Nos últimos dois anos, o metaverso vem ganhando destaque, levando os arquitetos a considerar suas implicações para nossa relação com o ambiente físico e como a arquitetura pode contribuir para este novo espaço virtual. A arquitetura no metaverso não é mais um assunto marginal, tendo sido abraçada por escritórios consolidados. "O metaverso é onde grande parte da ação e inovação arquitetônica acontecerá no futuro", diz Patrick Schumacher. Sem restrições físicas, propriedades materiais e custos de construção, o metaverso desbloqueou um novo reino de expressão arquitetônica. A seguir, apresentamos algumas das várias maneiras pelas quais a profissão se envolve com o campo em expansão dos ambientes digitais.
Ao contrário da arquitetura de papel do século XX, a arquitetura do metaverso serve a propósitos comerciais, continuando a ser sustentada por uma relação cliente-arquiteto. Por mais estranho que pareça, grandes somas de dinheiro estão sendo investidas em terrenos digitais. Projetado para se tornar uma indústria de trilhões de dólares, muitos estão correndo para se tornar parte dela, e o projeto de seus ambientes virtuais passa a ser o foco central, como mostram as novas oportunidades de negócios, como a Decentraland Architects. O recém-criado estúdio de design e arquitetura 3d ajuda os usuários do mundo virtual Decentraland a desenvolver sua propriedade no metaverso.
Neste mercado imobiliário virtual, arquitetos e designers 3d parecem estar em pé de igualdade, mas nem todos concordam: "O metaverso está sendo rapidamente construído enquanto conversamos. Mas quem o está projetando? Quem deve projetá-lo? Minha tese é que o projeto do metaverso se enquadra no âmbito da disciplina de arquitetura e das disciplinas mais amplas de projeto", argumenta Schumacher em uma entrevista recente. Embora, em teoria, o metaverso deva ser um campo de jogo nivelado onde qualquer pessoa possa criar seu próprio universo, na realidade, as empresas estão procurando trazer usuários e investir dinheiro e conhecimento para alcançar isso. Portanto, elas começaram a comissionar escritórios de arquitetura estabelecidos para realizar projetos no metaverso, de forma que o simples emparelhamento de grandes nomes vem ganhando interesse imediato na iniciativa.
Museus virtuais
Os museus e galerias de arte digital existem há vários anos com visitas virtuais a instituições importantes, mas a tendência só foi exacerbada pela pandemia e pela crescente popularidade das NFTs. A casa de leilões Sotheby's criou uma réplica digital de sua sede em Londres na Decentraland, que funciona como uma galeria de arte virtual. Os arquitetos também aderiram a esta nova forma de exposição de arte. Para a Art Basel Miami, Zaha Hadid Architects criou uma galeria de arte virtual intitulada NFTismo, explorando a arquitetura e a interação social no metaverso. Baseada nas tecnologias MMO (massively multiplayer online game), a galeria virtual apresentava projetos criados pela ZHA que se concentravam na experiência do usuário.
Ambientes de trabalho
As salas de reunião virtuais se tornaram onipresentes desde o início da pandemia, mas as possibilidades de novos espaços de trabalho virtuais atraíram não apenas empresas de software, mas também escritórios de arquitetura consolidados. No ano passado, a UNStudio e o Bjarke Ingels Group fizeram uma parceria com a Squint/Opera para desenvolver o SpaceForm, uma plataforma virtual baseada na nuvem que facilita os processos de projeto, revisão e colaboração para arquitetos e desenvolvedores. O protótipo, que simulou ambientes 3D com o escopo de melhorar a comunicação remota, foi desenvolvido em 2018 e foi posteriormente aprimorado com base no feedback de arquitetos e projetistas. Bjarke Ingels sintetizou as capacidades do mais recente protótipo do SpaceForm como "um ambiente criativo e colaborativo de realidade aumentada do futuro que permitirá uma confluência instantânea de realidades reais e imaginárias — o presente e o futuro fundindo-se em nosso senso aumentado de realidade".
Projetos comerciais no metaverso
Arquitetos estão sendo contratados para projetar planos diretores e espaços arquitetônicos no metaverso, dando origem a toda uma nova área de especialização dentro da profissão. Grimshaw foi contratado para projetar um projeto para a próxima plataforma pax.world. A plataforma oferece aos usuários que compram um terreno no metaverso a possibilidade de criar seu próprio subverso e usá-lo como uma sede virtual, espaço educacional ou local de entretenimento. Grimshaw deve projetar os primeiros quatro locais de encontro para o pax.world, apelidado de "metaserai", dos caravanserai ao longo das antigas rotas comerciais.
Zaha Hadid Architects projetou recentemente uma micronação libertária" virtual no metaverso intitulada The Liberland Metaverse, apresentando distritos hiper-realistas. O escritório utilizou seu conhecimento e experiência em design espacial, orientação e enquadramento de ambientes sociais para configurar o desenvolvimento virtual. Como as empresas também são obrigadas a ter espaço físico, o escritório acredita fortemente na sinergia entre o ambiente virtual e o físico e, consequentemente, são os arquitetos que devem estar projetando estes espaços e não os designers gráficos.
O metaverso continua a ser muito debatido, pois alguns o consideram o futuro da arquitetura e outros um fenômeno especulativo onde a maioria das interações são monetizadas. Se o metaverso revela um novo fluxo de receita para arquitetos ou uma mudança de paradigma dentro da profissão ainda não se sabe.
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