![Arquitetura efêmera: inovação, experimentação e entretenimento - Imagem 1 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/612b/da73/f91c/811f/3100/01a3/newsletter/_FI.jpg?1630263911)
Além do “turismo de experiência” e da arquitetura de entretenimento, construções efêmeras e temporárias também podem ser um terreno fértil para se testar novas ideias, soluções e tecnologias. Assumindo uma ampla variedade de diferentes tipologias e formas, desde estruturas emergenciais a instalações lúdicas, estruturas temporárias têm a capacidade de nos projetar no futuro, questionando as regras estabelecidas além de pôr à prova novas tecnologias e sistemas construtivos. Ainda assim, a arquitetura temporária muitas vezes é vista como um passo atrás em relação à sustentabilidade, por isso, a seguir discutiremos alguns dos principais valores da arquitetura efêmera seja como um veículo de experimentação de novas soluções e tecnologias seja como uma oportunidade para engajar comunidades.
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O fascínio pela temporalidade de estruturas efêmeras não é uma descoberta da modernidade. Mas embora obras temporárias de arquitetura venha sendo exploradas pelo homem desde a antiguidade, talvez tenha sido na Grande Exposição de 1851 que a arquitetura efêmera elevou-se a outro patamar com a construção de uma das mais impressionantes obras de arquitetura efêmera: o famoso Palácio de Cristal de Londres—o qual cristalizou a ideia de que a modernidade pode ser expressa também através de estruturas temporárias. Nos anos 70, os metabolistas foram ainda mais além, questionando o conceito de durabilidade que parecia definir a arquitetura até então. O século XXI, por sua vez, foi o momento em que as exposições internacionais se proliferaram, tanto na forma de festivais quanto de feiras itinerantes que potencializaram ainda mais o desenvolvimento de estruturas efêmeras na arquitetura, que neste momento, mais do que nunca, parece estar se tornando um dos campos de atuação mais atraentes para arquitetos e designers ao redor do mundo.
Manifestando uma ideia
![Arquitetura efêmera: inovação, experimentação e entretenimento - Imagem 4 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/612b/d20f/7f70/1001/6468/a6b6/newsletter/stairs-of-kriterion-by-mvrdv-image-c-laurian-ghinitoiu.jpg?1630261782)
A duração limitada desse tipo de intervenção torna-se um álibi muito favorável para defender a execução de projetos altamente especulativos e ousados. Isentos de muitas formalidades e livres de tantas outras obrigações legais, certos projetos de intervenção temporária são capazes de abrir uma janela para o futuro, nos permitindo vislumbrar—ainda que momentaneamente—aquilo que está por vir no campo da arquitetura e do planejamento urbano. Seguindo esta linha de pensamento, em 2016 o MVRDV desenvolveu uma ousada instalação temporária na cidade de Rotterdam, inserindo uma escadaria monumental que conectava o espaço público de uma praça até a cobertura de um dos mais icônicos edifícios da maior cidade portuária do norte da Europa. A intervenção temporária foi uma forma bastante convincente de mostrar à população que uma nova forma de se pensar e ocupar a cidade era possível, uma iniciativa que catalisou uma onda de novos projetos de intervenção em espaços públicos e subutilizados da cidade. Apropriando-se dessa experiência, o MVRDV lançou recentemente um catálogo de ideias para projetos de ocupação de coberturas sub-utilizadas na cidade de Rotterdam.
