ações e melhorias urbanas, além da dificuldade em engajar atores com ritmos e discursos distintos. Em termos de conquistas, foi destacado o potencial de ação conjunta em rede e da troca de saberes, além da adaptabilidade de alguns grupos no surgimento de imprevistos e mudanças no planejamento da ação.
Para o embaixador Augusto Júnior, de Belém, foi importante perceber que “a percepção do espaço urbano, assim como as forças que o compõem e produzem, é indispensável para conseguir dialogar e saber lidar com entraves que podem aparecer no meio do caminho, sobretudo no momento da ação.”
Dentre desdobramentos identificados estão o impulsionamento de alguns projetos após o engajamento local efetivado pelos embaixadores, a integração de atores distintos e a mobilização local para a realização de novas ações, a serem desenvolvidas nos próximos meses.