Grupo ][ Fresta projeta infraestruturas e equipamentos comunitários para 12 aldeias guaranis e tupis de São Paulo

Trabalhando na interseção entre projetos arquitetônicos o sociais, o Grupo ][ Fresta foi um dos escritórios agraciados pela Premiação IAB 2021 na categoria Urbanismo, Planejamento e Cidades. O trabalho destacado propõe um conjunto de infraestruturas e equipamentos culturais e comunitários em 12 aldeias guaranis e tupis distribuídas em 24 mil hectares de terra ao sul da maior cidade do país.

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Da equipe:
Este trabalho foi realizado no âmbito de um programa de compensação do Plano Básico Ambiental (PBA), onde foram elaborados projetos de arquitetura levando em consideração a real demanda da população indígena e de suas lideranças. Esses programas foram solicitados com a intenção de suprir as necessidades acerca de infraestruturas das comunidades. 

As 12 aldeias inseridas no projeto estão distribuídas em 24.000 hectares de terra, ao sul da metrópole de São Paulo, passando pela serra do mar e alguns municípios do litoral sul do estado, como Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém. Dividem-se geograficamente entre aldeias do planalto (Tenondé Porã, Kalipety, Yyrexakã, Krukutu, Guyrapaju e Kuaray Rexakã) e aldeias do litoral (Rio Branco, Cerro Corá, Tekoa Mirim, Aguapeú, Itaóca Guarani e Itaóca Tupi). As aldeias fazem parte de Terras Indígenas demarcadas dentro do Estado de São Paulo. Grande parte delas está localizada próxima à represa Billings ou na Serra do mar, beirando rios em meio à mata atlântica. 

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Mapa das aldeias no litoral de São Paulo. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta
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Mapa das aldeias na Serra do Mar, São Paulo. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta

As aldeias, em sua maioria são compostas por povos falantes guarani, no entanto há também povos que se autodenominam tupi, dividindo território entre ambas etnias, como é o caso da aldeia Itaoca e da aldeia Cerro Corá. 

As comunidades indígenas possuem questões culturais imprescindíveis de serem analisadas para a realização de projetos de arquitetura, como a dispersão de suas construções e aldeias, seus costumes e forma de usar os espaços. 

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Cozinha na aldeia de Guyrapaju. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta

Por esse motivo, optou-se neste trabalho pelo desenvolvimento de um processo participativo que permitisse obter as bases para posterior elaboração de projeto que atendesse às necessidades das aldeias,incorporando seus hábitos e costumes.

A preocupação com a sustentabilidade e manutenção do meio ambiente foi narrada em boa parte das aldeias. Materiais e modelos arquitetônicos que não prejudicassem o solo ou que permitissem otimização do uso dos recursos naturais foram solicitados nas Oficinas Participativas, o que possibilitou uma frutífera discussão sobre sistemas de tratamento de esgoto, manutenção das construções, e usos de materiais entre outros assuntos durante a oficina. 

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Casa de cultura na aldeia Yyrexakã. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta
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Casa de cultura na aldeia de Aguapeu. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta

O conjunto de projetos soma 55 construções, sendo 12 casas de cultura/ centros comunitários, 7 cozinhas comunitárias, 5 casas de barco, 3 alojamentos, 24 módulos sanitários, 2 mirantes, 1 galpão agrícola, e 1 casa de palestra. 

No projeto de todas as construções está previsto sistema de tratamento de esgoto ecológico (evapotranspiração ou wetland), em alguns casos captação de água de chuva para reuso. 

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Cozinha comunitária na aldeia de Cerro Corá. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta
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Mirante na aldeia de Itaoca. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta

A localização dos equipamentos, os materiais construtivos, as áreas e organização dos espaços seguiram as decisões tomadas pelas comunidades indígenas no processo participativo. O grande desafio deste projeto foi, a partir destas decisões, garantir a unidade do conjunto e a exequibilidade das construções, ponderando as questões individuais de cada aldeia e de cada construção, e a necessidade de padronização das construções para viabilizar o canteiro de obras. 

As construções têm um papel fundamental na estruturação das atividades das aldeias, a localização dos equipamentos foi escolhida em lugares estratégicos, essas construções deverão auxiliar as atividades coletivas das comunidades. Não se trata de um projeto urbano único, mas de uma série de equipamentos de caráter urbano que organizam a infraestrutura básica e a paisagem de cada uma das aldeias em que o conjunto se insere.

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Casa de cultura na aldeia Tekoa Mirim. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta
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Casa de bardo na aldeia de Guyrapaju. Image Cortesia de Grupo ][ Fresta

O conjunto arquitetônico, projetado para 12 aldeias diferentes, são de uso comum de apropriação da população residente, guaranis e Tupis. Estes programas podem ser organizados em três categorias: Os de caráter cultural, voltados à atividades culturais e de geração de renda ligadas ao turismo como Casas de Cultura e Centros Comunitários; os de caráter comunitário, que são construções que dão apoio às moradias, como as cozinhas comunitárias, alojamentos e módulos sanitários coletivos; os de caráter de infraestrutura da aldeia voltados à organização das atividades cotidianas e produtivas, como as casas de barco, almoxarifados e galpões agrícolas.

Texto fornecido pelo Grupo ][ Fresta.

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Grupo ][ Fresta projeta infraestruturas e equipamentos comunitários para 12 aldeias guaranis e tupis de São Paulo" 09 Abr 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/978635/grupo-fresta-projeta-infraestruturas-e-equipamentos-comunitarios-para-12-aldeias-guaranis-e-tupis-de-sao-paulo> ISSN 0719-8906

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