Passou-se o tempo em que usinas de energia eram vistas com certo ceticismo, estruturas construídas em “terra de ninguém”, afastadas dos centros das cidades por suas características estéticas “pouco agradáveis” além de representarem um risco à saúde das pessoas. A construção de termelétricas e usinas nucleares, por exemplo, foram construídas pela necessidade de impulsionar o desenvolvimento econômico ao redor do mundo. Estruturas pensadas apenas para serem eficientes e práticas. Entretanto, o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de energia limpa e renovável tem provocado uma série de mudanças ideológicas, as quais, estão impulsionando uma nova abordagem.
Ao longo das últimas décadas porém, o crescimento exponencial das áreas urbanizadas fez com que as cidades chegassem até estas áreas anteriormente desabitadas, incorporando tais infra-estruturas no espaço urbano e no dia-a-dia de seus habitantes. Por outro lado, o desenvolvimento de novas tecnologias e o surgimento de soluções alternativas – e mais sustentáveis – de produção de energia, provocou uma transformação na maneira com que o espaço urbano – e seus habitantes – se relacionam com tais infra-estruturas. Enquanto as usinas termelétricas e estruturas similares eram vistas como objetos monumentais, sórdidos e cinzentos, os quais deveriam estar o mais longe possível do centro das cidades, as novas infra-estruturas de produção de energia limpa são vistas com bons olhos pelos cidadãos das cidades contemporâneas, funcionando até como mecanismos de transformação sócio-espacial.
Atualmente, projetos de infra-estruturas de energia estão se tornando cada dia mais frequentes em nossas cidades, dando forma a uma nova tipologia arquitetônica que procura combinar a necessidade por eficiência e economia além de responder à uma enorme variedade de diferentes contextos específicos, seja urbano ou rural, construído ou natural. Abaixo, compilamos uma lista com dez exemplos de projetos de infra-estruturas de energia nos quais arquitetos e designers procuram explorar as possibilidades estéticas desta nova tipologia ao mesmo tempo que ajudam a construir um futuro mais sustentável para as nossas cidades.
Usina Hidrelétrica Ragn d'Err / Vincenzo Cangemi Architectes
A Usina de Mulegn um exemplo de praticidade e beleza. Este singelo edifício foi projetado a partir de uma estrutura de concreto capaz de resistir à inundações além de contar com um revestimento de madeira responsável pelo isolamento acústico da usina. Elementos vazados de madeira, instalados na parte alta da fachada com orientação sul, permitem que a luz natural penetre livremente no interior do edifício, servindo também para controlar passivamente o aquecimento e o resfriamento no interior da pequena usina. Estes lanternins, finalmente, projetam o ruído das máquinas na direção oposta à vila vizinha de Tinizong.
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Värtan Bioenergy CHP-plant / UD Urban Design AB + Gottlieb Paludan Architects
A Usina de Värtan é a maior planta de cogeração de energia de biocombustível do mundo. A estrutura projetada em parceria pelas equipes de arquitetos do UD Urban Design AB e da Gottlieb Paludan foi concebida em um contexto de investimentos que procuram diminuir significativamente a pegada ecológica da cidade de Stokholm, Suécia. A sua fachada sinuosa de painéis cerâmicos ecoa as tonalidades dos tijolos das fachadas histórias do bairro industrial no qual está inserida, construído um diálogo entre o passado e o presente. De acordo com o ponto de vista, através desta série de elementos opacos, é possível vislumbrar o interior do edifício e as pessoas que nele trabalham.
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Hydroelectric Power Station / monovolume
A hidrelétrica de Dörfl consiste em um pequeno volume multifacetado de concreto, esculpido em meio à paisagem natural da pequena cidade de Vandoies di Sotto, no norte da Itália. Concebido como uma rocha extraída dos Alpes, os visitantes que passam por ali se deparam com um edifício surpreendente e curioso. Aproximando-se de sua fachada obtusa, é possível entrever o interior do edifício através dos rasgos de vidro que fragmentam o volume irregular da superfície de concreto de sua fachada.
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Usina Brattørkaia / Snøhetta
Situada em Trondheim, na Noruega, a usina Brattørkaia é um edifício que desafia as condições climáticas extremas para redefinir o conceito de auto-suficiência energética em arquitetura. O edifício projetado pelo Snøhetta foi concebido para produzir mais que o dobro da energia elétrica que consome, servindo ainda como um espaço agradável para os seus usuários e aberto para a comunidade da cidade de Trondheim.
