No dia 31 de março, comemora-se no Brasil o Dia da Saúde e da Nutrição, fatores que ganham cada vez mais notoriedade na sociedade em que vivemos. Após mais de dois anos vivendo os altos e baixos da pandemia de Covid-19 e nos deparando com a necessidade evidente de uma realidade mais saudável, ativa e comunitária, é importante refletirmos como a arquitetura e o urbanismo podem se tornar ferramentas de acesso a cotidianos mais saudáveis.
Hipócrates já dizia no século V a.c. que a saúde de uma população está diretamente relacionada tanto ao ambiente físico que ela habita quanto aos seus hábitos cotidianos. Nos últimos séculos moldamos e transformamos a paisagem a partir daquilo que se impunha na nossa organização social, de modo que hoje, em pleno século XXI d.c, a vida nas grandes cidades tem se mostrado cada dia menos saudável com toda sua poluição química, visual e sonora, somado ao distanciamento dos meios naturais e de violências sociais estruturais.
A arquitetura e o urbanismo têm como parte do trabalho moldar a paisagem a partir das demandas da sociedade moderna, dando conta também das necessidades do ser humano. Além disso, hoje enfrentamos também o desafio de pensar em cidades e edifícios que consigam pautar a saúde de forma mais ampla, considerando desde as condições mínimas de sobrevivência física, mas também a saúde mental e o meio ambiente. A relação entre salubridade e a nossa profissão é inerente e expressa em várias escalas:
Na escala da cidade
Primeiramente é importante ressaltar que a pandemia evidenciou uma questão básica, já antiga nas nossas cidades: não há condições de salubridade ao residir sem infraestrutura e saneamento básico. O déficit populacional das grandes cidades, somados aos assentamentos periféricos que têm difícil acesso às estruturas formais da cidade, como tratamento de água e esgoto, coleta de resíduos, transporte público e serviços como escolas e hospitais, tornam quase impossível para as populações vulneráveis viver com mais saúde. Não é possível, portanto, falar de ambientes saudáveis sem ter acesso ao mínimo.
Tendo isso em vista, as atuações na escala da cidade variam desde propostas de reurbanização, passando por instalações pontuais em espaços públicos existentes, chegando até a propostas de agricultura e fazendas urbanas, procurando oferecer oportunidade para os cidadãos terem acesso a programas esportivos, culturais, de lazer e até alimentação de qualidade,buscando sempre o convívio e a criação de comunidades. É importante ressaltar, porém, que apesar desses projetos serem idealizados e projetados por arquitetos e urbanistas, a responsabilidade e o compromisso em propô-los é do poder público em suas diversas escalas, municipal, estadual e federal.
Reurbanização de áreas necessitadas
Reurbanização do Sapé / Base Urbana + Pessoa Arquitetos
Urbanização do Jardim Vicentina / Vigliecca & Associados
Infraestruturas de lazer e cultura em áreas periféricas
Praça da Árvore / Lazo Arquitetura e Urbanismo
Parque da Música / Costa Fierros Arquitectos
Espaços públicos coletivos de diferentes escalas
Intervenção TransBorda / Estúdio Chão
Infraestrutura que aproxima da natureza
Praça Urdanibia / SCOB | ArchDaily Brasil
Reurbanização da orla do lago Paprocany / RS+
Oferecimento de equipamentos de cultura, esportes e lazer
Instalações esportivas em Sant Francesc Xavier / MCEA | Arquitectura | ArchDaily Brasil
Espaço Comunitário do Refeitório San Martín / Proyecto Fitekantropus
Projetos de Agricultura Urbana
Transformação de Estacionamentos em Fazendas Urbanas
Na escala do edifício
Se na escala da cidade as iniciativas são variadas em tamanho e podem seguir diversas diretrizes, voltadas para soluções que visam o bem estar e a saúde coletiva, nos edifícios as opções podem variar, principalmente, entre técnica, tecnologia e programa, voltadas para melhorar a rotina daqueles que ali frequentam ou residem. Ainda assim é possível criar edifícios que não só beneficiem seus usuários diretos, mas também seu entorno.
Priorizar ventilação e iluminação natural
Casa na Árvore / ROOM+ Design & Build
Edifício Good Cycle / Nori Architects + Asanuma Corporation
Espaços de trabalho com mais contato com a natureza
Sede do Médicos Sem Fronteiras em Barcelona / Batlleiroig
Edifícios que impactam também em seu entorno
Paris inaugura a maior fazenda urbana da Europa construída sobre uma cobertura