Que tipos de pisos residenciais facilitam a circulação de cadeiras de rodas?

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Uma das considerações de projeto mais importantes que os arquitetos residenciais têm a responsabilidade de abordar é a acessibilidade, assegurando que as pessoas com deficiência possam viver confortavelmente em sua própria casa sem impedimentos que bloqueiem a funcionalidade básica da casa. A acessibilidade para usuários de cadeira de rodas é uma preocupação arquitetônica particularmente importante devido a seus requisitos espaciais e materiais inalteráveis ​​e necessários. Como garantir o conforto de todos os usuários, incluindo pessoas com deficiência, é uma das obrigações essenciais de todos os arquitetos, o design para cadeirantes deve ser feito com o máximo cuidado e atenção, especialmente em ambientes residenciais. Abaixo, descrevemos uma série de estratégias para projetar pisos para circulação de cadeiras de rodas, ajudando os arquitetos a oferecer o máximo de conforto e acessibilidade

© Ricardo Oliveira Alves

Pisos residenciais que acomodam adequadamente a usuários de cadeira de rodas devem fornecer espaço amplo para mover, girar e acessar aparelhos e superfícies. Assim, os requisitos de largura do corredor e raio de giro reaparecem continuamente em quase todos os aspectos do projeto residencial acessível. Esses corredores abertos e espaços livres são tão planos quanto possível e têm o menor número de obstáculos possível, com poucas mudanças bruscas de nível e transições suaves entre diferentes áreas. Por fim, os pisos que favorecem a circulação de cadeiras de rodas também são feitos de materiais antiderrapantes, propícios ao uso prolongado de cadeiras de rodas.

Klintholm Gods Lake Apartments / PLH Arkitekter. Image © Rozbeh Zavari

Rotas acessíveis e espaço de manobra

De acordo com os padrões de 2010 da ADA (American with Disabilities Act),- que serão utilizados nesse artigo - cada unidade residencial deve conter ao menos uma rota acessível conectando todos os cômodos e elementos para garantir que os usuários de cadeira de rodas possam acessar todas as funções do apartamento ou da casa. Essas rotas podem incluir superfícies de caminhada em declives baixos, rampas, elevadores ou plataformas elevatórias. Cada uma dessas rotas também exige certas dimensões mínimas para facilitar a circulação acessível a cadeiras de rodas. As superfícies acessíveis devem ter uma largura mínima de cerca de 90 cm, uma inclinação não superior a 1:20 e uma inclinação transversal não superior a 1:48. Como dissemos em um artigo anterior, embora o mínimo seja de 90 centímetros, uma largura de corredor de 150 cm acomodará mais confortavelmente todas as necessidades de acessibilidade. Certamente, esses corredores também devem estar livres de obstáculos ou outras formas de obstáculos.

House With Stone Patio / beef architekti. Image © Peter Čintalan

Para residências com vários pavimentos, as escadas obviamente não são acessíveis aos usuários de cadeiras de rodas. Em vez disso, os arquitetos podem incorporar rampas, elevadores ou plataformas elevatórias para atender às diretrizes da ADA. Tal qual as superfícies caminháveis, a largura de uma rampa deve ser de no mínimo 90 cm e a inclinação transversal não deve exceder a proporção 1:48. No entanto, a inclinação máxima da rampa é 1:12, não 1:20. Além disso, as dimensões da cabine do elevador devem ter no mínimo 100 cm de largura e cerca de 140 cm de profundidade, enquanto as plataformas elevatórias devem ter no mínimo 75 x 120 cm. Para detalhes mais específicos sobre cada uma dessas opções, os arquitetos devem consultar os regulamentos locais. No Brasil, por exemplo, as rampas devem ter uma inclinação máxima de 8,25%.

