Projetando edifícios virtuosos: 6 projetos que combinam sustentabilidade e desempenho

As vestimentas utilizadas pelos povos nômades no deserto (beduínos, berberes, tuaregues, entre outros) são geralmente escuras, compridas e de tecido pesado. Ao contrário do senso comum, que recomendaria roupas leves, claras e curtas para um clima quente, as roupas pesadas e soltas do corpo favorecem a convecção, criando um fluxo de ar constante junto ao corpo, conferindo um conforto térmico no clima árido. Para edificações a analogia funciona. Ao abordarmos eficiência energética e desempenho dos projetos, inevitavelmente falaremos da sua envoltória, entre outros aspectos do projeto. Nem sempre uma solução exitosa em um local será eficiente em outro. 

Durante os últimos 2 anos, temos criado uma série de artigos sobre bem-estar e sustentabilidade focados na indústria da construção. Mas de que forma os projetos, conforme suas demandas e contexto, aplicam as soluções para torná-los, de fato, eficientes e de bom desempenho?

The Curve / Chartier Dalix Architectes

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The Curve / Chartier Dalix Architectes. Image Cortesia de Saint-Gobain

The Curve é um edifício comercial em Paris finalizado em 2020, que apresenta um consumo energético 40% menor do que o especificado pelo regulamento térmico francês para novos edifícios (RT 2021) e atinge altas metas ambientais: atende ao padrão francês HQE Excelente para edifícios comerciais e possui certificação BREEAM e Effinergie+. Isso se deve às propriedades isolantes naturais da estrutura em madeira, mas também ao desempenho das aberturas, que contam com vidro de controle solar COOL-LITE® XTREME. Este apresenta uma seletividade real superior a 2 (ou seja, mais que o dobro do nível de iluminação natural em relação à audição solar transmitida para o interior) e um valor Ug de até 0,9W/m²K (quanto menor Ug melhor isolamento térmico) .

Szervita Square Building / Antal Fekete, DVM Group and László Gellár

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Szervita Square Building / Antal Fekete, DVM Group and László Gellár. Image Cortesia de Saint-Gobain, ©Sz. Nagy Judit

Neste edifício de uso misto em Budapeste, o Szervita Square Building, os arquitetos projetaram todo o revestimento em vidro. O produto escolhido, COOL-LITE® XTREME SILVER II, reflete as edificações históricas vizinhas, resultando em uma colagem animada do antigo e do novo. A aparência reflexiva é aliada ao alto controle solar, o que barra boa parte da radiação solar e garante alto conforto ao usuário e economia de energia. Esta é uma das razões que o edifício conseguiu atender aos requisitos e ser o primeiro desenvolvimento de uso misto LEED Platinum na União Europeia.

Muxikebarri Center of Performing Arts and Music School / LMU Arkitektura

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Muxikebarri Center of Performing Arts and Music School / LMU Arkitektura. Image © Pedro Pegenaute

No Muxikebarri Center of Performing Arts and Music School, os arquitetos do LMU Arkitektura, conseguiram criar um marco na cidade, incorporando as funções de um centro cultural com preocupações ambientais e de conforto térmico e acústico aos ocupantes. Segundo a equipe responsável: “Os planos envidraçados da fachada constituem um sistema de dupla camada que insere seus contrafortes no interior, fixados por meio de elementos galvanizados. Ao sul eles funcionam como dispositivos de ventilação para regulação térmica e no norte como instrumentos de compensação térmica. O ambiente é criado a partir da adoção de um sistema de lâminas de madeira (perfil padrão 40cm x 20cm otimizado em duas peças quando cortado na diagonal) que funciona como um dissipador de calor que se estende a todo o projeto.”

Casa GZ / Studio Cáceres Lazo

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Casa GZ / Studio Cáceres Lazo. Image © Pablo Casals Aguirre

Com as novas tecnologias disponíveis no mercado, utilizar uma fachada extensa de vidro nem sempre implicará necessariamente em ganhos e perdas de energia. No caso da Casa GZ, de Studio Cáceres Lazo, o grande pano de vidro da fachada leste recebe o vidro térmico, com alto desempenho por conta da sua baixa emissividade (a capacidade do vidro de transferir calor entre interior e exterior através da condução térmica).

WMS Boathouse at Clark Park / Studio Gang

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WMS Boathouse at Clark Park / Studio Gang. Image © Steve Hall/Hedrich Blessing
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WMS Boathouse at Clark Park / Studio Gang. Image © Steve Hall/Hedrich Blessing

Para o projeto em Chicago da Casa de Botes WMS no Parque Clark, Studio Gang Architects optou por usar vidro de controle solar nas grandes áreas envidraçadas. Esses produtos reagem à luz solar de forma diferente do vidro comum, devido a um revestimento especial depositado na superfície do vidro durante sua fabricação. Desta forma, grande parte do calor é absorvido pelo vidro, mas não é emitido para o interior do edifício. Por serem mais refletivos, grande parte da energia térmica fica para fora. Neste caso, a escolha do vidro foi importante, conforme consta na descrição do projeto pela equipe responsável: “O envidraçamento permite que o piso da estrutura seja aquecido no inverno e ventilado no verão para minimizar o consumo de energia ao longo do ano.”

Tour Saint-Gobain / Valode & Pistre

Para uma empresa, a oportunidade de construir uma sede é geralmente aproveitada para afirmar os seus valores à sociedade, através da arquitetura. No caso da Saint-Gobain, empresa francesa fabricante de uma gama de materiais de construções, a arquitetura também precisava demonstrar a sustentabilidade e a busca por desempenho que a marca busca atingir em todos os seus produtos. A torre em La Defense, Paris, projetada por Valode & Pistre pode ser comparada a um conjunto de três cristais que captam e difundem a luz com um jogo de reflexão e transparência. Grandes estufas contribuem para a aura e o desempenho ambiental do edifício, enquanto os jardins em todos os andares podem ser acessados ​​diretamente dos escritórios. Diferentemente da maioria dos edifícios corporativos envidraçados, a torre apresenta uma grande transparência e uma silhueta dinâmica por conta dos movimentos em seu interior. O vidro, que continua sendo um destaque da atividade tradicional da empresa, foi escolhido para este propósito, enfatizando qualidades estéticas e as propriedades de transmissão de luz, isolamento térmico e controle solar.

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Tour Saint-Gobain / Valode & Pistre. Image © Sergio Grazia

Ainda que diversos outros fatores influenciam no desempenho e eficiência energética de uma edificação, as fachadas possuem papel primordial, por se constituírem na primeira barreira contra o calor, frio, vento e intempéries. E as aberturas, como portas e janelas, muitas vezes acabam sendo apontadas como pontos frágeis e locais onde é difícil controlar a perda e o ganho de calor. Este artigo buscou mostrar que os vidros, se especificados da forma correta e conforme as demandas de cada projeto, podem contribuir para se atingir uma edificação sustentável e de bom desempenho. 

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Sobre este autor
Cita: Eduardo Souza. "Projetando edifícios virtuosos: 6 projetos que combinam sustentabilidade e desempenho" 26 Mar 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/976253/projetando-edificios-virtuosos-6-projetos-que-combinam-sustentabilidade-e-desempenho> ISSN 0719-8906

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