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Usina de Biomassa / Matteo Thun & Partners
A Usina de Biomassa de Schilling, foi concebida para operar em conjunto com uma serraria próxima, transformando o ciclo da madeira em algo genuinamente virtuoso: os resíduos desta serraria, na forma de cascas e aparas, tornam-se biomassa combustível que servem para esta usina. Por sua vez, a usina gera energia na forma de calor para cobrir as necessidades da serraria. Em termos arquitetônicos, isso se traduz em uma forma estética de ecologia: transparência, leveza, e clareza estilística expressas em um núcleo de aço e vidro em forma de cubo e um revestimento cilíndrico de madeira trançada.
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Centro de Baixa Energia em Carbono da Península de Greenwich / C.F. Møller Architects
Em resposta a um impulso que pretende aumentar o uso da (CHP) em todo o Reino Unido a fim economizar mais de 20.000 toneladas de carbono ao ano. Desenhado pelo artista britânico Conrad Shawcross, o revestimento da torre de 49 metros de altura unifica a engenharia sofisticada com uma complexa pesquisa ótica para criar um impressionante conceito escultórico de grande escala. O revestimento da estrutura está conformado por centenas de painéis triangulares que se desdobram e fluem através da superfície da torre, formando padrões geométricos complexos que rompem visualmente os planos para criar uma superfície irregular e escultórica, que brinca com os pontos de fuga e com a perspectiva.
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Central de Geração de Energias Barcelona Sur / Forgas Arquitectes
A Central de Geração de Energias Barcelona Sur agrega ao programa funcional do uso industrial e de escritórios, espaços educacionais complementados por um roteiro de visita guiada às instalações, o que mostra um grande potencial como elemento educativo, formativo e de divulgação dos valores ambientais e de sustentabilidade que devem orientar as atividades humanas. As fachadas se materializam com uma pele dupla que, relacionada aos materiais presentes nos processos internos, incorpora os tours públicos oferecendo uma conveniente proteção solar e conforto climático.
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Pålsbu Hydro Power Station / Manthey Kula Architects
A estação hidrelétrica de Pålsbu é um projeto de infra-estrutura concebido para tornar uma antiga barragem na Noruega mais eficiente e produtiva. A casca de concreto do novo edifício foi inspirada nas qualidades formais da estrutura existente da barragem: “a solidez de suas formas, a simplicidade de seus materiais e a esmero do trabalho manual de quem a construiu”. A planta circular do edifício representa o movimento de rotação do gerador, que produz energia impulsionado pela força d'água. Com o passar dos anos, a água da chuva e a neve que derrete no final do inverno deverão impregnar as paredes rugosas do edifício, criando um ecossistema ideal para o crescimento de líquenes na superfície do concreto, integrando a sua materialidade ao seu contexto específico.
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Estação de Energia Hidroelétrica / becker architekten
Na margem esquerda do rio Iller, uma nova hidroelétrica altamente eficiente substitui uma antiga estação dos anos 50 que ate agora atendia 3000 casas. O ponto de partida do projeto foi a representação simbólica da dinâmica da água, que muda de um estado de calmaria na estrada e atinge o estado de agitação próxima ás turbinas, saindo calma novamente após a geração de energia.
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Usina de energia e centro de recreação urbana CopenHill / BIG
A CopenHill, também conhecida como Amager Bakke, é uma planta de gerenciamento de resíduos e recuperação de energia em Copenhague. O icônico edifício projetado pelo BIG, é muito mais do que apenas uma usina de energia, ele conta com uma pista de esqui na cobertura além de uma trilha para caminhadas e a mais alta parede de escalada do mundo.A fachada do edifício CopenHill está revestida com placas de alumínio de 1,2 m de altura e 3,3 m de largura, sobrepostas de forma a criar uma grade reticulada de escala urbana, como um gigante muxarabí industrial, que permite iluminar naturalmente todos os espaços administrativos da empresa no interior do edifício. Na fachada vertical mais alta, uma parede de escalada foi criada, e com seus 85 metros de altura ela é a maior e mais alta estrutura deste tipo no mundo.
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