House in Front of a Stream / 05 AM Arquitectura. Image © Adrià Goula

As rotas acessíveis também devem incorporar raios de giro suficientemente amplos para que os usuários consigam usá-los. Para rotas que giram 180 graus em torno de uma parede ou objeto, o corredor deve ter no mínimo 100 cm de largura, enquanto a área de giro deve ter no mínimo 120 cm de largura. Se o corredor tiver apenas 90 cm de largura, a área de manobra deve ter no mínimo 150 cm de largura. Para áreas que exigem curvas abaixo de 180 graus e, em vez disso, usam um espaço circular ou em forma de T, o diâmetro ou a largura devem ser de no mínimo 150 cm, conforme ilustrado em detalhes em Capítulo 3 do Padrão ADA 2010.

Em resumo, as residências com circulação adequada para cadeiras de rodas incorporam pelo menos uma rota contínua e acessível, alcançando todas as áreas da unidade que podem incluir espaços de manobra específicos para cadeiras de rodas ou elementos de vários níveis.

House Maher / Tribe Studio. Image © Katherine Lu

Dormitórios

Cada um dos espaços acessíveis por essas rotas deve ser igualmente projetado com amplo espaço para os usuários de cadeiras de rodas habitarem confortavelmente. Os arquitetos podem projetar quartos acessíveis através de uma série de etapas relativamente simples. Todas as áreas de giro, conforme indicado acima, devem deixar pelo menos 150 cm de espaço, como cantos da cama, mesas ou gavetas. Novamente, todos os corredores devem ter pelo menos 90 cm de largura. Certamente, vale a pena notar que as circulações não são o único aspecto a considerar. No geral, a circulação de quartos individuais seguirá as diretrizes listadas acima, mas os móveis específicos em cada quarto também precisam ser modificados. No dormitório, por exemplo, armários e gavetas devem ser projetados para acomodar a altura e o alcance dos usuários de cadeira de rodas. Os armários projetados especificamente devem incluir barras de roupas mais baixas, geralmente com cerca de 75 cm de altura.

House G / Dietger Wissounig Architekten. Image © Paul Ott

Cozinha

Projetar cozinhas, excepcionalmente, é uma tarefa difícil, mesmo sem considerar a acessibilidade - os padrões de cocção costumam ser altamente elaborados e dependem muito da circulação rápida entre diferentes eletrodomésticos. Os próprios espaços de trabalho dos aparelhos e da cozinha geralmente possuem requisitos específicos que precisam ser alterados ainda mais para acomodar os usuários de cadeiras de rodas. O primeiro e mais óbvio passo para projetar cozinhas acessíveis é novamente ajustar a área de movimento da cadeira de rodas. Para cozinhas onde os balcões ou armários estão em lados opostos - “passe pelas cozinhas” - o espaço entre esses dois lados deve ser de no mínimo 1 metro. No entanto, para cozinhas em forma de U com três lados fechados, a folga deve ser de 60 polegadas no mínimo.

House With Stone Patio / beef architekti. Image © Peter Čintalan

Além disso, a mobilidade ao interagir com superfícies de trabalho ou equipamentos específicos também requer muita atenção. Sob todas as superfícies e bancadas, os arquitetos devem incluir um espaço livre, permitindo uma aproximação avançada por um usuário de cadeira de rodas. Isso implica deixar no mínimo 75 x 120 cm de espaço livre na frente da superfície ou do eletrodoméstico. Além disso, esse espaço livre deve estar localizado junto a uma rota acessível ou outro espaço livre no piso para permitir o acesso. Os métodos de medir esses espaços são altamente específicos e podem ou não incluir o espaço embaixo de um armário ou eletrodoméstico, se ele for elevado acima do solo. Se os arquitetos optarem por incluir esse espaço, eles também deverão atender às diretrizes de desenho para os pés e joelhos. Esses espaços exigem que seus próprios conjuntos de dimensões se qualifiquem como parte de área livre do piso, e essas seções das normas da ADA devem ser estudadas em detalhes pelos arquitetos. Mais requisitos para aparelhos específicos, como lava-louças, cooktops, fornos e geladeiras, também estão listados nesta seção.

