Como arquitetas e arquitetos, entendemos a importância da troca de conhecimentos para o nosso setor e, com a Internet, vimos uma oportunidade de encaminhar o tradicional formato de publicações de arquitetura no sentido de sua evolução natural. Um esforço apaixonado e instintivo que acabou encontrando as forças que moldavam nosso novo contexto global à medida que adentrávamos a era das megacidades e a população urbana global crescia exponencialmente. A compreensão desse cenário deu forma à nossa missão: oferecer inspiração, conhecimento e ferramentas para os arquitetos – e todos os envolvidos no processo – enfrentarem os desafios do nosso ambiente construído.
Embora este fosse um fenômeno novo para a população em geral, espantada com a rápida globalização, havia algo importante acontecendo no mundo, e o recém-cunhado termo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) enfatizava que o desenvolvimento global aconteceria em novos centros – economias em rápido crescimento.
Mas se havia um lugar onde esse fenômeno não era exatamente novo era o Brasil, um país onde o crescimento da população urbana já trazia desafios para as cidades – e, portanto, para a arquitetura, o urbanismo e a política – há décadas.
Foi no Brasil que surgiu uma autêntica e singular geração moderna que colocou em prática os ideais de um movimento global que queria trazer respostas para uma nova forma de conceber não apenas nossas vidas e cidades, mas também nossas instituições e infraestrutura. A arquitetura moderna brasileira surgiu em tempos de mudança social e foi pautada pela atuação de mestres como Oscar Niemeyer, João Filgueiras Lima, Roberto Burle Marx e toda uma geração posterior, com destaque para Paulo Mendes da Rocha, que teve um papel ativo na formação da sociedade. Pessoalmente, visitar São Paulo e o Rio de Janeiro durante meus anos de formação me mostrou o que a arquitetura poderia e deveria ser.
É por isso que, ao pensar em como construir outras pontes para conectar o mundo da arquitetura, inaugurar o ArchDaily Brasil foi um passo óbvio para nós. E não poderíamos estar mais felizes por termos, nestes últimos 10 anos, testemunhado a arquitetura avançar em meio aos enormes desafios que o Brasil teve – e continua tendo – que enfrentar. Felizes também estamos por criar uma rede, conectando arquitetos jovens e consagrados de São Paulo e do Rio a profissionais de outros centros, como Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Fortaleza, Recife, Brasília, Manaus, Belém, entre outros. Esta ponte que criamos é de mão dupla, e temos também conseguido levar ao mundo os aprendizados da arquitetura brasileira – aquela que lida há décadas com problemas urbanos da maior envergadura.
Encontramos uma sociedade receptiva de arquitetos que estava aberta a compartilhar e se envolver com nossa plataforma. Encontramos muitos aliados entre as publicações de arquitetura, eventos culturais, instituições educacionais, iniciativas governamentais e movimentos populares existentes, um reflexo de que a arquitetura é uma entidade viva neste país fascinante. E apesar do ArchDaily e suas páginas em espanhol, inglês e chinês apresentarem um panorama global, cada site tem sua própria identidade e conteúdo. Nesse sentido, e em comparação com os demais sites, o ArchDaily Brasil é onde os temas sobre urbanismo e fazer cidade encontraram um forte engajamento e deram identidade à sua linha editorial.
Embora o pontapé inicial tenha ocorrido no Chile, nossa equipe sempre foi local. Agradeço às nossas primeiras editoras, Joanna Helm e Gica Fernandes, que imediatamente aderiram a este projeto, e à nossa atual equipe formada por Romullo Baratto, Victor Delaqua, Eduardo Souza, Susanna Moreira, Isabella Honda, Camilla Ghisleni, Giovana Martino, Julia Brant, Rafaella Bisineli, e Vinicius Libardoni. Agradeço também a longa lista de pessoas que deram forma ao ArchDaily Brasil ao longo dos anos: Matheus Pereira, Pedro Vada, Amanda Ferber, Arthur Stofella, Artur Jorge, Audrey Migliani, Camila Brandão, Fernanda Britto, Gabriel Pedrotti, Igor Fracalossi, Isabela Costa, Leonardo Márquez, Lis Cavalcante, Maria Julia Martins e Rafael Duarte. Gostaria também de agradecer a todas as arquitetas e arquitetos que nos abriram suas portas – citar todos os nomes tornaria este artigo infinito – e todas as instituições que nos apoiaram.
Sobretudo, gostaria de agradecer a você, um dos 40 mil leitores que a cada dia fazem do ArchDaily sua fonte de inspiração e conhecimento – o lugar que você confia para apresentar e divulgar seus trabalhos para o mundo.
Obrigado!