O que faz de um projeto de interiores um espaço saudável tanto para a nossa mente quanto para o nosso corpo? Essa foi a questão central do nosso tópico do mês de março “Interiores e bem estar”.
Desde que nossos antepassados abandonaram o estilo de vida errante a milhares de anos atrás, estabelecendo suas casas e posteriormente cidades, passamos cada dia mais tempo em espaços fechados e protegidos. Isso significa dizer que, embora a atual pandemia de Covid-19 tenha nos forçado a retroceder para dentro de casa, essa tendência ao recolhimento não é um fenômeno novo. Mas, o que é que faz destes espaços domésticos ambientes seguros e saudáveis? Quais são os elementos que definem o conforto e o bem estar de um determinado espaço interior? Qual o papel do arquiteto e da tecnologia nisso tudo?
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O que é design de interiores (e por que ele realmente pode fazer você se sentir melhor)?
Recentemente, decidimos abrir espaço para que nossos leitores se manifestem e deixem a sua opinião sobre importantes questões de nossa disciplina. Como já é de praxe, ao longo do último mês recebemos novamente uma quantidade impressionante de respostas e colaborações valiosas que nos fizeram repensar o significado de um espaço saudável e quais são os elementos que contribuem para o bem estar dos usuários. Depois de lermos e recopilarmos todos los comentários enviados por profissionais e alunos de engenharia e arquitetura assim como por interessados, admiradores e afins, coincidimos que não basta pensarmos apenas em estratégias de ventilação e iluminação natural assim como incorporar áreas verdes e vegetação à arquitetura para se estabelecer espaços interiores saudáveis. Segundo nossos leitores—e nós editores precisamos concordar com eles—é preciso também discutirmos a psicologia e a desintoxicação de nossos espaços se quisermos avançar em direção a projetos de arquitetura mais saudáveis e adequados aos seus usuários.
A seguir, as diferentes opiniões de nossos leitores:
Desintoxicação e Desinfecção
É preciso entender que os espaços de vida habitáveis, sejam eles abertos ou fechados, são uma extensão de nosso próprio corpo e não objetos externos e alheios a ele. O espaço e a arquitetura devem ser vistos como uma espécie de extensão de nosso próprio corpo, como “organismos vivos” e que, dependendo de como forem “construídos”, também podem adoecer ou regenerar-se. A saúde não é algo com que podemos contar sempre, é algo que faz parte da nossa condição humana. Quando projetamos nossos espaços e edifícios, deveríamos pensar na arquitetura como um ser vivo, o qual se adapta de acordo com as diferentes situações e condições ao qual está exposto. - Comenta um estudante de arquitetura do México.
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Como transformar um ambiente interno poluído em um lar saudável
Sem dúvida, espaços seguros e saudáveis foram o principal tema de debate no mundo da arquitetura ao longo do último ano. A situação epidemiológica que vivemos e, portanto, as questões relativas ao design de interiores e a arquitetura, principalmente sobre o seu futuro, são hoje uma das principais questões de nossa disciplina. Na minha humilde opinião, um dos aspectos que podem ajudar a diminuir o risco de contágios são espaços de desinfecção e limpeza na entrada de cada edifício ou estabelecimento. Através da purificação do ar, por exemplo, medição de temperatura, ou utilizando revestimentos e materiais antibacterianos, é possível diminuir e muito os riscos de contágio. Pode até ser que essa pandemia vá embora, mas o fato é que os vírus sempre estarão entre nós, e por isso é melhor estarmos preparados. - Expões uma estudante de arquitetura da Espanha.
Utilizando materiais naturais e aqueles cujos processos de produção estejam livres de emissão de gases tóxicos e poluentes. Devemos abrir mão dos plásticos, seja como revestimento ou como mobiliário. - Explica um leitor espanhol interessado no tema.
Psicologia e Espírito
Para além de projetarmos espaços considerando estratégias bioclimáticas, é necessário questionarmos como a mente humana responde de forma significativa à psicologia das cores, a maneira como percebemos o espaço através do nosso olfato e dos demais sentidos (com o uso da vegetação em ambientes fechados por exemplo) e de que forma podemos construir espaços mais confortáveis, é isso que faz de um projeto de arquitetura um ambiente saudável e habitável. - Comenta uma aluna da faculdade de arquitetura de La Paz, Bolívia.
Os espaços interiores fazem parte de nosso dia a dia, são elementos fundamentais de nossas memórias e experiências, da nossa alegria e da tristeza. A felicidade de sentir-se em casa é sem dúvida um objetivo o qual todos os arquitetos devem seguir ao projetar seus espaços e edifícios. A maneira mais fácil de entender o que é que faz de um espaço um ambiente saudável, é conhecendo a pessoa para a qual se está projetando, entender suas demandas, seus desejos, emoções, problemas, alegrias, etc. Para se fazer arquitetura é preciso ter empatia para com o outro e aceitar as nossas diferenças como algo positivo. É preciso buscar uma maior conexão com a natureza e com as pessoas que nos rodeiam, nem tudo se trata apenas de nos sentirmos saudáveis e seguros, essa é a chave para projetarmos espaços confortáveis e que promovam o bem estar dos usuários. - Declara um estudante de Arquitetura do Peru.
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Como as cores influenciam a arquitetura
A psicologia escondida por trás de um projeto de arquitetura não é menos importante. Quando a arquitetura falha em alguma de suas dimensões (na relação com o exterior e na organização espacial por exemplo), o valor estético é aquilo que pode nos fazer sentir-se bem todos os dias, seja nos trazendo paz ou energia para encarar os desafios que a vida nos impõe. - Expressa um estudante de arquitetura do Chile.
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A forma segue o bem-estar: projeto baseado em traumas e o futuro do design de interiores
Acredito que o entorno no qual estamos inseridos pode condicionar profundamente a nossa vida, tanto em relação ao nosso bem estar quanto para o nosso desenvolvimento intelectual—assim como a música pode impactar diretamente em nosso estado de espirito. A única forma possível de projetar um espaço de vida saudável é saber para onde queremos ir, o que nos trás felicidade, e isso só pode ser alcançado através da experimentação e do auto-conhecimento. - Observa uma arquiteta da Colombia.
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Como garantir conforto e bem-estar em espaços com dimensões reduzidas?
Projetar espaços interiores saudáveis não é uma tarefa assim tão difícil e a maioria dos arquitetos sabem bem disso. Então, os problemas na verdade são: a) Não saber o que as pessoas querem, b) Não ver valor no trabalho de sociólogos e psicólogos em compreender o comportamento humano, c) Preocupar-se apenas com o seu ego quando se projeta um edifício de arquitetura e d) Desenvolver soluções que estão fora do alcance dos seus clientes. Obviamente um espaço bem iluminado e ventilado, com plantas e áreas verdes é sem dúvida um ambiente saudável e agradável de se viver, mas quantas pessoas podem pagar por um projeto capa de revista? Devemos, acima de tudo, ser conscientes das limitações de nossos clientes ao projetar seus espaços de vida, observando suas condições financeiras, principalmente quando se trata de projetos de habitação social—o qual não apenas deve solucionar a questão da moradia, mas oferecer espaços capazes de transformar a vida das pessoas que ali vivem. - Disserta um arquiteto do Uruguai.
Este artigo é parte do Tópico do ArchDaily: Interiores e bem estar. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.
Publicado originalmente em abril de 2021.