Não é de hoje que cientistas e ambientalistas tem alertado a população acerca do superaquecimento do planeta Terra, resultado de um conjunto de ações humanas que aos poucos tem produzido uma série de catástrofes ambientais rumo ao abismo. Posto isso, nas últimas cinco décadas o termo Aquecimento Global passou a ser utilizado em massa em um conjunto de artigos e discursos, não apenas científicos, mas sobretudo, políticos, dados os números alarmantes. Além disso, uma série de acordos foram firmados com a finalidade de adotar um conjunto de ações em prol da saúde do planeta.
No entanto, você sabia que a construção civil é hoje um dos maiores setores contribuintes para o aquecimento do planeta e crise climática?. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), hoje, 36% da energia global é dedicada aos edifícios e 8% das emissões de poluentes do mundo são causadas apenas pela produção do concreto. Portanto, a comunidade arquitetônica está diretamente relacionada como um dos responsáveis pelas mudança climáticas, em destaque pela produção de energia gasta nos edifícios e produção material para a construção civil.
Pensando nisso, reunimos um conjunto de cinco projetos em diferentes partes do mundo que criam soluções para enfrentar a crise climática. Veja a seguir:
Pavilhão Flutuante auto-sustentável em Rijnhaven, Roterdã
Com o objetivo de enfrentar os desafios da mudança climática mundial, além de se tornar a capital mundial de redução de CO² mediante a redução de 50% de suas emissões de carbono, a cidade de Roterdã desenvolveu um conjunto de estruturas flutuantes auto-sustentáveis em 2013, com ambiciosos planos para adaptar-se ao aumento do nível do mar.
O projeto é um catalisador para a mudança climática, operando a partir de três cúpulas interligadas e ancoradas no antigo porto da cidade holandesa. Projetado pelos arquitetos DeltaSync e Publicdomain Architects, o pavilhão e é um exemplo de arquitetura inovadora e sustentável à prova do clima. No entanto, a ideia é que as estruturas abriguem diferente tipologias, sobretudo, uma comunidade de casas flutuantes. Estruturalmente, o abrigo translúcido funciona através da energia solar e é construido de plástico anticorrosivo ETFE, que é 100 vezes mais leve que o vidro e, por conseguinte, ideal para uma estrutura que deve flutuar.
Humanscapes Habitat - Moradias Urbanas / Auroville Design Consultant
Construído na índia, este projeto habitacional é uma investigação aplicada e projeto-piloto do Programa Vida Urbana Sustentável e Integrada, utilizado para benchmarking em habitações. Pertinente na atual crise global de energia e mudanças climáticas, apresenta soluções para um modo de desenvolvimento sustentável, buscando aprimorar a capacidade do setor da construção civil na Índia, hoje, desorganizado, incentivando a transição de construções com materiais altamente tóxicos e poluentes para materiais e tecnologia que reduzam a pegada de carbono.
Utilizando materiais e técnicas construtivas locais, tornou-se energeticamente eficiente, gerando sua própria energia e utilizando energias renováveis. Alguns itens determinantes do projeto são: zero desperdício de água; redução e reciclagem de resíduos sólidos; paisagismo com espécies endêmicas locais; cultivo de alimentos orgânicos, entre outros. Além disso, algumas consequências naturais da configuração do empreendimento serão a redução dos deslocamentos, integrando espaços de trabalho e de moradia, utilização da força comunitária com a infraestrutura, bem como a adoção de opções de mobilidade limpa, como veículos elétricos para deslocamentos externos.
Escola Flutuante em Makoko / NLÉ Architects
Levando em consideração o impacto das mudanças climáticas e aumento do nível do mar nos últimos anos, além da erosão costeira e chuvas tropicais que tem sobrecarregado o sistema atual, os arquitetos do NLÉ desenvovleram este projeto para a escola Makoko, pensado como um protótipo flutuante para melhorar a arquitetura e o urbanismo das cidades costeiras da África, criando casas, centros comunitários e playgrounds com o mesmo sistema.
Projetada para 100 alunos e seus professores, a escola tem 100 m² e 10 metros de pé direito. O projeto utiliza cerca de 256 barris de plástico reutilizados para flutuarem na água e a estrutura com madeira reaproveitada. A eletrecidade é proveniente de painéis solares, enquanto a colheita de águas pluviais facilita o uso dos inodoros de compostagem, instalado como uma solução para o sistema de esgoto inexistente, tornando-se autosustentável.
Pavilhão Archifest Zero Waste / WOW Architects
Visando o desperdício zero como estratégia construtiva, uma vez que este método evita que processos industriais de produção material produzam poluentes atmosféricos e sobretudo, contribuam para o aquecimento climático, este projeto foi desenvovlido em torno de dois rápidos sistemas altamente implantáveis e reutilizáveis. A estratégia de resíduos zero considera o tempo, materiais, custos e a vida de seus elementos. O sistema de caixa-treliça, incluindo a cobertura, toma no máximo cerca de 7 dias para ser desenvolvido. A membrana demora no máximo cerca de 3 dias para se instalada. No total, o período necessário para a montagem do Wonder|Wall seria de 10-15 dias. A membrana celular, uma vez retirada pode ser reutilizada para outras funções.
Oceanix City / Bjarke Ingels Group
Como parte da Nova Agenda Urbana da UN-Habitat, este projeto desenvovlido pelo escritório Bjarke Ingels Group busca responder à ameaça iminente da mudança climática, pronpondo-se a criar a primeira comunidade flutuante sustentável do mundo, pensada para acomodar 10.000 pessoas. “Oceanix City” é uma resposta à previsão de que, em 2050, 90% das maiores cidades do mundo estarão expostas à elevação dos mares, resultando em deslocamento de massa e destruição de casas e infraestrutura. O projeto está ancorado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, promulgando fluxos circulares de alimentos, energia, água e resíduos, tornando-se auto-sustentável.
De acordo com Ingels, "A única constante no universo é a mudança. Nosso mundo está sempre mudando e, neste momento, nosso clima está mudando. Não importa quão grande seja a crise, grande também é nossa potência humana coletiva. Temos o poder de nos adaptar à mudança e temos o poder de dar forma ao nosso futuro".