Arquitetura do metaverso: o que é, quem construirá e por que é importante?

Você deve ter ouvido que Mark Zuckerberg quer que o Facebook se torne uma Metaverse Company, e que no início deste ano a Epic Games, empresa que desenvolve a Unreal Engine, anunciou ter concluído uma rodada de financiamento de US$1 bilhão para apoiar o plano de longo prazo para o metaverso. Metaverso é, definitivamente, a palavra da moda mais quente no mundo da tecnologia atualmente. Neste artigo, discutiremos brevemente o que é o metaverso, quem o construirá e, mais importante, por que ele é importante para os arquitetos e como os designers podem desempenhar um papel significativo na economia digital que está por vir?

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O que é o metaverso?

Derivado do romance de ficção científica Snowcrash, de 1992, o termo metaverso foi cunhado por Neal Stephenson como um sucessor da Internet e constitui sua visão de como o mundo digital pode evoluir no futuro próximo.

Você pode ter uma ideia de como poderia ser a vida no metaverso em filmes como Jogador nº1 e Matrix, onde qualquer coisa que possamos imaginar pode existir, e podemos nos conectar ao metaverso o tempo todo para estender nossas vidas reais com experiências extraordinárias. Existem muitos artigos por aí que oferecem várias definições e padrões para o metaverso, e aqui estão dois dos meus favoritos: The Metaverse: What It Is, Where to Find it, Who Will Build It, and Fortnite e State of the Metaverse 2021 (ambos em inglês).

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Cortesia de "Matrix”, screenshot do filme

Quem construirá o metaverso?

Ao contrário do metaverso centralizado chamado Oasis em Jogador nº1, as comunidades de tecnologia acreditam que o metaverso deve ser um ecossistema aberto e interoperável, não dominado por uma única empresa. Como disse Mark Zuckerberg, “esperamos que no futuro, perguntar se uma empresa está construindo um metaverso soará tão ridículo quanto perguntar a uma empresa como está indo a Internet.”

Ao mesmo tempo, a Roblox e a Epic Games, atualmente as empresas mais atuantes neste debate, também acreditam que o metaverso deve ter genes descentralizados para evitar ser monopolizado por algumas forças. O cofundador da Roblox, Neil Rimer, afirma: “A energia em torno do metaverso virá dos usuários, não da empresa”. O CEO da Epic, Tim Sweeney, também enfatizou: “O metaverso não vem de nenhum gigante da indústria, mas da cristalização da cocriação de milhões de pessoas. Cada um faz sua contribuição para o metaverso por meio da criação de conteúdo, programação e design de jogos. As contribuições também podem agregar valor ao metaverso de outras maneiras."

Por muitos anos, a Internet consistiu basicamente em um catálogo 2D com hiperlinks, mas agora, finalmente, ela começa a ficar interessante com o potencial para experiências 3D, mudando a maneira como trabalhamos, fazemos compras e vivemos. Nesse sentido, como os arquitetos poderão desempenhar um papel na criação e desenvolvimento do grande metaverso?

Por que isso importa aos arquitetos?

A ascensão da economia digital

O mundo inteiro está testemunhando uma grande mudança da economia real para a economia digital, e a integração das duas foi acelerada drasticamente desde o início da pandemia global.

Vimos várias lojas de material de construção fecharem suas portas, ao mesmo tempo em que a marca de moda Balenciaga optou por estrear sua coleção mais recente em um videogame. Proprietários de imóveis comerciais estão lutando porque os inquilinos estão abandonando os escritórios ou buscando opções menores, enquanto empresas de videoconferência como a Zoom obtiveram enorme sucesso e explodiram em meio à pandemia. Queiramos ou não, a Covid-19 mudou nossa cultura de trabalho, acelerou o crescimento do e-commerce e transformou a forma como as empresas operam. Alguns dos pioneiros na construção de metaversos são jogos, moda, Hollywood e criptografia. Não há outra opção a não ser entrar no novo jogo. Caso contrário, você não sobreviverá enquanto modelo de negócio.