Lotus House / MW archstudio. Image © Hiroyuki Oki

Assim como no dormitório, os móveis de cozinha para cadeirantes também devem atender a certos requisitos de altura e alcance. As superfícies de trabalho da cozinha, por exemplo, devem estar no máximo a 85 cm acima do solo.

House Maher / Tribe Studio. Image © Katherine Lu

Instalações sanitárias e de banho

Como as cozinhas, banheiros são outro cômodo de habitações residenciais que exigem requisitos específicos de mobilidade e circulação. Para a circulação geral, o diâmetro de giro dos espaços deve novamente ser de 150 cm no mínimo, enquanto os corredores do espaço devem ter pelo menos 90 centímetros de largura. Além disso, cada acessório, novamente como em cozinhas, deve ter espaço livre sob eles. As banheiras acessíveis requerem um espaço mínimo de 75 cm em todo o seu comprimento. Os banheiros exigem uma folga de pelo menos 150 cm como mínimo desde a parede lateral e 140 cm desde a posterior. Além disso, todos os elementos de um banheiro acessível para cadeiras de rodas, como chuveiros, banheiras, sanitários e pias, devem ser incluídos em um único espaço, para que os usuários não tenham que ir a banheiros diferentes para acessar cada acessório.

Para recomendações mais específicas sobre como projetar acessórios para banheiros, especialmente chuveiros e banheiros, que têm requisitos detalhados de assentos e barras de apoio, você pode revisar - novamente - as diretrizes da ADA.

Healthcare Center / José Soto García. Image © Imagina2

Materiais

Todas as rotas e salas acessíveis devem ter pisos estáveis, firmes e antiderrapantes, conforme delineado no capítulo 3 das normas da ADA de 2010. Embora possa parecer menos óbvio que os materiais do piso são uma parte essencial da acessibilidade, pisos escorregadios podem prejudicar seriamente os usuários e suas cadeiras de rodas. Pisos estáveis, firmes e antiderrapantes não são danificados pela força, como o peso da cadeira de rodas, resistem à deformação e têm atrito suficiente para que possam ser usados ​​com segurança. Os melhores materiais de revestimento para esses fins são pisos de madeira, piso vinílico ou de cerâmica. Os pisos de madeira maciça são fáceis de manter e podem ser renovados se arranhados pelo movimento da cadeira. Além disso, acabamentos raspados ou desgastados à mão para pisos de madeira podem aumentar o coeficiente de atrito da superfície e evitar escorregões. Os pisos vinílicos são mais baratos, mas igualmente antiderrapantes, embora não possam ser reparados se danificados. No entanto, eles podem ser substituídos com facilidade e baixo custo. Finalmente, o piso cerâmico é extremamente durável, e o revestimento antiderrapante texturizado é resistente ao deslizamento, além de firmes. O tamanho ideal para evitar danos é de 5 cm quadrados.

House For Simple Stay / Skupaj Arhitekti + mKutin arhitektura. Image © Miran Kambič

Os piores materiais para usuários de cadeira de rodas são pisos muito "acolchoados", que podem ser extremamente difíceis de manobrar se não forem projetados para acessibilidade. Um exemplo comum é o tapete, que, embora macio e confortável, pode aumentar significativamente a força necessária para mover uma cadeira de rodas na superfície. Portanto, os arquitetos devem reservar os tapetes para as áreas com menos tráfego e, ao fazê-lo, sua altura não deve exceder 1 cm. Além disso, o tapete deve ser instalado de maneira extremamente segura, com as bordas expostas presas às superfícies do piso e incluindo acabamento nas bordas expostas.

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Courtesy of Sophia Bannert

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Sobre este autor
Cita: Cao, Lilly. "Que tipos de pisos residenciais facilitam a circulação de cadeiras de rodas?" [What Types of Residential Floors Favor Wheelchair Circulation?] 18 Jul 2020. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/943762/que-tipos-de-pisos-residenciais-facilitam-a-circulacao-de-cadeiras-de-rodas> ISSN 0719-8906

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