A designer de interiores Sophie Goineau concluiu recentemente as obras de restauração da histórica Casa Alfred Wilkes em Beverly Hills. Projetada e construída em 1957 por um dos mais importantes arquitetos de meados do século XX nos Estados Unidos, a icônica casa do arquiteto passou por um longo processo de reforma que durou mais de dois anos. Inspirada nas obras de outros importantes nomes da arquitetura moderna no país, Goineau trouxe um novo sopro de vida a uma das mais fabulosas mid-century houses construídas nos Estados Unidos, acentuando o forte contraste entre a geometria simples e as formas curvilíneas que definem os mais de 460 metros quadrados desta magnificente obra de arquitetura do século XX.
Sophie Goineau, sócia e fundadora do escritório Goineau Design com sede em Los Angeles, é uma designer com vasta experiência no desenvolvimento de projetos, espaços e objetos capazes de evocar experiências e atmosferas únicas. Centrado em torno da abordagem holística da Bauhaus, o estúdio busca transcender os limites entre a arte e a vida cotidiana através do espaço construído. Sophie Goineau, em colaboração com seus parceiros da Enclosures Architects Scott Strumwasser e Tash Rahbar, transformou completamente o espaço e a atmosfera da antiga casa de Alfred Wilkes em Beverly Hills, preservando sobretudo a integridade do projeto original.
Falando sobre o projeto de reforma da Alfred Wilkes House, Sophie Goineau disse que buscou inspiração nos materiais recorrentemente utilizados em projetos similares, apropriando-se de sua já vasta experiência na criação de espaços e atmosferas únicas. “Acredito que cada objeto nos conta uma história, e que a escolha de cada material deva ter uma razão especifica para tal. Isso nos faz pensar na maneira como nos relacionamos com os objetos e o espaço e também em como se dá o nosso processo de tomada de decisões em um projeto como este. Tudo isso é de extrema importância.” Desde o hall de acesso até o último cômodo da casa, a marcenaria foi executada em madeiras americanas nativas, sempre que possível; o forro embutido, as divisórias e os caixilhos foram executados em teca, e os azulejos do lavabo, foram feitos à mão pela Mosarte no Brasil. Os painéis de parede, portas, armários, penteadeiras e os móveis da cozinha foram feitos em madeira de nogueira. Os puxadores de metal foram feitos sob medida, ecoando o espirito modernista do projeto original de forma simples e direta.
A lareira de dois lados, da sala de estar à biblioteca, foi reconstruída em tijolos maciços feitos à mão na Dinamarca por Petersen Tegl e projetada em colaboração com o arquiteto Peter Zumthor—os mesmos tijolos utilizados no Museu Kolumba de Colônia, na Alemanha, e no Royal Danish Playhouse em Copenhagen. O carpete original da casa foi substituído por um novo piso em terrazzo, incrustado com elementos decorativos de latão e pedra Calacatta creme, inspirados nas estampas têxteis criadas por Alexander Girard para Charles e Ray Eames. Para concluir, a equipe de projeto decidiu incorporar uma série de novos ítens de mobiliário assinados pela Minotti e pela Henge.
A tinta escolhida para as paredes foram produzidas pela fabricante italiana Novacolor, fluindo das fachadas externas para as superfícies das paredes internas, combinando com os diferentes revestimentos utilizados em outros espaços da casa como no banheiro—criando o cenário perfeito para a banheira projetada sob medida e esculpida na Espanha a partir de um único bloco de pedra Pietro Grigio. Os acessórios ficaram por conta de John Pawson, o famoso arquiteto americano conhecido pelo projeto da West Hollywood Edition em parceria com Ian Schrager, além de produzir a série de acessórios Cocoon em colaboração com o designer holandês Piet Boon.
Na suíte do quarto de hospedes, coroando o banheiro circular compartilhado, as claraboias existentes foram ampliadas para realçar a atmosfera do espaço criada pelo revestimento cerâmico da Yohen Border, o qual é utilizado em tons similares nos outros dois banheiros da casa, assim como no terraço semi-aberto frente ao jardim.
Nenhum detalhe original passa desapercebido na nova Casa Alfred Wilkes. Como afirma Goineau, “cada uma de suas paredes cumpre também a função de objeto, elas não são apenas divisórias verticais. Paredes da tela servem como filtros de luz, de forma que a luz no interior da casa muda o tempo todo, criando experiências e atmosferas únicas. Nenhuma parede é apenas um obstáculo nesta casa. Elas sempre podem ser abertas, parcial ou inteiramente.” Originalmente construída em 1957, a Casa Alfred Wilkes foi reinventada e trazida de volta à vida através de um projeto de restauro que procura celebrar suas principais características originais, reinterpretando-as e, desta forma, ressignificando o legado da arquitetura residencial modernista de meados do século XX.
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