À medida que a crise climática continua a se apresentar como uma ameaça significativa ao futuro do ecossistema e do ambiente construído, o relatório do IPCC deste ano, intitulado Mudanças climáticas 2022: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, descobriu que, embora os esforços de adaptação estejam sendo observados em todos os setores, o progresso que está sendo implementado até agora é muito desigual, pois há lacunas entre as ações realizadas e o que é necessário. No Dia da Terra deste ano, celebrado este mês de abril, exploramos o progresso feito por governos e arquitetos para alcançar operações neutras em carbono nas próximas décadas.
Governos e ONGs de todo o mundo têm pressionado por agendas verdes, garantindo que, nas próximas duas décadas, seus países tenham alcançado condições de vida sustentáveis universais e completas. A partir de 2020, 28 grandes cidades, incluindo Nova York e Washington, DC, nos EUA, Medellín na Colômbia e Cidade do Cabo e Joanesburgo na África do Sul, se comprometeram a alcançar operações de construção neutras em carbono até 2050. Com isso, a sustentabilidade tornou-se um ponto focal no mundo da arquitetura e do design, inspirando arquitetos a repensar como eles constroem hoje. De casas neutras em carbono no Reino Unido à introdução de novos modelos de habitação integrada na Califórnia, vários arquitetos já exploraram diferentes estratégias para seguir os ideais de sustentabilidade de 2030 e 2050.
Experimentações com novos materiais de construção também ganharam atenção. Como forma de combater a diminuição maciça de insetos causada pelas mudanças climáticas, a empresa inglesa Green&Blue está trabalhando em "Bee Bricks", blocos perfurados que substituem os tijolos normais na fachada dos edifícios para fornecer um elegante local de nidificação para várias espécies de abelhas solitárias. A empresa sueca Wood Tube lançou um novo produto inovador: montantes leves feitos de celulose à base de madeira, que são econômicos, fáceis de trabalhar e contribuem para um processo de construção mais sustentável.
Apesar das muitas soluções comprovadas de baixo custo e impacto no meio ambiente apresentadas pelas construções neutras em carbono nos últimos anos, a indústria parece estar lidando com o futuro do ambiente construído de maneira inconsistente e lenta. De acordo com o Relatório de Futuros Sustentáveis de 2022 da NBS, que visa fornecer informações sobre sustentabilidade no setor de construção em 2022, mais da metade dos arquitetos do Reino Unido não trabalhou em projetos neutros em carbono em 2021, com apenas 4% relatando que trabalharam exclusivamente em projetos desse gênero. Quando perguntados quais são as razões por trás da escassez desses projetos, a maioria dos arquitetos explicou que é de fato uma falta de demanda do cliente, enquanto outros explicaram que os materiais recomendados estavam fora de alcance e quase impossíveis de serem adquiridos localmente, ou notavelmente caros em comparação com os materiais e técnicas de construção tradicionais.
Outra razão por trás do lento progresso das metas de sustentabilidade pode ser a pandemia. Embora as emissões de carbono tenham sido significativamente reduzidas durante a pandemia, pois os projetos foram interrompidos ou adiados, eles retornaram rapidamente aos números pré-pandemia e, em alguns casos, os excederam para compensar os atrasos inesperados. A falta de políticas e regulamentos governamentais também foram importantes contribuintes para os atrasos. 37% dos participantes da pesquisa da NBS creditaram o governo como o culpado do progresso lento, destacando como a aplicação de padrões mais altos e códigos de construção rigorosos pode ser o caminho mais rápido para atingir as metas de sustentabilidade.