Para saber mais, leia a entrevista de Tim Sweeney, CEO da Epic Game, sobre a economia do metaverso.

NFT na Arte: A ascensão dos ativos digitais

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Cortesia de Mars House

Os itens digitais já representam um mercado de mais de US$ 10 bilhões e, para que os itens digitais tenham valor real e duradouro, eles devem existir independentemente de uma entidade que possa decidir a qualquer momento remover ou desativar o item. É por isso que o NFT (tokens não fungíveis), a aplicação mais recente em tecnologia blockchain, entrou em cena. “Não fungível” significa que é único e não pode ser substituído por outro. O valor dos NFTs é, portanto, entendido como a certificação da criação do item digital como "único". E essa criação digital pode ser qualquer coisa, incluindo arquitetura digital. A artista Krista Kim, de Toronto, vendeu a primeira casa digital em NFT por mais de meio milhão de dólares. Isso é mais do que o preço de uma casa real em muitas cidades da América do Norte.

Outra tendência no mundo da criptografia é investir em imóveis virtuais. Imóveis baseados em blockchain em mundos virtuais valorizaram como resultado do frenesi do mercado de NFT que começou no início de 2021. Um pedaço de terreno virtual no mundo online baseado em blockchain Decentraland foi vendido por mais de US$ 900.000 recentemente. Em mundos virtuais como Decentraland, Sandbox, Somnimum Space, as pessoas podem exibir suas coleções de arte NFT, caminhar com amigos, visitar edifícios e participar de eventos. Isso pode parecer estúpido e irreal para muitas pessoas, e a plataforma pode ser ainda muito nova, mas é definitivamente um espaço interessante e possivelmente lucrativo para designers alavancarem suas habilidades de design no mundo físico e estendê-las ao mundo virtual.

Mudança do modelo de negócios: de consultor a criador de conteúdo

Os arquitetos sempre reclamam que é difícil encontrar bons clientes que apóiem totalmente suas ideias criativas e paguem as contas em dia. A maioria dos projetos permanece no papel para sempre, eles podem ser rejeitados por todos os tipos de razões, e a maior parte da “arquitetura do papel” não tem valor, pois não é reconhecida pelo cliente. E mesmo quando seu projeto tem a sorte de ser construído, a construção é notoriamente cara, demorada e cheia de incertezas. Muitas oportunidades para você ser processado quando o projeto der errado.

Desculpem a dura realidade, mas os arquitetos não são mais os mestres de obra na sociedade moderna. Os arquitetos atuam como gerentes de projeto e colaboram com consultores, engenheiros, empreiteiros, clientes e outros profissionais para fazer um projeto acontecer e, como a maioria dos profissionais que prestam serviços, somos pagos por hora. Em vez de fornecer serviços individuais, os arquitetos poderiam reinventar o modelo de negócios para fornecer produtos / serviços que possam ser escalonados, soluções que possam ser reutilizadas e para beneficiar milhões de usuários, não apenas um cliente.

O metaverso precisa de conteúdo massivo para entreter os usuários. Precisamos de experiências como parques de diversões virtuais, cinemas virtuais, concertos virtuais, cassinos virtuais, escolas virtuais, conferências virtuais, e qualquer coisa que você puder imaginar. Para os arquitetos, o metaverso é um território virgem cheio de possibilidades e uma utopia sem as restrições do mundo físico. Os arquitetos podem criar projetos exclusivos apoiados em NFT para pessoas que gostam de colecionar ativos únicos. Os arquitetos também podem construir ativos digitais como cidades, edifícios, móveis, esculturas, nuvens de pontos, texturas etc., e vendê-los diversas vezes para mundos virtuais, jogos e filmes. Isso é muito semelhante ao ambiente de trabalho de artistas que trabalham em empresas de jogos ou produtoras de filmes. Além de projetos estáticos, os arquitetos também podem desenvolver “fórmulas” de design em que os usuários podem ajustar os parâmetros para gerar vários resultados, como scripts para o Grasshopper ou ativos digitais no Houdini.