Preservando lugares e atividades
![Arquitetura efêmera: inovação, experimentação e entretenimento - Imagem 5 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/612b/d1de/7f70/1001/6468/a6b4/newsletter/vegetable-area-image-c-weiqi-jin.jpg?1630261734)
Em outros casos, estruturas temporárias são construídas para compensar ou substituir outros edifícios por um determinado período de tempo. Com propósitos e o prazos bem definidos, estruturas temporárias de breve duração atentam a outros critérios, como a desmontagem e a reciclagem. Inaugurado recentemente na cidade de Paris para suprir a ausência do Grand Palais, fechado para reformas até 2024, o Grand Palais Éphémère foi concebido para abrigar alguns dos principais eventos culturais e esportivos que comumente tinham lugar no famoso palácio de vidro do século XIX. De forma muito similar, a estrutura temporária do Mercado de Shengli foi construída para substituir momentaneamente o Mercado Central de Puyang—que também passa por reformas. Ambas estruturas foram concebidas para serem montadas, desmontadas, recicladas ou reutilizados futuramente em outras construções.
Explorando novas tecnologias
![Arquitetura efêmera: inovação, experimentação e entretenimento - Imagem 2 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/612b/d1bc/7f70/1001/6468/a6b3/newsletter/3.jpg?1630261699)
Minimamente livres das restrições formais e legais que regulamentam a construção de estruturas permanentes, a arquitetura temporária é a oportunidade perfeita para pôr novas tecnologias e sistemas construtivos à prova. Nesse sentido, o Institute for Computational Design (ICD) e o Institute of Building Structures and Structural Design (ITKE) têm investido alto no projeto e construção de pavilhões experimentais para desenvolver novos sistemas e tecnologias aplicadas à arquitetura. Levando a nossa disciplina para além dos seus limites conhecidos, estas magníficas estruturas nos revelam todo o potencial de uma determinada tecnologia antes mesmo que esta esteja disponível no mercado.
Um veículo de desenvolvimento urbano
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Um potencial precursor de inovadores projetos de desenvolvimento urbano, as intervenções temporárias no espaço de domínio público representam uma ótima oportunidade para testar e validar estratégias de renovação urbana, permitindo vislumbrar o potencial de uma determinada solução na regeneração de espaços públicos sub-utilizados ou negligenciados, consolidando a infraestrutura social de uma cidade. Pensando nisso, a Carlo Ratti Associati projetou uma série de intervenções urbanas temporárias para o Manifesta 14 em Pristina, Kosovo, explorando diferentes maneiras de recuperar o espaço público através de instalações espaciais efêmeras como parte de um projeto de re-desenvolvimento urbano participativo. Desta forma, os cidadãos serão convidados a participar e avaliar cada uma das intervenções, escolhendo finalmente quais delas deverão ser mantidas e consolidadas após a conclusão do evento.
Engajando comunidades
![Arquitetura efêmera: inovação, experimentação e entretenimento - Imagem 3 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/612b/d195/7f70/1001/6468/a6b2/newsletter/loud-shadows-01.jpg?1630261661)
Em muitos dos casos vistos anteriormente, estruturas temporárias são concebidas com o principal objetivo de engajar pessoas, enriquecendo a experiência do espaço público e da vida em comunidade. O Plastique Fantastique, estúdio de design com sede em Berlim, é um escritório que atua principalmente no campo da arquitetura efêmera e espaços urbanos performáticos. Através de suas estruturas infláveis, eles criam espaços alternativos, proporcionando uma plataforma para o estabelecimento de diferentes atividades temporárias. Seu trabalho dá continuidade a uma linhagem iniciada pelo grupo experimental utópico Haus-Rucker-Co, cujas estruturas infláveis dos anos 1960 eram criações livres e descartáveis que brincavam - literalmente e metaforicamente - com os limites de um mundo que eles viam como sério, rígido e tedioso.
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Concebidas originalmente como estruturas temporárias, ícones como a Torre Eiffel ou o London Eye tornaram-se marcos de referência em algumas das maiores e mais visitadas cidades do mundo. Por outro lado, projetos como o Pavilhão Alemão de Mies van der Rohe ou a Casa do Futuro dos Smithsons serviram em seu tempo como uma janela para o futuro da arquitetura. Esses exemplos, junto com seus equivalentes contemporâneos, são um ótimo exemplo do potencial perene de soluções e estruturas temporárias na arquitetura.