Estima-se que o cobre tenha sido o primeiro metal a ser encontrado pelos homens e utilizado na fabricação de ferramentas e armas. Isso ocorreu no último período da pré-história, há mais de 10.000 anos atrás, na chamada Idade dos Metais, quando os grupos, até então nômades, começaram a se tornar sedentários, dominando a agricultura e iniciando os primeiros aglomerados urbanos. O cobre, desde então, tem sido explorado para usos muito diversificados. De objetos de decoração, joias, peças automotivas, sistemas elétricos e até amálgamas dentárias, entre muitos outros, o material possui uma demanda enorme. Na arquitetura, os revestimentos de cobre são bastante apreciados por conta de sua estética e grande durabilidade. Mas um fator que cabe ser mencionado é que o cobre pode ser reciclado infinitas vezes, praticamente sem perder suas propriedades.
Esta é uma característica importante, já que a demanda pelo material é prevista a aumentar muito no futuro. Um relatório de 2017 do Banco Mundial “The Growing Role of Minerals and Metals for a Low Carbon Future” (O papel crescente dos minerais e metais para um futuro de baixo carbono) evidencia como metais como o alumínio, o cobre, o lítio e outros, terão a demanda aumentada com o uso em larga escala da energia solar, eólica e baterias para armazenamento. O documento reforça que medidas efetivas de reciclagem são imprescindíveis para que a exploração do cobre em minas não precise aumentar significativamente. O processo de reciclagem do cobre consiste na coleta e classificação da sucata de acordo com sua pureza. Dependendo do seu nível, eles podem ser enviados diretamente para a fundição (no caso do cobre puro) ou submetidos a um tratamento, formando ânodos ou outras ligas.
Dizer que o cobre é um material verde nunca será um exagero. Isso porquê, além de sua possibilidade infinita de reciclagem, que o proporciona atributos sustentáveis, quando exposto às intempéries, ele desenvolve uma pátina esverdeada, como uma fina camada de proteção que deixa intacta a parte interna da peça. Essa é, inclusive a estética buscada por muitos projetistas, enquanto outros preferem os tons alaranjados e polidos das peças. Com os exemplos abaixo, em 10 projetos, podemos observar as diferentes possibilidades de uso e de aparência que o cobre pode ter:
No projeto The Dallas Holocaust & Human Rights Museum / OMNIPLAN, por exemplo, o revestimento de cobre, ainda bastante recente nas fotos, carrega o aspecto brilhante e alaranjado mais característica do material. Segundo os arquitetos, materiais externos e internos inclinam-se à ideia de reutilização de materiais e conteúdo reciclado. “O cobre tem uma vida infinitamente reciclável, tornando-o altamente reutilizável para as gerações futuras.”
No Lahti Travel Centre, de JKMM Architects, o cobre funciona ao mesmo tempo para destacar a infraestrutura urbana e para integrá-la a uma edificação histórica de tijolos vermelhos. O cobre é evidenciado por quase todo o equipamento de transporte, trazendo reflexões e um destaque sutil à estrutura. No edifício projetado por LAN Architecture, de escritórios na cidade de Lille, França, optou-se por criar uma diferenciação marcante entre a construção e o contexto urbano. Neste caso, o cobre está aparente em diferentes formas, já com uma pátina acinzentada, mas com suas características presentes em sua cor. “A envolvente do edifício foi concebida como uma forma de reinventar visualmente a cidade. As fachadas são caracterizadas por projetos diferentes em resposta à sua orientação, seu uso e seus requisitos térmicos. Deste modo, zonas predominantemente de vidro, algumas das quais com película dupla, são justapostas a diferentes formas de revestimento de cobre mais ou menos porosas.”
O cobre também apresenta vantagem ao reduzir a necessidade de manutenção. Para o Skelleftea Kraft Office Building, de General Architecture, na Suécia, a estrutura forte e a tectônica articulada do novo edifício é baseada em uma ordem tridimensional geral e se relaciona com uma tradição racional clássica. A opção pelo cobre pré-oxidado na fachada vai de encontro a isso, otimizado para durabilidade e para minimizar o custo de manutenção ao longo do tempo. Nove mil painéis de cobre são ancorados a uma estrutura oculta de aço inoxidável. O resultado é uma camada externa consistindo inteiramente de materiais não orgânicos.
No processo de oxidação, as peças de cobre formam uma camada denominada azinhavre, responsável pela aparência esverdeada, que também protege a porção interna da peça. De fato, o cobre é um material que muda drasticamente sua aparência, indo do alaranjado ao esverdeado, passando por cinza e até preto. Considerar a maneira como o material envelhecerá pode ser uma decisão acertada e coerente, como foi o caso na Suvela Chapel, na Finlândia. Neste projeto, os arquitetos apontam que “a sensação tátil do material tem uma presença deliberadamente forte tanto no interior como no exterior do edifício. A cobertura exterior é totalmente revestida a cobre para realçar a unidade do volume variado do edifício. O cobre foi uma escolha ecológica de material para o exterior. É durável e reciclável e, portanto, sustentável. Também envelhece bem e adquire uma bela pátina com o tempo.”
Na Villa Drei Birken, de Plasma Studio, cobre e madeira são expostos a uma variação natural de cor causada pela influência atmosférica de sol, chuva e neve, o que aumenta ainda mais a integração do edifício no seu contexto ao longo do tempo. Já o padrão de revestimento das telhas de cobre na Kirkkonummi Library, projetado por JKMM Architects, junto à oxidação do material, se relacionam com sua configuração de herança marítima. O edifício principal da Aalto University, de ALA Architects, evidencia a fase final de oxidação do material. Uma textura esverdeada, que varia em relação à orientação e exposição, traz um aspecto distinto do material.
Através destes exemplos é possível observar o quão diverso é o cobre. Ele já foi útil à humanidade com as primeiras ferramentas metálicas, e deverá ser muito importante aos esforços de reduzir as emissões de carbono no futuro, através da obtenção de energia elétrica de fontes renováveis e limpa. E além de ser indispensável a múltiplos usos no nosso cotidiano, pode adquirir diferentes formas e aparências quando aplicados ao fechamento das edificações.