Embora a arquitetura seja um negócio relativamente local, você pode fornecer produtos e serviços digitais em todo o mundo. Pode ser difícil encontrar clientes que valorizam seu design em sua região, mas é muito mais fácil encontrar usuários que apreciam seu gosto em todo o mundo. Como diz o livro 1000 true fans, você pode ganhar a vida fazendo o que ama se encontrar um nicho para isso.

Não importa o que você faça, tente pensar como um criador de conteúdo, potencialize seu esforço para um crescimento exponencial, encontre seus caminhos na selva digital para se comercializar em diferentes plataformas, alcance os usuários em potencial com conteúdo de qualidade, mantenha-os engajados e aumente sua bases de usuários.

Leitura complementar.

Como estender a fronteira do design para o mundo digital?

Então, você está animado com as novas oportunidades, mas como os designers podem entrar no jogo?

Aprenda com a indústria de jogos

O jogo é a ponta do metaverso. Os jogos são considerados os melhores portadores do metaverso, especialmente os jogos sandbox cada vez mais populares, que já têm uma forma primitiva de metaverso. Assim como GTA, Minecraft, Fortnite etc., que oferecem um alto grau de liberdade de experiência de jogo, muitos jogos também fornecem ferramentas profissionais para a produção de conteúdo próprio de expansão, a fim de enriquecer a experiência e prolongar a vida do jogo.

Os jogos também são uma indústria com a qual os arquitetos podem se relacionar muito. SimCity é um clássico de construção de cidades que muitos designers urbanos consideram inspirador. A construção de mundos em jogos é o processo de construção de um mundo imaginário e se assemelha muito ao processo de projeto na vida real. Artistas de Ambientes transformam desenhos e ideias bidimensionais criados pela equipe de concepção em ambientes 3D. As ferramentas do mercado são softwares de modelagem com os quais os arquitetos estão mais ou menos familiarizados: Blender, 3Ds Max, Maya, ZBrush, Substance Painter etc., e também motores de jogos como Unity e Unreal.

Aprenda a programar

- Pense como um desenvolvedor de software

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© Computational Thinking Key Concepts

O design computacional não é um tópico novo no campo da arquitetura. Temos visto termos como design generativo, design paramétrico, design algorítmico ganharem proeminência. Não quero discutir as diferenças entre essas terminologias, no geral, trata-se de uma nova forma de resolução de problemas. Em vez de confiar apenas na intuição e na experiência, os arquitetos passam a abstrair o processo de design, decompõem os grandes desafios em menores, definem os parâmetros ou restrições que irão impactar os resultados do design, elaboram fluxos de trabalho de design e opções e, finalmente, tomam decisões com base em fundamentos analíticos. O pensamento computacional é a chave para realizar seu projeto como um desenvolvedor de software.

Ferramentas como o Grasshopper já são bem adotadas na área da arquitetura. É uma boa abordagem para aplicar ferramentas computacionais em seu fluxo de trabalho e amplificar o poder da computação.

Se você deseja aprender a programar, o Processing pode ser uma boa linguagem para aprender dentro do contexto das artes visuais. Python também é uma linguagem relativamente fácil de aprender e tem ampla aplicação em análise / visualização de dados, IA / aprendizado de máquina, desenvolvimento web e outros usos gerais.

-Geração Procedural de Conteúdo (PCG)

Na computação, a geração procedural de conteúdo (PCG) é um método de criação de dados algorítmicos em oposição ao processo manual, normalmente realizado por meio de uma combinação de ativos e algoritmos gerados por humanos juntamente com aleatoriedade gerada por computador. Na computação gráfica, é comumente usada para criar texturas e modelos 3D (Wiki). A geração procedural é frequentemente usada em videogames e filmes para permitir que os desenvolvedores produzam grandes quantidades de conteúdo e a possibilidade de jogos com conteúdo infinito.

Existem muitas abordagens para gerar conteúdo de forma procedural, e esta apresentação de Kate Compton no GDC é um bom ponto de partida.

Townscraper, um dos meus jogos indie favoritos, é outro grande exemplo de PCG. Os usuários podem clicar aleatoriamente e gerar belas cidades com base nas restrições dos blocos, de forma semelhante à solução de um Sudoku.

