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A Un-Habitat ou agência das Nações Unidas para assentamentos humanos e desenvolvimento urbano sustentável, cujo foco principal é lidar com os desafios da rápida urbanização, vem desenvolvendo abordagens inovadoras no campo do desenho urbano, com projetos centrados na participação ativa da comunidade. O ArchDaily se associou ao UN-Habitat para trazer notícias semanais, artigos e entrevistas que destacam este trabalho, com conteúdo direto da fonte, desenvolvido por nossos editores.
Associada ao crime, ao desperdício e ao lixo, Dandora, nos limites de Nairóbi, é o lar de cerca de 140.000 habitantes. Em uma colaboração contínua, entre moradores e grupos de jovens, a UN-Habitat, a coalizão Making Cities Together e a “Liga de Transformação de Dandora”, foi criado o projeto "Rua Modelo", que vem transformando os espaços comunitários repletos de lixo em espaços livres de resíduos, atraentes e envolventes. Com foco na melhoria dos espaços compartilhados de conjuntos residenciais, uma competição anual liderada pelos jovens do bairro, o Changing Faces Challenge, tornou-se uma iniciativa para mobilizar cidadãos em Nairóbi.
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Dandora, construída na década de 1970, com apoio do Banco Mundial, era inicialmente um bairro bem planejado em Nairóbi, Quênia, antes de se transformar gradualmente em uma favela, principalmente devido à má gestão. Aos poucos tornou-se conhecida por seu grande lixão, o maior do país, e pelas atividades criminosas notórias, como violência, uso de drogas, estupro e prostituição. Para a recuperação do bairro, as primeiras mudanças, consistiram em limpeza, plantio, abertura de drenagens e pintura de fachadas, que foram iniciadas por um grupo de jovens, muitos deles inicialmente envolvidos no crime. Em um curto período de tempo, as atividades de varejo local aumentaram, a segurança e a proteção melhoraram e uma coesão social mais forte foi estabelecida.
Dandora não é uma favela mas sim um bairro
Evoluindo para a “Liga de Transformação de Dandora”, esses indivíduos firmaram uma parceria em 2015 com o Programa de Espaços Públicos da UN-Habitat, a coalizão de parceiros Making Cities Together e o governo do condado da cidade de Nairóbi para lançar a iniciativa "Rua Modelo". Atualizando o espaço público por meio de processos colaborativos e participativos, o programa "permitiu o fácil acesso à propriedade, permitindo que negócios de pequena escala à beira da estrada prosperassem [...] É um exemplo de como a criação de lugares catalisa alianças improváveis entre grupos de base, o setor privado, governo local e outros líderes locais para adaptar, replicar e aumentar as boas práticas do nível doméstico ao de bairro, e desencadear uma avalanche de iniciativas de empoderamento da comunidade por várias partes interessadas”. Uma referência para orientar futuras intervenções, o projeto é um processo gradual para a regeneração de bairros liderada pela comunidade.
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A comunidade local no centro do processo de cocriação
Como primeiro passo para implementar o projeto "Rua Modelo", a UN-Habitat e parceiros locais organizaram uma sessão de projeto participativo usando o Minecraft, para coletar as ideias, prioridades e aspirações da comunidade. Os projetos provenientes deste workshop foram então traduzidos em projetos arquitetônicos reais. Por outro lado, a comunidade contribuiu com cerca de 10% do custo do projeto, e incluiu o trabalho manual - com a limpeza, nivelamento do solo, paisagismo e, mais importante, a manutenção da paisagem urbana.
Os resultados do modelo de intervenção nas ruas incluem a melhoria da segurança e proteção, oportunidades de subsistência, relacionamento com as autoridades, oportunidades de brincar para crianças, bem como melhor drenagem e qualidade ambiental. Levando cerca de dezoito meses e feita em cocriação com a comunidade local - a partir do trabalho de jovens e mulheres, a fase II da Rua Modelo em Dandora, por exemplo, obteve um total de 25 árvores plantadas, 800m de estrada pavimentada, drenagens desobstruídas e abertas, 13 recipientes de lixo instalados e quatro acessos construídos, dando uma nova identidade ao quarteirão.
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Se podemos mudar Dandora, podemos mudar Nairóbi, Quênia e África
Concentrando-se na melhoria dos espaços compartilhados em conjuntos residenciais - que abrigam entre 20 a 50 famílias e são utilizados por todas as famílias e indivíduos - a parceria do projeto em Dandora desafiou os residentes a limpar essas áreas. Na verdade, a iniciativa “teve um impacto catalítico dentro de Dandora [...] Não se restringirndo aos portais de entrada, os moradores passaram a formar coalizões para melhorar suas ruas locais”. Após o sucesso do projeto, em 2015, todos viram a necessidade de replicar a estratégia. Desta forma, foi lançado o concurso Changing Faces, liderado principalmente por jovens, sendo iniciado com alguns projetos em Dandora, e depois se expandindo para outros bairros de Nairóbi, incluindo Kayole, Korogocho, Buruburu, Mathare, entre outros. Conversões semelhantes foram iniciadas usando o mesmo modelo de competição, que reúne os campeões da comunidade e entusiastas urbanos. Já em sua quarta edição, o desafio que permite aos habitantes de Nairóbi melhorar sua qualidade de vida, impactou 200.000 usuários de espaços públicos.
Ao utilizar o espaço público e a gestão de resíduos como pontos de partida para lidar com a revitalização do bairro, o projeto "Rua Modelo" destaca o valor do planejamento urbano inclusivo, que se inicia em uma escala micro e pode ser ampliado e replicado em outras áreas. Finalmente, os principais fatores contribuintes que incentivaram os indivíduos a transformar suas próprias casas, ruas e comunidades incluem:
- Parcerias genuínas entre setores
- Abordagem multissetorial
- A comunidade como chefe do projeto
- Plano urbano prático incorporando diferentes escalas
- Mecanismos para garantir um foco contínuo da comunidade na gestão de resíduos e espaço público
- Custo-benefício
Via UN-Habitat.