A ONU-habitat ou a agência das Nações Unidas para assentamentos humanos e desenvolvimento urbano sustentável, cujo foco principal é lidar com os desafios da urbanização rápida, vem desenvolvendo abordagens inovadoras no campo do design urbano, a fim de incentivar a participação ativa, especialmente de crianças, mulheres e indivíduos carentes.
Focado no uso da tecnologia da informação e comunicação (TIC) como meio para envolver a comunidade na tomada de decisões, o objetivo é alcançar um planejamento inclusivo, oferecendo ao público uma ferramenta acessível para traduzir e visualizar suas ideias. Foi assim que o projeto "block by block", iniciado em 2012, usando o popular jogo de computador Minecraft, permite que pessoas que não estão no campo criativo redesenhem suas cidades e regenerem seus espaços públicos. Essa iniciativa da ONU-Habitat, em colaboração com Mojang, criadores do videogame mais vendido, incentiva basicamente os habitantes a jogarem em seu bairro, mesmo que nunca tenham usado ou visto um computador antes.
Freqüentemente esquecida, a desigualdade de gênero no ambiente planejado está no radar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030, que afirmam a necessidade de “fornecer acesso universal a espaços verdes e públicos seguros, inclusivos e acessíveis, especialmente para mulheres e crianças, idosos e pessoas com deficiência”. De fato, como as mulheres experimentam o espaço público de maneira diferente dos homens, elas devem estar envolvidas no processo de planejamento desses locais. Tanto nos países, desenvolvidos como nos em desenvolvimento, as mulheres não se sentem seguras na esfera pública.
A ONU-Habitat está abordando essa questão, incentivando e facilitando o envolvimento de mulheres e meninas no planejamento de seus espaços públicos, através da iniciativa "block by block". Oficinas são realizadas em todo o mundo, onde as mulheres são ensinadas a construir usando o conceito fácil de blocos de material. O resultado desse processo é um design inclusivo, bem como uma comunidade engajada, ativa e capacitada.
Em 2017, em Hanói, foi realizada uma oficina com cinquenta meninas que mapearam onde se sentiam inseguras, concentrando-se nas condições físicas, uso do espaço, mobilidade, transporte e serviços disponíveis na cidade. As participantes declararam que, através do Minecraft, suas opiniões foram levadas em consideração, sentindo-se mais confiantes em compartilhar suas ideias com os adultos.
Três meses após o workshop, três passagens subterrâneas na nossa comunidade foram redecoradas com imagens desenhadas por nós mesmas, a parede não é mais suja e a luz está sempre acessa a partir das seis horas da tarde, todos os dias. Nós estamos orgulhosas porque fizemos parte de uma grande mudança. - Participante da iniciativa Block by Block.
Em Deli, a iniciativa ajudou a priorizar a iluminação pública para aumentar a segurança da comunidade. Na Faixa de Gaza, o programa permitiu a incorporação de ideias de mulheres e meninas na reconstrução de espaços públicos importantes que, desde então, beneficiaram cerca de 100.000 pessoas. Também na Palestina, desde 2019, a ONU-Habitat realizou uma investigação sobre o espaço público em toda a cidade para avaliar as experiências e os desafios das mulheres no acesso e uso de espaços públicos. Por outro lado, na Suécia, uma colaboração teve como objetivo coletar e mapear boas práticas globais, demonstrando como o desenvolvimento urbano feminista participativo pode melhorar as condições de vida da sociedade como um todo.
Via UN-Habitat.