“As mudanças estimulam a inovação e por isso, devemos repensar e transformar sempre os nossos espaços de trabalho”, disse Nicole Senior, diretora dos escritórios do Tinder. Mudança, inovação e engajamento no ambiente de trabalho foram alguns dos tópicos abordados em um recente Think Tank que foi ao ar no último dia 17 de dezembro, apresentado pelo Rapt Studio e intitulado “Observando o passado e pensando no futuro: lições para serem aprendidas em 2021”.
Um assunto constante na palestra foi o bem estar dos funcionários depois de meses muito difíceis de trabalho remoto. “O que testemunhamos ao longo deste ano pandêmico foi um processo de desaceleração que nos fez mais conscientes da importância de nossa saúde física e mental”, disse Lisa Hennessey, diretora de recursos humanos da Happy Money, uma empresa que praticamente dobrou a sua receita no fatídico ano de 2020. “O que fazer para que nossos empregados não se sintam isolados neste momento? Como proporcioná-los momentos de prazer e alegria em uma situação tão complexa como a que estamos vivendo?”
“Isso significa que devemos nos concentrar menos em questões relativas ao espaço de trabalho em si, e mais em nossos trabalhadores”, concordou David Galullo, CEO e diretor de criação da Rapt Studio. “Se você colocar o bem estar de seus empregados em primeiro lugar, você poderá até descobrir que não precisa de um espaço físico necessariamente. Ou que você precisa de múltiplos ambientes de trabalho que se adaptem aos seus empregados, mas estas respostas devem ser dadas por eles e não por você.” Com esse espírito, ele disse: “Um espaço de trabalho é como um barco que todos navegamos juntos, algo capaz de fazer com que as pessoas se sintam parte de algo maior que elas mesmas.”
Noora Raj Brown, vice-presidente de comunicações da goop, empresa fundada por Gwyneth Paltrow, disse que, apesar de a sua firma contar com profissionais de alto escalão, “nenhuma discussão sobre os espaços de trabalho deve vir de cima. questões relativas ao bem estar dos funcionários devem ser construídas de baixo pra cima. Os funcionários devem ser responsáveis por tudo aquilo que os cabe.”
Além de considerarmos o lado humano, deve haver uma mudança de paradigma no próprio significado do termo “escritório”. O moderador Avinash Rajagopal, editor-chefe da Metropolis, se refere a isso como “uma evolução do físico para o digital, no momento em que a própria natureza das empresas está mudando radicalmente”.
“Se você pensar no ramo comercial, por exemplo, o qual conta tanto com lojas físicas e espaços virtuais de vendas, as duas coisas devem operar como se fossem uma só. Com é impossível assentar um tijolo sem argamassa e vice-versa. Para quem visita uma loja física ou o ambiente digital de compras, a sensação deve ser a mesma.” Na mesma linha, Noora Raj Brown mencionou a experiência espacial e tátil em uma situação de compras. “Se um de nossos clientes deseja conhecer melhor as qualidades de um determinado material, ele precisa tocá-lo com as mãos, não há outra maneira de fazê-lo.”
Voltando ao tema centrado nas pessoas, Galullo disse: “Esperançosamente, daqui para frente, nossa compreensão sobre os espaços de trabalho e sobre a saúde física e mental de nossos trabalhadores nunca mais será a mesma. Não se trata apenas de colocar uma parede plástica entre as pessoas; trata-se de construir ambientes seguros capazes de aproximar pessoas.”
Todos os palestrantes concordaram em uma coisa: que a interação humana é algo que todos sentem falta e ninguém vê a hora de poder voltar a abraçar seus colegas. Senior disse: “Estou ansioso para poder dar um afago no bebê recém-nascido do meu colega.” Brown, por sua vez, disse que sente falta da “camaradagem” ao comemorar uma importante vitória. Finalmente Galullo, advogou a favor de uma abordagem mais humana na arquitetura.
“Precisamos formar arquitetos e designers mais completos, mais curiosos e empáticos.”
As discussões do Think Tank foram realizadas nos dias 3, 10 e 17 de dezembro de 2020. As conversas foram apresentadas pela Metropolis Magazine em parceria com a GKD.
Este artigo foi publicado originalmente pela Metropolismag.com.