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Cortesia de Townscraper, desenvolvido por Oskar Stålberg

Houdini é uma ótima ferramenta quando se trata desse assunto. Ele foi projetado para artistas que trabalham com animação 3D e VFX para filmes, TV, videogames e realidade virtual. Houdini reúne esses mundos em uma única plataforma poderosa. O que realmente separa Houdini de outros softwares de animação 3D é sua natureza procedural. Houdini tem um ambiente aberto e oferece scripts por meio de uma variedade de APIs, mas Python é a linguagem escolhida para a maioria dos pacotes.

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Cortesia de Adrien Lambert

CityEngine é um aplicativo de software de modelagem tridimensional desenvolvido pela Esri R&D Center Zurich, especializado na geração de ambientes urbanos 3D. Usando uma abordagem de modelagem procedural, ele suporta a criação de modelos 3D detalhados de cidades em grande escala.

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Cortesia de User interface of City Engine

- Projete com Inteligência Artificial (AI)

AI é um tema quente no cenário tecnológico, e vimos muitos aplicativos excelentes em visão computacional, processamento de linguagem natural e assim por diante. No contexto de design, a AI pode ser usada para treinar o aprendizado de máquina a partir de conteúdos existentes a fim de gerar novo conteúdo. Entre todas as plataformas de aprendizado de máquina, GAN (Generative Adversarial Network) é definitivamente uma estrela em ascensão que chama a atenção dos profissionais de design. Aqui estão alguns exemplos:

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Cortesia de Stanislas Chaillou

A tese de Stanislas Chaillou usa o GAN para gerar plantas de diferentes estilos.

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Cortesia de Refik Anadol installation

O artista Refik Andaol aplica algoritmos de aprendizado de máquina baseados em dados para criar ambientes abstratos e oníricos.

Um artigo recente da Simon Fraser University e da Autodesk Research refinou o GAN para gerar layouts de casas automatizadas para arquitetos.

O modelo mais recente da NVIDIA Research transforma imagens 2D em objetos 3D para desenvolvedores de jogos, artistas, designers e arquitetos.

A New Balance está usando o Runway, uma ferramenta de ML amigável para criadores, para projetar sua próxima geração de calçados esportivos.

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Cortesia de New Balance

Que valor os arquitetos podem agregar ao metaverso?

- Crise de identidade do arquiteto na economia digital

Os arquitetos já enfrentam uma crise de identidade no mundo físico. Éramos os mestres de obra, detínhamos todos os conhecimentos e técnicas de construção. No entanto, na sociedade industrial moderna, muitas especializações como estrutura, mecânica, eletricidade, orçamento e gestão de obras foram separadas da disciplina de arquitetura; a parte restante é basicamente a criação de formas, visualização, colaboração... Falta-nos a tecnologia central. 

Arquitetura é uma profissão que leva muito tempo. O menor esforço arquitetônico leva pelo menos quatro, cinco ou seis anos, e essa velocidade é realmente muito lenta para as revoluções que estão ocorrendo.” A constatação de Rem Koolhas, arquiteto holandês ganhador do Prêmio Pritzker, lança luz sobre uma lacuna da profissão: como ela poderia se adaptar às mudanças do clima social e técnico de hoje. A tecnologia está avançando e a indústria de arquitetura, engenharia e construção (AEC) mudou muito nas últimas décadas. Da indústria à academia, precisamos mudar para nos adaptar.

O metaverso é um novo playground do qual os arquitetos podem participar junto de outras partes interessadas. Se estamos competindo com designers ou desenvolvedores de jogos, que valor extra podemos agregar ao jogo?

- Arquiteto como a ponte entre o mundo físico e virtual

Durante séculos, os arquitetos lideraram a construção de mundos físicos. Por atuarmos na gestão dos projetos, colaborando com todas as disciplinas, temos um entendimento abrangente dos processos envolvidos em cada obra, enquanto os outros profissionais estão geralmente mais familiarizados com uma parte específica do trabalho. 

