Permeabilidade visual, ventilação e forte apelo identitário, os elementos vazados têm cada vez mais encontrado seu lugar na arquitetura contemporânea. Seja em grandes edifícios ou em pequenas residências, aparecem de diversas formas, materiais e composições, ajudando a determinar o grau de interação entre o espaço interior e exterior. Esse artifício em uma construção residencial é uma ferramenta importante para garantir privacidade e intimidade, sem perder a possibilidade de conexões com o exterior e ventilação natural.
Conhecidos como cobogós, muxarabis, celosias e muitos outros nomes e variações, os elementos vazados têm ganhado destaque na arquitetura contemporânea, principalmente em lugares tropicais e quentes, ao mesmo tempo que também têm aparecido em novas e distintas variações em fachadas, coberturas e detalhes em diversos tipos de materiais e formatos. Na arquitetura residencial os elementos vazados têm criado ambientes singulares que integram luz, sombra e ventilação natural com a necessidade de privacidade e permeabilidade visual.
Uma das formas mais tradicionais de se usar estes elementos está na combinação de peças vazadas, conhecidas como cobogós, para formar uma parede de vedação. Essa peça pode ser de cerâmica como na Casa Cubo de Ruby do Srijit Srinivas - ARCHITECTS, na Casa Alegre de RAWI Arquitetura + Design e os Apartamentos Bugambilias do Taller Mexicano de Arquitectura, ou ainda pode ser de cimento, como no caso da Casa Breeze Blocks por Tamara Wibowo Architects, Casa Gabriela do TACO taller de arquitectura contextual ou da Casa-ateliê da Vila Charlote por grupoDEArquitetura, que acrescentou cores aos blocos de concreto vazados.
Uma outra forma também tradicional de incluir elementos vazados é a reprodução dos muxarabis em uma leitura mais modernizada, como é o caso da Casa Um por Fábrica Móvil, Casa 00 por andreaponsarquitectura ou da Casa Iguana da OBRA BLANCA. Nas duas primeiras o grande painel de muxarabi é feito em cerâmica, enquanto que na última é feito de cimento. Em todos os casos, aparecem em escala ampliada se comparada aos tradicionais e antigos muxarabis que vedavam as janelas e portas da arquitetura árabe. Ao mesmo tempo, também é possível reproduzir essa prática tradicional de maneira mais contemporânea, como é o caso da Casa Teviot do Casa100 Arquitetura.
Para além das releituras e adaptações de cobogós e muxarabis, conseguir a permeabilidade visual também tem sido possível a partir da combinação de outros elementos construtivos. Em alguns casos, cria-se um elemento para esse tipo de sombreamento e permeabilidade, como na Casa Awrawikara de andramatin, em que o brise é um elemento de madeira e vazado.
Em outros casos, aproveita-se o elemento construtivo sem passar por grandes transformações, alterando a forma de fixá-lo. Exemplos disso são a Casa Smith-Clementi por Rios Clementi Hale Studios e a Casa Pilará de Besonias Almeida Arquitectos, nas quais se usa tábuas de madeira para fazer uma composição vazada na fachada. Já na Casa Elora do Atelier Bertiga e no Edifício Arghavans de Alidoost & partners o mesmo acontece a partir da alteração da forma de fixação do tijolo comum maciço.
O elemento vazado é marcante nas fachadas e portanto serve como importante ferramenta de identidade dos projetos, como é o caso da Residência VY ANH de Khuon Studio, que combina elementos vazados metálicos com vegetação, ou do Edifício Residencial Chapireh do Bio-Design Architects, que constrói um padrão de fachada a partir de tijolos cerâmicos, ou ainda da Torre Forma Itaim por b720 Fermín Vázquez Arquitectos, que usa elementos vazados e cores para compor sua fachada.
Por fim, a arquitetura têm explorado as vantagens do elemento vazado também em usos pouco convencionais, como no projeto da Ampliação Ivanhoe de Modscape, em que as madeiras postas lado a lado na fachada servem mais para a permeabilidade visual do que para a ventilação, ou ainda na Casa Viewing Back de HYLA Architects que usa o padrão de elementos vazados na pérgola do teto, reproduzindo o jogo de luz e sombra dentro do ambiente.