Shiver House é uma reinvenção radical da cabana finlandesa tradicional (mökki). O projeto é uma estrutura cinética que se adapta às forças naturais circundantes. Trata-se de uma exploração da ideia de que a arquitetura pode ser usada como um meio de criar um vínculo emocional mais próximo entre seus habitantes e o mundo natural em que se encontra. Além disso, o projeto aborda que a arquitetura pode parecer "viva" com a intenção de que isso gere um relacionamento emocional mais profundo e duradouro entre as pessoas e as estruturas que elas habitam.
Conceitualmente, a peça sugere que a arquitetura, em vez de estática e conformada por funções, pode ser um elemento poético, vivo e dinâmico que muda a maneira como nos relacionamos com a paisagem que nos cerca.
Anteriormente instalado em 2015 como parte da exposição Barfotastigen em Korppoo, Finlândia, o projeto deveria permanecer ativo por 4 meses, mas devido à sua popularidade, foi mantido no local por mais tempo. Durante o segundo ano do projeto, Korppoo - a ilha em que se localiza - começou a receber concertos de verão ao lado do projeto como parte do renomado festival de jazz "Korppoo Sea Jazz". Uma nova edição construída com o Finnish Airplane Ply foi criada para comemorar o aniversário de cinco anos do projeto.
Materiais e Construção
A casa emprega 600 telhas cinéticas com contrapesos que respondem às mudanças das condições climáticas do local. Vento, chuva e neve fazem com que as telhas girem para diversas posições, dando à estrutura a aparência e a função temporárias de um abrigo. A Shiver House está em constante transformação entre ser um abrigo funcional e um dispositivo poético e experimental. Os visitantes no interior da estrutura podem analisar o ambiente em constante mudança enquanto observam as telhas cinéticas modularem os níveis de luz internos, bem como as vistas da paisagem circundante.
O projeto foi construído usando uma estrutura de madeira simples, que suporta várias fileiras de fios de aço tensionados. Esses fios de aço são tratados como bastões e projetados para segurar as telhas contrapesadas. As telhas são construídas usando chapas de compensado embebidas em um óleo protetor. O contrapeso é construído usando uma porca e parafuso de aço inoxidável.
A Shiver House atualmente
“Todos os anos, a exposição Barfotastigen convida artistas profissionais a interagirem com o ambiente único do arquipélago - pedindo que respondam ao sítio e/ou a questões relacionadas à área mais ampla do arquipélago”, explicou Sandra Nyberg, curadora do Barfotastigen.
“Enquanto a maioria das obras é temporária, com uma vida útil de 4 meses a um ano, a Shiver House rapidamente se tornou parte do local de maneira muito proeminente. Portanto - para o deleite de nossos visitantes, os organizadores do festival Korpo Sea Jazz e, é claro, nós mesmos - decidimos encomendar uma nova versão da obra e torná-la uma característica mais permanente da exposição. O conceito da obra é adequado para ser experimentado em todas as estações e horários do dia. As condições sempre em mudança alteram forte e apropriadamente o humor do trabalho, variando de animado e leve a sombrio e moderado.”
Para alguns, a estrutura e sua fluidez têm particular relevância para o estado das coisas hoje. Mark Nixon, da NEON, escreve: “Enquanto o mundo está se adaptando à nova realidade do Covid-19, sinto que é preciso dar uma ênfase maior à maneira como a arquitetura, a arte e o design podem ser usados como um meio de reduzir a ansiedade, conectando-nos à natureza e aproximando as pessoas novamente em espaços públicos. A arquitetura da Shiver House está em constante estado de transformação e 'performa' com os constantes fluxos de vento. É um meio ideal de aterrar as pessoas no momento presente. ”