Com a tendência de criação de Digital Twin na prática da indústria de AEC, arquitetos podem atuar como ponte entre o mundo físico e virtual. De acordo com a Autodesk, “um duplo digital em construção, engenharia e arquitetura é uma réplica dinâmica e atualizada de um ativo físico ou conjunto de ativos - seja um edifício, um campus, uma cidade ou uma ferrovia - que reúne dados de projeto, construção e operacionais em tempo real. Os duplos digitais simulam, prevêem e informam decisões”. Os arquitetos podem executar simulações para criar cenários do mundo real virtualmente. Seria o equivalente a “fazer um test drive” em edifícios não construídos. Um duplo digital usa dados de sensores conectados para contar a história de um edifício durante todo o seu ciclo de vida. Do teste ao uso no mundo real. Com os dados da Internet das Coisas (IoT), podemos medir indicadores específicos de estado e desempenho de edifícios, como temperatura e umidade. Um duplo digital também pode ampliar a experiência física: imagine que exista um estádio com capacidade para apenas 20 mil pessoas para um show ao vivo, mas permite que milhões de usuários participem desse evento por meio de um duplo digital, oferecendo interação dinâmica entre os dois.

Haverá muitos aplicativos interessantes no metaverso que hospedam duplos digitais ou digitalizam dados como nuvens de pontos e fotogrametria de lugares do mundo real. Basta ser criativo para utilizar os recursos e selecionar experiências e interações para ambos os domínios.

- Responsabilidade social no mundo virtual

Os arquitetos são bons ouvintes e comunicadores. Começamos ouvindo muito para entender o que os clientes querem e o que as comunidades desejam. Além de atender os clientes, arquitetos tendem a colocar o impacto social e a responsabilidade em primeiro lugar, servindo a comunidade como um todo.

Arquitetura é a manifestação e expressão da cultura. Tentamos compreender um determinado contexto cultural que envolve linguagens, a memória do lugar e estilos de vida anteriores. Embora o metaverso não seja específico de um lugar, os usuários têm diferentes origens culturais, assim, podemos pensar em metaversos "vernaculares" que recebam toda essa diversidade. 

- O valor da arquitetura

Este é um tópico profundo, e há uma citação de Rem Koolhas que sintetiza isso: “a arquitetura está com uma perna em um mundo que tem 3.000 anos e outra perna no século XXI. Esse alongamento quase semelhante ao de um balé torna nossa profissão surpreendentemente profunda. Pode-se dizer que somos a última profissão que tem uma memória, ou a última profissão cujas raízes remontam a 3.000 anos e que ainda demonstra a relevância daqueles longos caminhos hoje em dia. Inicialmente, pensei que estávamos no lugar errado para lidar com o presente, mas o que oferecemos ao presente é a memória."

A história é como um espelho que oferece novos reflexos a cada vez que é fitado. Os valores da arquitetura variaram ao longo da história. De estabilidade, utilidade e beleza na época romana, às sete lâmpadas da arquitetura (Sacrifício, Verdade, Poder, Beleza, Vida, Obediência e Memória) de Ruskin no século XIX. De Por uma arquitetura, de Le Corbusier, que desdobrou as arquiteturas modernas no século XX para descartar a decoração e abraçar a forma pura como o novo espírito da era industrial, até Pattern Language de Christopher Alexander, que impactou fortemente a engenharia de software... Precisamos mesmo definir os novos valores da arquitetura nesta era digital? Esta é uma questão em aberto para os leitores. Quanto melhor pudermos definir e implementar o valor da arquitetura, melhor poderemos arquitetar um grande metaverso imaterial.

O metaverso está se desdobrando e evoluindo. Caros colegas arquitetos, vocês estão prontos?

Este artigo foi originalmente publicado no Medium.

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Sobre este autor
Cita: Sun, Chloe. "Arquitetura do metaverso: o que é, quem construirá e por que é importante?" [Architecting the Metaverse] 30 Dez 2021. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/969643/arquitetura-do-metaverso-o-que-e-quem-construira-e-por-que-e-importante> ISSN 0719-8906

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